Os ex-comandantes do Exército, general Marco Antonio Freire Gomes, e da Aeronáutica, Carlos Almeida Baptista Júnior, confirmaram em depoimento à Polícia Federal que o ex-presidente Jair Bolsonaro pressionou por um golpe de Estado para se manter no poder. As informações foram divulgadas pela CNN Brasil, que teve acesso aos depoimentos.
Em reuniões realizadas em dezembro de 2022, poucos dias antes da posse de Luiz Inácio Lula da Silva, Bolsonaro teria apresentado uma “hipótese de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e outros instrumentos jurídicos como estado de defesa ou estado de sítio” para permanecer no poder.
Os ex-comandantes também implicaram diretamente o ex-ministro da Defesa de Bolsonaro, general Paulo Sérgio Nogueira, e o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, na elaboração de um plano golpista.
Segundo as investigações, Nogueira foi apontado como articulador da minuta golpista, enquanto Torres era uma espécie de “tradutor jurídico” para os três comandantes.
Freire Gomes e Baptista Júnior afirmaram que rejeitaram em várias ocasiões a proposta de golpe, enquanto o então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, teria colocado a tropa à disposição de Bolsonaro.
Baptista Júnior ainda relatou que Freire Gomes comunicou que prenderia Bolsonaro caso ele tentasse colocar em prática um golpe de Estado.
A defesa de Bolsonaro informou que ainda não teve acesso aos depoimentos e, por isso, não comentará o caso. Os demais citados ainda não se pronunciaram até a última atualização desta mtéria.
REUNIÕES
Em depoimento, os ex-comandantes relataram que, em 7 de dezembro de 2022, foram chamados pelo então ministro da defesa, Paulo Sérgio Nogueira, à biblioteca do Palácio da Alvorada, para realizar reuniões com Bolsonaro. Lá, o ex-assessor de Bolsonaro, Filipe Martins, apresentou um documento que embasaria juridicamente o que, na prática, seria um golpe de Estado.
Os dois ex-comandantes afirmam também terem participado de uma reunião no Ministério da Defesa no dia 14 de dezembro de 2022 com o general Paulo Sérgio Nogueira, que apresentou uma nova versão do documento. Segundo os depoimentos, a minuta golpista passou por ajustes.
À PF, os ex-chefes do Exército e da Aeronáutica disseram ter sido contundentes ao avisar, naquele dezembro de 2022, que não compactuariam com nenhuma ruptura institucional.
*Feito com informações de O Globo e CNN Brasil.