A Universidade de São Paulo (USP) anunciou, no último dia 25, o lançamento de seu Centro de Estudos da Amazônia Sustentável (Ceas), que se propõe a “produzir, integrar e disseminar” ciência para o desenvolvimento sustentável da ‘região’. Ignorando a presença de sete estados brasileiros que abarcam o bioma, a Universidade limitou-se a afirmar que trabalharia “as interações e colaborações com instituições e organizações que atuam na região amazônica”, sem mencionar parceria com nenhum dos institutos que fazem ciência na Amazônia há, pelo menos, 50 anos.
Nas redes sociais, o coordenador do Ceas, Paulo Artaxo, chamou de “fake news” a ausência de parceria com instituições amazônicas no centro, noticiada pelo BT. O fato é constatado pela própria USP, que mencionou na matéria sobre o lançamento do Ceas os parceiros internacionais da iniciativa, previamente contatados, mas não citou nenhuma instituição da ‘região’.
Instituições da Amazônia
O Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), citado por Artaxo como uma das entidades que irão “se alinhar” à iniciativa, informou em nota ao BT não ter recebido nenhum contato sobre possível parceria e/ou convênio por parte da USP. A nota esclarece “que é necessário receber um contato formal de Instituições para que possa se reunir internamente e analisar a relevância de tais parcerias”.
A direção do Inpa ressaltou que “está aberta a contribuir com estudos e ações relacionados a mudanças climáticas, dinâmica ambiental, conservação da biodiversidade e o desenvolvimento sustentável da região”.
O Inpa disse ainda que “reitera seu compromisso em continuar colaborando com outras instituições na promoção da pesquisa científica e do desenvolvimento sustentável da região amazônica”.
Já a Embrapa Amazônia Oriental (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), também mencionada por Artaxo, não respondeu se a USP fez contato prévio. Disse apenas que “tem uma longa história de parceria com Universidades, entre elas a de São Paulo, e estará sempre aberta a interações em prol da região”. Nossa redação insistiu na pergunta, mas, a assessoria de comunicação da empresa se recusou a responder.
O BT solicitou posicionamento da Universidade Federal do Pará (UFPA) sobre o assunto mas ainda não obteve resposta
A colunista da editoria BT Amazônia, Mayra Castro, explicou como o desenvolvimento de pesquisas científicas envolve a captação de recursos internacionais, indispensáveis para o desenvolvimento socioeconômico da Amazônia. Mayra destacou ainda a ciência pujante e séria realizada nos estados da Amazônia e a importância de diferentes estratégias para a obtenção de investimentos. Veja: