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Indígenas reivindicam copresidência na COP30, em 2025: “A resposta somos nós”

No último sábado, 26, durante a COP16, em Cali, na Colômbia, os povos indígenas brasileiros lançaram um manifesto intitulado “A Resposta Somos Nós”. O documento, apresentado por Angela Amanakwa Kaxuyana, líder do Povo Kahyana, propõe uma reivindicação: a copresidência indígena na COP30, que acontecerá em 2025, em Belém. Ao mesmo tempo, os indígenas afirmam veementemente que não permitirão a instalação de projetos de combustíveis fósseis em seus territórios.

A COPRESIDÊNCIA

O manifesto marca uma postura firme e inovadora dos povos indígenas frente às negociações climáticas globais. Reunidos na “Conferência da Biodiversidade” (COP16), representantes de diversas etnias brasileiras enfatizaram que não aceitarão discussões sem participação ativa e consulta de suas lideranças. “Reivindicamos a copresidência da COP para que o acúmulo de nossos conhecimentos e experiências ancestrais possam oferecer ao mundo a oportunidade de um outro futuro”, declararam.

COPRESIDÊNCIA
Imagem: Fernando Morales.

A reivindicação da copresidência, considerada sem precedentes, destaca o papel fundamental que os povos indígenas desejam assumir na condução das discussões ambientais globais, em Belém, no próximo ano. Para a COP30, a presidência será definida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, decisão que deverá ser anunciada após a COP29, no Azerbaijão. O pedido dos indígenas, no entanto, busca garantir que, além da presidência oficial, haja uma copresidência independente, guiada por lideranças indígenas e que respeite as tradições e saberes desses povos.

CONTRA EXPLORAÇÃO DE GÁS E PETRÓLEO

Além de questões políticas, o manifesto expressa uma clara oposição à exploração de petróleo, gás e outras atividades predatórias nos territórios amazônicos. “Não haverá preservação da biodiversidade nem Territórios Indígenas seguros em um planeta em chamas”, enfatizou Angela Kaxuyana. Para os indígenas, as promessas internacionais e os financiamentos climáticos têm sido insuficientes frente à gravidade das crises de biodiversidade e clima.

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), e outras organizações assinaram o manifesto. Os signatários também exigem a retomada das demarcações de Terras Indígenas no Brasil como medida de combate às mudanças climáticas, além de financiamento direto para proteger seus territórios e culturas.

Para os líderes indígenas, esse posicionamento representa não apenas um apelo urgente por reconhecimento e autonomia, mas também um novo modelo de governança global que inclua efetivamente aqueles que vivem e cuidam dos ecossistemas mais ameaçados do planeta, a Amazônia.

*Com informações de ClimaInfo.

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