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Esquema de garimpo ilegal nas terras Yanomami envolve empresas milionárias de São Paulo

Empresas com sedes em bairros nobres de São Paulo podem estar envolvidas

As Terras Indígenas (TI’s) do povo Yanomami vem sofrendo com o garimpo ilegal, com garimpeiros atrás de Ouro, porém os maiores beneficiarios dessa situação são empresas de faturamento milionário, com sedes em bairros nobres de são Paulo. 

As empresas são suspeitas não apenas de terem contribuido com o mercado clandestino comprando ouro de garimpeiros, mas de serem as responsáveis por um esquema ilegal que teria legalizado mais de 4 toneladas de ouro ilegal de diversas Terras Indígenas (TI’s), segundo o Ministério Público Federal.

Garimpeiros buscam ouro no rio Uraricouera, na TI Yanomami; atividade ilegal no local explodiu no governo de Jair Bolsonaro (Foto: Bruno Kelly/Amazônia Real)

As empresas mediadoras e distribuidoras Ourominas, FD’Gold e Carol são três das que aparecem em investigações sobre garimpo na TI. As empresas são conhecidas como Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários (DTVMs), por serem empresas do sistema financeiro autorizadas a comprar o metal no Brasil. 

Essas três distribuidoras enfrentam ao todo sete ações na justiça federal, segundo a Reportér Brasil, por crimes ambientais ou de lavagem de dinheiro através do garimpo ilegal na amazônia, além de um pedido do MPF de R$ 10 bilhões de indenização por destruições de parte da floresta, porém nenhum dos processos relacionados às empresas foi julgado, permitindo que elas continuem em operação. 

Segundo a investigação, a empresa mais citada em depoimentos e notas fiscais durante um inquérito da polícia realizado em 2021 é a Ourominas, que teve um de seus sócios, Aquiles Pereira Salerno Junior, acusado de ocultar provas que seriam úteis à investigação, pelo MPF-RR, em 2017.


As empresas FD’Gold e Carol não foram mencionadas nas investigações Yanomami, porém respondem a processos judiciais no Pará, por danos ambientais e lavar  1,4 tonelada e 1,9 tonelada de ouro respectivamente.

Recentemente, o presidente da FD’Gold, Dirceu Frederico Sobrinho, virou noticia ao ser preso durante a operação Aerogold, da Polícia Federal, por suspeita de estar envolvido na lavagem de ouro ilegal adquirido de balsas clandestinas que atuam nos rios do Amazonas.

Dirceu Sobrinho (segundo à esquerda) em reunião com o então vice-presidente Hamilton Mourão, em janeiro de 2021 (Foto: Romério Cunha/VPR)

ATUALIZAÇÃO

Em contato com o BT, a empresa Ouro Minas enviou nota oficial. Leia na íntegra a seguir:

“A OM DTVM não compactua com o garimpo ilegal e com a violação ao meio ambiente, sejam na Amazônia ou em qualquer local do Brasil.

A empresa segue rigorosos critérios de prevenção estabelecidos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é autorizada pelo Banco Central (BACEN 27930), credenciada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), associada na Associação Brasileira de Câmbio (ABRACAM) e certificada na Americas Gold Manufacturers Association (AMAGOLD), na ABS Quality Evaluations (ABS QE) com os selos ISO 45001, ISO 9001 e ISO 14001, na Amiga da Floresta com o selo Plante Árvore, no Instituto Brasileiro de Florestas (IBF) e no Great Place to Work (GPTW). A OM possui parte de seus colaboradores e parceiros certificados na ABRACAM: ABT- 1, ABT-2 e na ANBIMA: CPA-10 e CPA-20;

Além disso, é imprescindível ressaltar que a OM DTVM trabalha com o ouro ativo financeiro e negocia uma pequena parte do ouro produzido no Brasil, este, que é extremamente fiscalizado pelo Banco Central do Brasil e CVM, recolhendo o IOF na sua aquisição.

É o que tínhamos a esclarecer no momento.”

Com informações da Amazônia Real*