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Ianomâmis recorrem ao STF contra falta de ação do governo diante da destruição de garimpeiros

A articulação dos Povos indígenas do Brasil (PIB) ingressou nesta quinta-feira, 5, com uma petição em que comunica ao Supremo Tribunal Federal (STF) o descumprimento da União das medidas ordenadas pelo colegiado da Corte há um ano para que fossem tomadas todas as iniciativas para proteção da vida, segurança e saúde dos ianomâmis, bem como a contenção e o isolamento dos garimpeiros em Roraima. A Apib pede agora a retirada imediata dos invasores das Terras Indígenas Yanomami e Munduruku. 

De acordo com O Globo, o documento de 33 páginas também destaca que, além de ignorar a decisão dos ministros do STF de maio do ano passado, o governo federal também desrespeitou medidas cautelares da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) de proteção aos ianomâmis, de 2020.

Curso de rios secaram após ação de garimpos em terras indígenas. Imagem: Bruno Kelly/ HAY

Ao menos 12 ataques de invasores a comunidades ianomâmis ocorreram desde a decisão do Supremo, pontua o documento, que solicita urgência na retomada de operações de combate ao garimpo ilegal, especialmente nas regiões dos rios Uraricoera, Homoxi, Xitei, Parima, Apiaú, Rio Mucajaí e Couto Magalhães. Pede ainda a destruição completa dos equipamentos e aeronaves utilizadas para a operação do garimpo ilegal, bem como o estrangulamento logístico que abastece essas atividades, por meio dos acessos fluviais nos rios Mucajaí, Uraricoera, Apiaú e Catrimani.

A petição também solicita a elaboração e apresentação em Juízo no prazo máximo de 30 dias sob pena de multa diária de um plano para destruir as pistas de pouso utilizadas exclusivamente pelo garimpo ilegal; a reocupação das pistas de pouso e dos postos de saúde que estão sob controle do garimpeiros, como é o caso de Homoxi, Kayanau e Parafuri.

A Apib exige “a adoção imediata de todas as medidas necessárias à proteção da vida, da saúde e da segurança das populações indígenas que habitam as TIs Yanomami e Munduruku, diante da ameaça de ataques violentos e da presença de invasores, devendo destacar todo o efetivo necessário a tal fim e permanecer no local enquanto presente tal risco”.

O território ianomâmi é composto por 321 aldeias, incluindo povos recentemente contatados e alguns em isolamento voluntário. Exaltada por sua importância em termos de proteção da biodiversidade amazônica, a Terra Yanomami possui 96, 6 mil km² de área.