Indígenas da etnia Turiwara denunciaram ao BT que um indígena de nome Agnaldo da Silva foi morto em ação de seguranças da empresa Agropalma em Tailândia na última sexta,10, na região do Vale do Acará, no Pará. Um outro rapaz de nome Jonas, também Turiwara, foi ferido no rosto, na região dos olhos, segundo relataram membros da Associação os Indígenas Turiwara do Alto Acará.
“Um indígena da nossa aldeia morreu numa área aqui, que desde 2010, o Estado retirou da Agropalme por grilagem de terra. Retiraram a documentação deles e o Estado tomou essas terras, só que a terra segue nas mãos da Agropalma. E essa área de terra é a área que eles (Agropalma) expulsaram nossos pais, nossos avós. Temos as nossas aldeias dentro e estamos lutando para retomar essa área. Pela parte da noite nós entramos no território, encontramos com os seguranças da Agropalma e eles nos receberam com bala, gás lacrimogênio. Foi muito feio. Foi muito tiro, muita casca de bala. Avisamos que era associação dos Turiwara, Tuiaçu e Palmares, mas eles não se importaram em parar”, contou um membro Turiwara ao BT.
Os indígenas acusam a Agropalma de invadir suas terras e dizem que estavam caçando à noite e pescando em busca de comida, ao longo do rio Acará, quando foram surpreendidos e atacados pelos seguranças da empresa.
“Eles (seguranças) chegaram atirando, sem se comunicar com a comunidade. O meu filho estava perto, o rapaz (Agnaldo) foi atingido por um tiro debaixo do braço, no lado esquerdo. Ele estava de moto e foi fazer uma curva, foi quando ele recebeu o tiro. Não teve nenhum diálogo, foi um tiro certeiro. A gente ainda tentou ajudar, mas não teve jeito. A gente gritou que era da comunidade dos Indígenas do Alto Acará, dissemos que tinham dois feridos, mas eles (seguranças) se negaram a ajudar e prestar socorro”, detalhou o indígena.
Em relação ao estado de saúde do outro rapaz atingido pelos seguranças, Jonas, está bem e se recuperando. Consegue enxergar, mas há uma mancha vermelha nos olhos por conta do ataque sofrido.
“Ele já foi medicado nos olhos e está melhor, mas está com essa mancha vermelha no olho e sente um pouco de dor”, disse.
O BT solicitou um posicionamento sobre o caso para a Polícia Civil e Polícia Federal e agarda retorno. Também solicitamos posicionamento de Puyr Tembé, Secretária de Estado dos Povos Indígenas do Pará, que respondeu afirmando que o caso está sob investigação da Polícia Federal. Por fim, solicitamos um posicionamento à empresa Agropalma sobre o caso. O espaço está aberto.
Em nota, a empresa disse: “A Agropalma está aguardando a investigação dos fatos pelos órgãos competentes. A empresa se coloca à disposição das autoridades e irá colaborar com a elucidação dos acontecimentos”.
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