“Todos estão muito abalados e tristes. A família é humilde, são pessoas trabalhadoras. Jamais esperavam que tudo isso acontecesse”, disse ao BT Faulz Sauaia Júnior, advogado de defesa do motorista que conduzia o veículo envolvido no acidente que vitimou dois policiais civis no início desta semana.
Agildo Soares de Sousa é motorista de aplicativo e conduzia um Volskswagen Voyage prata, na tarde de segunda, 26, ao tentar realizar uma conversão proibida utilizando a pista expressa do BRT. Ele foi preso pela polícia na quarta-feira, 38, na cidade de Irituia, no Pará.
O investigador de PC, Homero Gois e Silva de Souza e a escrivã Rejane Maria Oliveira da Silva, lotados na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher do distrito de Icoaraci, morreram no acidente. As outras duas pessoas que estavam dentro da viatura, um investigador e um custodiado, que estava sendo encaminhado para exames periciais, ficaram feridas e permanecem hospitalizadas.
Segundo o delegado-geral da PC, Walter Resende, Agildo responderá pelos crimes de duplo homicídio doloso, com dolo eventual, lesão corporal grave e omissão de socorro, uma vez que ele fugiu sem prestar socorro.
“Imediatamente após o ocorrido nós montamos uma força-tarefa para investigar o caso. No dia seguinte nós localizamos o veículo envolvido e constatamos que o condutor havia se evadido da Região Metropolitana de Belém. A partir do trabalho investigativo, conseguimos localizar o endereço onde ele estava e o conduzimos para Belém, onde o mesmo será autuado em flagrante, uma vez que as buscas se deram de forma ininterrupta”, explicou o delegado-geral.
Para Faulz, a prisão de Sousa é desnecessária, em função de que o motorista não possui antecedentes criminais. “Ele errou, não há dúvidas. Mas ele é pai de família, tem dois filhos, todos estão arrasados. Ele têm residência fixa e não possui antecedentes criminais. Por isso, a prisão, em flagrante, é um exagero por parte da polícia, porque se passaram mais de 48 horas do fato. Ele (fugiu) teve medo de ser agredido. Além disso, não há o que se falar em dolo eventual, porque ele não teve, de maneira alguma, a intenção de matar as vítimas ou causar o acidente”, explicou.
Nesta quinta-feira, 29, haverá a audiência de custódia, às 14h. A defesa trabalha para que Agildo responda o processo em liberdade. “Estamos trabalhando agora para conseguir reverter a prisão para que ele responda em liberdade. Estamos lendo os autos do processo. A perícia nos veículos deve sair em 30 dias. Com a perícia poderemos trabalhar mais nos argumentos de defesa e provas”, afirma o advogado.
O BT entrou em contato com a Polícia Civil sobre o caso, em nota, a PC disse que Agildo foi preso em flagrante devido as buscas que se deram de forma ininterrupta desde a ocorrência do fato. E finalizou dizendo que “perícias foram solicitadas para investigar maiores detalhes do caso”, informou.
O BT solicitou um posicionamento para a Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob) sobre o caso. Em nota, a Semob disse que a avenida Augusto Montenegro é fiscalizada por radar e ainda por rondas de nossas equipes de fiscalização viária.
CONFIRA A NOTA COMPLETA:
“As autuações só ocorrem mediante flagrante do agente da autoridade de trânsito, onde as notificações são realizadas. A Semob informa que a velocidade máxima permitida na pista do BRT é a mesma da praticada na via, que é de 60 km. A autarquia orienta o condutor a seguir as regras previstas no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), legislação que regula a conduta segura no trânsito e aprendida nos centros de formação de condutores. Seguindo as regras, o condutor evita infrações, multas e sinistros”.
