O BT+ conversou com o artista de rap Hudsom Figueiredo, morador do bairro da Marambaia, em Belém. Ele contou que, na tarde do dia 10 de abril, estava sentado com amigos em frente de casa quando uma viatura da Polícia Militar abordou os jovens.
“Estava aqui na frente de casa quando esses policiais chegaram. Eles revistaram a gente e encontraram cigarro de maconha com o meu amigo. Nisso a minha mãe veio lá de dentro (da casa) para ver o que estava acontecendo e a conversa virou uma discussão porque tinha um policial que estava se alterando com a minha mãe. O meu amigo foi embora e eu falei pra eles irem embora, porque a gente não estava fazendo nada. Nisso, ele (policial) não gostou me ofendeu, xingou, me chamou de preto maconheiro e ainda disse “tu não tem passagem na polícia, pois agora tu vai ter”. Aí eles chamaram outra viatura, entraram em casa, me agrediram no rosto, jogaram spray de pimenta em mim e me levaram preso. Fui preso por nada”, explicou o jovem.
De acordo com a vítima, a irmã mais nova dele, de 13 anos, chegou a gravar toda a ação dos policiais, mas, segundo Hudsom, os policiais apagaram as filmagens do celular. “Eles pegaram o celular da minha irmã e apagaram todos os registros. Recebi apoio de muita gente nas redes sociais quando divulguei essa situação. Esses caras não são policiais. Ainda estamos abalados. A minha mãe ainda tem receio e medo que eu saia, se preocupa com a gente. Ela tá com crise de ansiedade. Eu também, tô melhor, mas ainda com medo de andar na rua, de algo acontecer de novo”, afirmou.
Segundo o rapper, os policiais alegaram que a prisão ocorreu por desacato e resistência, mas que ao tentar registrar um boletim sobre o ocorrido, Hudsom não conseguiu. “Fui na delegacia aqui do bairro mas não deixaram eu registrar a ocorrência e voltei para casa. Estou com uma advogada me ajudando juridicamente nesse caso pra conseguir justiça. Já passei por uma situação semelhante e não fiz nada, mas agora vou fazer”, disse.
“Todos os xingamentos foram para eu resistir e eles terem o motivo de me levar preso e sujar meu nome, só o que eles queriam tropa. Mas não vai ficar assim”, finalizou.
O jovem também relatou que uma torneira e uma mesa foram quebradas dentro da casa dele pelos policiais.
“Estou analisando o caso e começando a ter acesso à ocorrência, fazendo uma análise robusta. Agora estamos apurando o fato e colhendo as provas para responsabilizar esses policiais, porque eles chamaram ele de ‘preto’, ‘vagabundo’, enfim. Também vamos acionar a Corregedoria da Polícia Militar para que se apurem os fatos e a conduta dos PMs. Depois disso, podemos pensar em pedir indenização por danos morais. Mas agora, estamos analisando essas questões de inquérito policial e de responsabilização criminal e administrativa desses policiais”, disse ao BT a advogada Ilca Moraes, que defende o jovem e a família na Justiça.
O BT entrou em contato com a Polícia Militar sobre o caso. Em nota, a PM disse que os policiais foram agredidos.
Confira a nota completa:
“A Polícia Militar informa que uma equipe do 27º Batalhão, realizava rondas no bairro da Marambaia, quando abordou três pessoas e com uma delas foi encontrado um cigarro de maconha. Durante a abordagem, o homem começou ofender os agentes que lhe deram voz de prisão. Ele resistiu a prisão, agrediu um dos militares e foi conduzido para a Seccional Urbana da Marambaia”.