O jornalista e humorista Adalberto Neto, que acusou Noemi da Silva Araújo, 29 anos, de fraudar o sistema de cotas para ser nomeada no concurso do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), foi notificado pela Justiça e teve de apagar o vídeo em que denunciava a suposta fraude.
Em novo vídeo publicado em sua rede social, Adalberto fala sobre o caso e desabafa. ““Eles venceram e eu tive que apagar os vídeos. Isso me dói demais, porque me dá uma sensação de impotência, sabe? Aquela sensação que convive com a gente e que pessoas brancas, por mais que se achem pardas, nunca vão saber o que é”, lamentou.
No vídeo que o jornalista deve que deletar, Adalbeto reúne fotos de Noemi e de seus familiares e questiona a aprovação da jovem ao cargo de analista judiciária pelo sistema de cotas.
“Pra você, pessoa preta, de verdade, que perdeu essa vaga pela fraude dela, pedras no caminho e brancos que não respeitam a nossa existência vão existir sempre. Mas cabe a nós a resistência, a insistência, a luta. Uma hora a palhaçada vai acabar e seremos nós a rir por último”, completou.
TJDFT
No resultado provisório de heteroidentificação, Noemi teve a declaração negada. Após entrar com recurso administrativo, a candidata foi aprovada de forma definitiva. Os procedimentos são organizados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), que formava a banca examinadora do concurso.
O TJDFT publicou nota afirmando que “tanto a autodeclaração quanto a heteroidentificação não são realizadas pelo Tribunal”. O órgão também indica que “tampouco os recursos são julgados pelo TJDFT, sendo competência da própria banca contratada”.
“O Tribunal recebe a listagem, com a classificação obtida pelos candidatos, e promove a nomeação, seguindo, rigorosamente, a ordem classificatória. Não cabe ao Tribunal discordar dos critérios da FGV para promover a eliminação sumária de uma candidata, autodeclarada parda perante a banca contratada, conforme já decidiu o CNJ em caso análogo”, diz a nota.
Por fim, a documento ainda esclarece que já foram requisitadas informações complementares à FGV, sobre os critérios de julgamento do recurso da candidata. A FGV se limitou a dizer que seu posicionamento está expresso na nota do Tribunal.
DEFESA
Naomi se defendeu sobre o caso através de nota:
“Sou servidora pública federal de carreira do referido órgão público desde 2017, e fui aprovada no concurso para analista judiciário em 2022, e tomei posse em dezembro desse mesmo ano. Passei por todo o processo de verificação de enquadramento na política de cotas de forma legal e idônea, dentro dos processos previstos em Lei e na Constituição Federal. com grande consternação que recebi a notícia de que minha imagem estava sendo exposta de maneira vexatória e irresponsável pelo autor das publicações que viralizaram na internet na data de ontem (03.01.23).
“Não fosse suficiente, o autor, que desconhece minha história e minha vivência, ainda me acusou de cometer o crime de fraude, questionando, inclusive, a idoneidade da banca avaliadora do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios. Após a publicação eu fui xingada, atacada, tive minhas fotos e redes sociais expostas, sofri ameaças à minha integridade física e estou tendo que lidar com a exposição dos meus pais e do meu namorado. Tudo isso me abalou profundamente.”
“Desde sempre eu me vejo como mulher parda, e me declaro como tal muito antes do advento da Lei de Cotas. A minha autodeclaracaco, firmada nas minhas origens de anscestralidade e caracteristicas fisicas, pode ser confirmada pelos assentamentos do Instituto de Identificacao da Policia Civil (II) do Distrito Federal (2007)”.
A mulher finaliza dizendo que está tomando medias legais. “todas as medidas legais cabíveis estão sendo tomadas contra o autor, e contra todos aqueles que divulgaram o referido vídeo. Todos aqueles que, de forma irresponsável, divulgaram tais informações, estarão sujeitas ao crivo da Lei”.
*Com informações de Portal Metrópoles.