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“Fazer cultura na Amazônia é dar sentido ao futuro ancestral”, defende produtor audiovisual JP Aranha

Neste 5 de setembro celebramos o Dia da Amazônia, uma data dedicada a refletir sobre a importância deste vasto bioma e seu papel crucial para a humanidade. No entanto, essa reflexão vai além das questões ambientais. É também o momento de valorizar as pessoas e as diversas realidades que formam as várias “Amazônias” existentes.

Em meio à riqueza cultural da Amazônia, o produtor João Pedro Aranha, sócio-proprietário da Cabron Studios, destaca que “fazer cultura na Amazônia é dar sentido ao futuro ancestral”. Em entrevista ao BT Mais, ele falou sobre os desafios enfrentados por quem escolhe o audiovisual como forma de expressão no Pará.

Imagem: Divulgação

A falta de fomento institucional, somada às barreiras logísticas da região, não impede que Aranha e outros produtores locais encontrem soluções criativas para continuar desenvolvendo projetos que refletem a singularidade amazônica. “Somos um povo muito criativo, capazes de resolver as dificuldades que a nossa realidade nos impõe, sempre fazendo muito com pouco,” afirma o produtor.

No entanto, Aranha ressalta a necessidade de um mercado cultural mais estruturado, onde agentes públicos e privados trabalhem juntos de forma sustentável para que o setor audiovisual possa florescer. “Nossa maior dificuldade está na falta de um mercado cultural propriamente estruturado, com múltiplos agentes, parcerias público-privadas sustentáveis e recorrentes,” ele observa.

Amazônia
Imagem: Divulgação

Apesar dos desafios, o produtor reconhece que há sinais de mudança. “Existe um movimento de retomada dos setores culturais nos anos mais recentes, com investimentos mais expressivos no setor audiovisual.” A criação de leis de incentivo e o fortalecimento de políticas culturais têm contribuído para ampliar as oportunidades de profissionalização na área. O impacto dessas iniciativas já pode ser visto em produções que ganham destaque dentro e fora da região.

Reconhecimento Nacional

A produção audiovisual do norte do Brasil começa a ganhar espaço e reconhecimento em todo o país. João Pedro Aranha cita exemplos como o documentário “Mestras”, dirigido pelas paraenses Aíla e Roberta Carvalho, que brilhou no Festival de Cinema de Gramado, e o longa “Pasárgada”, dirigido por Dira Paes, que também conquistou grande destaque. Além disso, talentos como Jonas Amador e Ryan Monotoshi vêm se consolidando no cenário nacional e internacional, elevando a visibilidade do Pará como um polo criativo no setor audiovisual.

Inspirações Locais

Ele ainda compartilhou que suas maiores inspirações vêm de profissionais que enfrentam as mesmas adversidades que ele. “Quem me inspira mesmo é quem está do meu lado, vivendo a mesma realidade e conseguindo conquistar espaços nas adversidades.” Ele menciona nomes de destaque da cena audiovisual paraense, como Mariana Almeida, Jorane Castro e Adrianna Oliveira, reforçando o poder da coletividade para a construção de um mercado cultural forte e autêntico na região.