///

Fumaça que cobriu Manaus não é do Pará, mostra estudo

Um estudo feito por dois pesquisadores do Amazonas mostra que os focos de queimadas no próprio estado, mais precisamente ao sul, na área de influência da BR-319, são responsáveis pela fumaça que cobre Manaus.

Os pesquisadores Lucas Ferrante, doutor em Biologia (Ecologia) e pesquisador da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e Philip Fearnside, biólogo norte-americano ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 2007, analisaram dados de diversas fontes, como PurpleAir, Meteored, Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e do próprio INPE, que mostram que a fumaça é originada de focos de queimadas ao sul de Manaus. 

O estudo já foi submetido à revista científica e uma nota técnica baseada no levantamento já foi enviada ao Ministério Público do Amazonas (MPAM).

No estudo, também foram utilizados dados como fluxo dos ventos e chuvas, para interpretar essas oscilações e os movimentos dessa fumaça, além de sensores do tipo do PurpleAir. A vantagem é que muitos desses sensores da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) são distribuídos em Manaus. Há também um desses sensores na cidade de Santarém (PA), além de dados do Observatório da Torre Alta da Amazônia (Atto). Trata-se de uma uma torre de mais de 300 metros com sensores desenvolvida pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) em parceria com a Alemanha.

Cruzando essas informações foi possível identificar a fonte da fumaça, no caso, uma velha conhecida pelos impactos ambientais: a BR-319. “Com base nos dados de focos agregados em torno de Manaus, nós vemos uma concentração muito grande de focos de queimadas em Careiro e Autazes, ou seja, no norte da rodovia BR 319”, revela Ferrante.

Vale ressaltar que sim, há focos de queimadas e fumaça em Belém, mas não foram eles os responsáveis pela péssima qualidade do ar de Manaus nos últimos meses. “Quando nós comparamos os índices de qualidade do ar também de partícula de concentração de partículas ppm 2,5, verificamos, por exemplo, que Santarém, no Pará, teve um índice muito menor do que Manaus e a Atto também que recebe os ventos vindos do leste, ou seja, do Pará, também registraram menores índices de queima de de que a cidade de Manaus”, avalia o pesquisador.

Ou seja, definitivamente a fumaça não tem origem no Pará. “Esses medidores apontam que, de fato, os medidores ao sul da cidade de Manaus ou seja, muito mais próximo à concentração de focos de incêndio, registraram maiores índices. De forma que não se pode atribuir a esse pico de fumaça de Manaus ao Estado do Pará, e sim aos focos na região da rodovia BR 319, né, nos municípios de Careiro e Autazes”, conclui Lucas.

*com informações de cartaamazonia.com.br