Influenciadora Karol Eller anunciou ‘cura gay’ um mês antes de morrer; entenda

Alerta de Gatilho: O texto a seguir fala sobre depressão, suicídio e homofobia. Tais assuntos pode ser ser gatilhos para algumas pessoas. Se você se sentir mal com algum do temas, ou esteja enfrentando depressão ou pensamentos suicidas, procure apoio com pessoas próximas, profissionais da saúde e no Centro Voluntário à Vida pelo número 188.

A influenciadora Karol Eller, apoiadora do ex-presidente Jair Bolsonaro, teve morte confirmada nesta última quinta-feira, 12, dia aos 36 anos, em São Paulo. A informação foi divulgada pelas redes sociais do deputado federal Nikolas Ferreira (PL – MG). 

No início de setembro, Karol, que se declarava lésbica, estava em processo de “tratamento” em um retiro cristão, que marcava sua conversão total ao protestantismo, em que estava ‘‘renunciando suas práticas homossexuais’’ e que finalmente havia deixado seus ‘‘vícios ao desejo e à carne’’.  

Vale lembrar que o Conselho Federal de Psicologia proíbe sessões de reversão sexual em indivíduos LGBTQIA+, pois declaram que não é possível curar uma doença que não existe. 

Recentemente em seu Instagram, Karol preocupou os seguidores ao postar o que parecia ser uma ‘carta de despedida’, em que também dizia que tinha ‘‘perdido a guerra’’.

O deputado Nikolas Ferreira, que era seu amigo pessoal, esteve em alerta e tentou entrar em contato para saber se Karol estava bem.   

 “Estou tentando ligar pra Karol Eller mas ela não atende. Alguém que está em SP pode ligar para a polícia e ir ao endereço??”, disse ele ao compartilhar a preocupação em sua conta no X (Twitter). Aproximadamente uma hora depois, o deputado havia confirmado a morte de Karol Eller em seu Instagram, e escreveu: ‘”Escrevo isso praticamente sem forças, mas infelizmente Karol Eller veio a óbito. Que o Senhor conforte a vida de seus familiares” 

A ativista se aproximou de Jair, sua família e apoiadores de direita logo quando ainda morava nos Estados Unidos, quando começou a mostrar a rotina e falar de política. Um ano após o início do governo de Bolsonaro, conseguiu um cargo na Empresa Brasil de Comunicação (EBC), mas acabou exonerada em 2023. Logo depois, começou a trabalhar como assessora do Deputado Estadual Paulo Mansur (PL-SP), que divulgou a nota oficial de sua morte. Outros seguidores de Jair e Nikolas também lamentaram a morte de Karol. 

A INFLUENCIADORA ENFRENTAVA A DEPRESSÃO:

Em uma live feita com o pastor Wellington Rocha, da igreja Assembleia de Deus, no dia 17 de setembro  Karol Eller revelou enfrentar depressão e falou sobre uma carta de suicídio que teria escrito duas semanas antes do “retiro espiritual”, em Minas.

“Eu enviei uma carta para um pastor, que eu tinha escrito, que era a minha carta de despedida. Pra minha mãe entender por que eu tinha me suicidado. E eu avisei também pros meus seguidores. Pra eles entenderem por que que eu tinha me suicidado. E ali eu falava pra eles tudo o que deu errado em mim para que eles não fizessem com os filhos deles”, afirma Karol, acrescentando que “ali eu tentava explicar também pra saber lidar com os filhos homossexuais, para que [os pais] não perdessem os filhos deles.”, afirmou.

É importante destacar que em maio de 1990 a Organização Mundial de Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da lista internacional de doenças. Em setembro de 2018, o  Conselho Federal de Psicologia (CFP) ingressou no Supremo Tribunal Federal (STF), com reclamação constitucional e que não cabe a profissionais da Psicologia no Brasil o oferecimento de qualquer tipo de terapia de reversão sexual, uma vez que a homossexualidade não é considerada patologia.