O professor Raimundo Medeiros Neto, do Instituto Federal do Amapá, publicou nas redes sociais que foi vítima de racismo em um estabelecimento de Belém. Em contato com o BT, o educador deu mais detalhes do ocorrido.
De acordo com Neto, ele está em Belém participando de um evento científico e, no último domingo, 12, foi a um evento de Carnaval no Rebujo. Já no final do evento, por volta das 2h da manhã, o educador afirma que foi abordado por um dos sócios do estabelecimento por causa de um chapéu de palha.
“Eu estava com a fantasia de pescador e usando o chapéu de palha do meu amigo. Ele puxou o chapéu da minha cabeça e perguntou quando eu iria devolver o chapéu do bar”. Sem entender a situação, Neto respondeu que o chapéu era dele e foi questionado pelo proprietário: “Tem certeza?”.
Já na saída do Rebujo, Neto conta que outra sócia da casa perguntou novamente se o chapéu de palha era dele. Os amigos, vendo a situação e percebendo o desconforto do professor, intervieram e levantaram a voz, afirmando que ele estava usando o acessório desde o início do evento.
Após pedidos para se acalmarem, o grupo conseguiu sair e ficaram em frente ao estabelecimento aguardando o carro de aplicativo. Neste meio tempo, Neto conta que o proprietário da casa foi até ele novamente e pediu desculpas pela abordagem. “Eles encontraram o chapéu”, relatou o denunciante.
RESPOSTA
O Rebujo enviou uma nota ao BT dando um posicionamento sobre o ocorrido. Leia na íntegra.
No dia 12 de fevereiro, ao fim de um bloco de carnaval que acontecia no nosso espaço, um dos sócios da casa foi abordado por uma cliente e avisado que um rapaz que se encontrava no espaço tinha pegado um dos chapéus decorativos do espaço.
Este ato é recorrente na casa, por diversos clientes que ali transitam e sempre buscamos abordar a todos da melhor forma possível.
Ao checar que faltava um chapéu no local onde tais chapéus ficam pendurados, o sócio em questão abordou o rapaz que estava com um chapéu na cabeça, o retirou e informou que aquele chapéu pertencia a casa.
Neste momento, várias pessoas ao redor falaram que o chapéu de fato pertencia a pessoa que o usava, momento no qual o chapéu foi prontamente devolvido e o sócio da casa se dirigiu ao cliente em questão pedindo desculpas e perdão pela abordagem.
A Rebujo é casa plural que sempre prezou por receber a todos com respeito e cordialidade que cada pessoa merece, seja ela de qualquer credo, raça, religião, orientação sexual e etc.
Nós abominamos qualquer tipo de discriminação! E todos os nossos clientes, que frequentam o nosso espaço e conhecem as pessoas que aqui trabalham sabem a índole de todos que fazem a rebujo acontecer!
Nós da rebujo pedimos perdão ao Neto, e queremos reafirmar que em nenhum momento nossa intenção foi acusá-lo de qualquer coisa.
Pedimos desculpa, mais uma vez, e tomaremos as devidas precauções para que situações dessa natureza não voltem a acontecer na nossa casa.
O denunciante relatou ao BT que está abalado psicologicamente com o ocorrido. “Nunca passei por isso na minha vida”.
PROVIDÊNCIAS
Sobre o pedido de desculpas do sócio no dia do fato, Neto afirmou que não aceitou no momento e que não aceitará. “Não quero que entrem em contato comigo. Acredito que tenha papel racial nisso. Quero distância dessas pessoas”, desabafou.
O denunciante pretende registrar um boletim de ocorrência ainda nesta terça-feira, 14.