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Incêndios em veículos elétricos são mais difíceis de controlar e legislação não protege usuários

Os incêndios em veículos automotores sempre representaram desafios significativos para os bombeiros, mas a crescente popularidade dos carros elétricos trouxe novas complicações.

Os produtos químicos altamente combustíveis presentes nas baterias de íons de lítio utilizadas para alimentar esses veículos estão apresentando desafios para as equipes de combate a incêndios.

Pelo desconhecimento e falta de legislação, a indústria automobilística mundial, de veículos leves e pesados, como o ônibus, ainda está aprendendo sobre os impactos dessa nova tecnologia e os riscos de incêndio podem crescer proporcionalmente à ampliação da frota. É preciso definir quais medidas os operadores de transporte podem e devem tomar para garantir a segurança do motorista e dos passageiros.

Incêndios em carros elétricos

Comparáveis aos riscos associados aos tanques de gasolina de motores de combustão interna, as grandes baterias de íons de lítio dos carros elétricos apresentam riscos significativos de incêndio.

No entanto, a ocorrência de “fuga térmica” destaca-se como uma diferença crucial, levando a incêndios e, em alguns casos, explosões. Esta problemática tem impactado não apenas os proprietários de carros elétricos, mas também as operações de transporte marítimo, resultando em danos consideráveis a estacionamentos e recalls generalizados.

Fuga térmica

A “fuga térmica” é um fenômeno em que as baterias dos veículos elétricos entram em um ciclo de superaquecimento e super pressurização, desencadeando incêndios potentes.

Mesmo quando o fogo aparenta estar extinto, a energia remanescente armazenada nas baterias pode causar novas fugas perigosas, conforme alertou Brian O’Connor, técnico engenheiro de serviços da Associação Nacional de Proteção contra Incêndios dos EUA, em entrevista ao site Insider.

Brian O’Connor compartilhou dicas importantes sobre como lidar com incêndios em carros elétricos:

1. Não ligue um EV após uma inundação

O’Connor aconselha a não ligar um veículo elétrico após ter sido inundado, mesmo que aparentemente esteja seco. A água presa na bateria pode causar curtos-circuitos e incêndios, um problema particularmente observado em regiões propensas a inundações, como a Flórida após furacões.

2. Verifique a bateria após um acidente

Mesmo acidentes pequenos podem causar danos à bateria de um veículo elétrico. O’Connor sugere que, após qualquer colisão, por menor que seja, a bateria seja examinada por um profissional para evitar curtos-circuitos e incêndios.

3. Forneça informações detalhadas aos socorristas

Em caso de incêndio na bateria de um veículo elétrico, O’Connor destaca a importância de fornecer informações precisas ao acionar os bombeiros. Indicar claramente que se trata de um veículo elétrico em chamas e compartilhar marca e modelo auxilia os socorristas a responderem de maneira eficaz, considerando as particularidades do veículo.

LEGISLAÇÃO

A Comissão Econômica das Nações Unidas para a Europa (Unece) aprovou, em 2020, o Regulamento 107 para aumentar a segurança dos ônibus tradicionais, que exige que os veículos movidos por motores de combustão tenham equipamento de supressão de incêndios a bordo. No entanto, essa regulamentação somente se aplica a veículos movidos por motores a combustão e isenta os veículos elétricos das mesmas normas.

Os fabricantes de veículos elétricos e de equipamentos e as organizações de usuários finais frequentemente não estão cientes de quão variáveis são os riscos de incêndio com base no tipo de bateria durante a implantação de ônibus elétricos.

À medida que a tecnologia e a adoção de veículos elétricos crescem é necessário criar legislações específicas para gerir a segurança e proteger os usuários, os veículos e as frotas em circulação.