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Jovem agredida em ponto de táxi depõe sobre o caso. Violência policial é denunciada

Uma das duas jovens que foram agredidas na última quarta-feira, 1, em um ponto de táxi, próximo a avenida José Bonifácio, em Belém, recebeu alta hospitalar na manhã deste domingo, 5. 

A vítima, que estava internada desde o dia da agressão, fez seu depoimento sobre o caso na Delegacia de Combate aos Crimes Discriminatórios e Homofóbicos (DCCDH), nesta segunda-feira, 6. Sua namorada deu seu depoimento sobre o caso na última sexta-feira, 3. 

Ambas passaram por exames de corpo de delito para comprovar legalmente as agressões sofridas. 

O caso foi registrado em dois Boletins de Ocorrência, um feito no dia da confusão e registrado contra as moças, e outro, feito nesta sexta-feira, 3, no qual, uma das jovens relata a agressão sofrida pelos taxistas. 

O QUE DIZ O PRIMEIRO BOLETIM DE OCORRÊNCIA FEITO NA DELEGACIA DE SÃO BRÁS: 

O primeiro B.O, feito após os momentos gravados em vídeo, e que foi espalhado pela internet, acusou o casal de agressão e afirmou que ambas estavam embriagadas e que teriam agredido os taxistas apenas por descontrole após um pedido para que elas não bebessem no local. 

O QUE DIZ O SEGUNDO BOLETIM, FEITO POR UMA DAS VÍTIMAS:

O B.O feito nesta sexta-feira, 3, por uma das agredidas, afirma que um dos taxistas do ponto teve “atitudes homofóbicas” quando as vítimas se abraçaram. 

As vítimas aguardavam o horário para entrar no Terminal Rodoviário de Belém, já que uma delas viajaria no dia da agressão. 

Ao perceber que se tratava de um casal, um homem grisalho, o taxista em questão, passou a gritar: “Parem de se abraçar, se afastem se não eu vou jogar lama e água em vocês, porque vocês estão nos desrespeitando”. 

Ao ser abordado por uma das meninas questionando a fala, segundo o boletim, o homem agrediu uma das vítimas com um empurrão. Ela revidou, e então mais agressões tiveram início, ela afirma que recebeu soco no rosto de um dos homens.

Ambas foram agredidas pelos homens presentes no ponto de táxi e por fim foram presas acusadas de atacar os taxistas. 

A agressão foi filmada por uma testemunha que estava no local, viu a confusão e que não conhecia o casal. 

Imagens do vídeo postado nas redes sociais no dia da agressão.

DENÚNCIA DE VIOLÊNCIA POLICIAL:

Após receber alta da internação, a outra jovem que ainda não havia prestado depoimento, foi até a Delegacia de Combate aos Crimes Discriminatórios e Homofóbicos (DCCDH), nesta segunda-feira, 6. 

Além de confirmar o caso de agressão sofrido pelos taxistas, denunciados por sua namorada, a vítima também afirmou que sofreu violência policial dentro da Seccional de São Brás. 

Ela afirma que após entrar na delegacia foi levada até uma cela e empurrada. A vítima denuncia que bateu a testa dentro da cela após o empurrão e em seguida, quando já estava sentada, foi agredida com um soco na cabeça por um dos policiais. Ela ainda afirma que ficou horas aguardando sem nenhum tipo de comunicação até ser chamada e liberada do local.

O caso será denunciado na ouvidoria Segurança Pública. 

As jovens receberam orientação jurídica por meio da Coordenadoria Municipal da Diversidade Sexual (CDS), e da  Coordenadoria da Mulher de Belém (Combel), ambos órgãos da Prefeitura de Belém, assim como do Centro de Defesa dos Direitos Humanos (CDDH) e da Comissão de Direitos Humanos da OAB-Pa.

Ambas também receberão acompanhamento psicossocial, para elas e para as famílias, por conta do impacto causado pelas violências sofridas. 

POLÍTICO DA EXTREMA-DIREITA FALOU SOBRE O CASO:

O deputado federal Eder Mauro (PL), publicou em suas redes sociais um vídeo em que mostra as jovens bebendo e sendo levadas à delegacia por um viatura da polícia. Ironizando o caso e em tom de deboche, ele fala sobre o vídeo dizendo ser uma “cena pós créditos” do vídeo repercutido e cita mulheres da política paraense como a Deputada Federal Vivi Reis, a Pré-candidata a Deputada Federal, Úrsula Vidal e o próprio portal BT Mais. 

Eder Mauro também citou o BT quando criticou o ato de protesto contra a violência sofrida pelas vítimas.

O “comentário” foi analisado pelo Presidente da comissão de direitos humanos da OAB-Pa, José Maria Vieira, que afirmou que alegação nada mais faz do que deslegitimar e descaracterizar um crime de LGBTfobia. 

O QUE DIZ A POLÍCIA CIVIL:

Em nota para a imprensa, a Polícia Civil informou que o caso está sendo investigado pela Delegacia de Combate aos Crimes Discriminatórios e Homofóbicos (DCCDH). “Diligências estão sendo feitas para ouvir os demais envolvidos e levantar mais informações sobre o ocorrido”, afirmou.