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Inmet prevê chuvas intensas no Norte do Brasil em maio e faz alerta

Os chocantes temporais que castigam o Rio Grande do Sul e os gaúchos vem sendo acompanhado com preocupação e tristeza por todo o Brasil. Mais de 320 dos 496 municípios do estado foram atingidos por enchentes, deslizamentos e temporais, afetando quase um milhão de pessoas, além de mais de 75 vítimas do desastre ambiental.

Chuvas intensas são previstas para os próximos dias no norte.

ONDE CHOVE NO BRASIL?

Com esse cenário caótico por lá, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevê chuvas intensas em estados do Norte, com alertas de perigo potencial para os próximos 10 dias.

Os estados Amapá, Amazonas, Pará e Roraima poderão receber chuvas intensas, com alerta de “perigo potencial” ao longo dos próximos 10 dias. Esse tipo de aviso meteorológico é o primeiro na escala do Inmet. Os outros são “perigo” e “grande perigo”.

Também estão previstos acumulados maiores que 70 milímetros de chuva em grande parte da região Norte entre os dias 7 e 15 de maio, segundo o Inmet.

PREVISÃO DOS PRÓXIMOS DIAS

A previsão é de muitas nuvens e chuva a qualquer momento no norte do Amazonas, todo o estado de Roraima, Amapá e o norte do Pará, segundo a Climatempo. “Serão temporais. O volume da chuva é bastante elevado e são esperadas rajadas de vento que ultrapassam os 70km/h”, informou um recente comunicado do portal.

No Acre, norte de Rondônia e interior do Pará, entre hoje, 6, e terça, 7, também devem ocorrer pancadas de chuva, mas apenas no fim do dia e de maneira mais isolada, “com moderada a forte intensidade”, ainda segundo a Climatempo.

Previsão do Inemt para os próximos dias.

MAIS CHUVAS NO RS

Tempestades também estão previstas para o Rio Grande do Sul e parte de Santa Catarina até a segunda semana de maio. “A previsão é de pancada de chuva que pode superar 80 milímetros no norte do Rio Grande do Sul e sul de Santa Catarina. No restante da região Sul, são previstos acumulados menores”, segundo Inmet.

A Defesa Civil do Rio Grande do Sul confirmou 78 mortes no estado nos últimos dias em razão das chuvas. Ao menos 105 pessoas seguiam desaparecidas até a noite de domigo, 5.

O BT conversou com o meteorologista do Inmet em Belém, José Raimundo Abreu, que afirma que o cenário de temporais, deslizamento de terra e inundações acentuadas que devastam o Rio Grande do Sul, não vai acontecer em Belém.

“O que está acontecendo em Porto Alegre, lá no Rio Grande do Sul, dificilmente pode acontecer em Belém, até porque lá são vários fatores que culminaram com esse desastre ambiental. Não é só das chuvas, as chuvas também contribuíram, mas a situação da geografia, o relevo da cidade, fez com que tivesse essas inundações, além das tempestades que ocorreram em vários dias seguidos”, explica o especialista.

“Na cidade de Belém dificilmente acontece um desastre desse para a ocorrência de mortes, até porque a cidade de Belém está localizada acima do nível do mar, temos uma área muito plana. E exatamente por essa geografia plana, as chuvas que caem não influenciam muito no aumento do nível do rio Guamá ou da Baia do Guajará, que banha a cidade. Enquanto que em Porto Alegre, vários rios que existem nas áreas mais altas das montanhas, todos contribuem para o rio Guaíba, que teve alta histórica ontem. Em Belém, temos a proximidade da Baia, mas as inundações aqui são decorrentes de marés, marés que enchem e vazam a cada seis horas. Então temos duas marés altas durante o dia e duas marés baixas. E assim, somente no mês de fevereiro e março existe uma condição de inundar algumas áreas mais baixas de Belém”, detalha.

De acordo com as análises de José Raimundo, as chuvas em Porto Alegre diminuíram nos últimos dias, mas devem persistir com pouca intensidade hoje e amanhã, terça-feira.

Belém é plana, e isso favorece contra inundações.

PODE HAVER INUNDAÇÕES EM BELÉM?

De acordo com o meteorologista, apenas em alguns meses áreas baixas da capital podem ser alagadas, mas favorecida pela geografia, Belém, não corre riscos como Porto Alegre.

“O volume de chuvas aqui, embora muito acentuado na região metropolitana de Belém, que apresenta índices pluviumétricos nos meses de fevereiro, março e abril, são regiões que apresenta sempre mais de 500 milímetros de chuva no mês. E essas chuvas, elas, a população pode ficar tranquila, que ficará dentro da normalidade para a nossa região. Então a superfície plana impede com que tenhamos inundações aqui em Belém, e assim é pouco provável que aconteça situação semelhante a que ocorreu agora em Porto Alegre. Volto a dizer, Porto Alegre, são vários rios contribuindo para um só, que é o rio Guaíba. E por isso causou inundações bem mais intensas”, explana.

A AMAZÔNIA INFLUENCIA NAS CHUVAS EM PORTO ALEGRE?

Em relação à influência da Amazônia nas chuvas que castogam Porto Alegre e o RS, José Raimundo destaca que a umidade que sai do bioma chega ao sul com força.

“Amazônia, ela contribui também para as chuvas de Porto Alegre, porque a umidade entra pela cidade. Aqui, em Belém, ilha do Marajó, a região litorânea do Pará e aí até o Amapá, as instabilidades e a umidade entram por essas regiões e se propagam para o oeste, chegando na cordilheira dos Andes. Faz a curva e vai aumentar a umidade e contribuir para aumentar as nuvens e as tempestades severas do Rio Grande do Sul. Ou seja, a Amazônia contribui para as chuvas muito daquela região, enquanto que aqui em Belém, eu diria que pouco está influenciando. Para que ocorra numa situação adversa tão negativa quanto a que ocorreu em Porto Alegre”, ressalta.

Amazônia protege Belém de desastres ambientais.

Por fim, o meteorologista pontua que a Amazônia é uma protetora contra dessastres e eventos naturais extremos na região norte e em Belém.

“Amazônia é uma proteção climática, sim, a Amazônia existe porque existe a umidade e o portal da umidade é o Oceano Atlântico, mas essas tempestades severas se formam normalmente pelo Atlântico. Nós temos vários fenômenos meteorológicos que causam as chuvas e a gente verifica na previsão do tempo no Instituto Nacional de Meteorologia os principais fenômenos meteorológicos, ou seja, a zona de convergência intertropical é uma forma. Ela tem uma migração aqui para a região do equatorial a partir do mês de janeiro, contribui para as chuvas, assim como a zona de convergência do Atlântico sul contribui para as chuvas do sul do Pará e outros fenômenos como vorte ciclônico de altos níveis e linhas de instabilidade e faavorece com que tenhamos chuvas. 75% das chuvas ocorrem sazonalmente nesse período de janeiro até o mês de maio e junho, onde acontece os maiores acumulados de chuva. E a população de Belém pode ficar tranquila que uma situação de inundação, como está acontecendo em Porto Alegre, é muito pouco provável. Até porque, Belém é uma cidade plana próxima do nível do mar, mas chegando o máximo a 20 metros acima do nível do mar em algumas áreas pontuais e não contribui as chuvas intensas de outros rios para que tenhamos uma condição de baía do Guajará, o Rio Pará, o Rio Guamá invadir a cidade, como estamos vendo em Porto Alegre”, explica.