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Jovens são os mais afetados por doenças sexuais; Veja a lista de casos em Belém

Jovens de 18 a 29 anos correspondem a 3.973 casos notificados, sendo que a população de 30 a 39 totaliza 2.680 casos. Testes para descobrir as doenças são gratuitos em Belém.

Na capital paraense, os jovens formam o grupo mais afetado pelas Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), especialmente o HIV e a Sífilis. Para alertar a população sobre o alto número de casos e da gravidade do problema, principalmente, o vírus HIV, que leva à doença Aids, a Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), torna permanente o “Painel Epidemiológico das ISTs”.

Trata-se uma plataforma para visualização de dados relativos às ISTs, notificados pela rede municipal de saúde no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). 

Quem atualiza o painel é do Departamento de Vigilância à Saúde e do Núcleo de Promoção à Saúde. Nele constam dados importantes como quantidade de casos notificados por bairro, sexo de nascimento, idade, ano de notificação, que ficarão disponíveis para consulta e parâmetro para definir estratégias de combate, tratamento e prevenção.

Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA Belém), localizado na travessa Rui Barbosa e atende gratuitamente a população. Imagem: Marcos Barbosa/Agência Belém

PLANO DE COMBATE

A informação é um diferencial estratégico para a prevenção, controle e tratamento das ISTs, tanto para a população, que pode ser afetada por um aumento de casos, quanto para pesquisadores, pessoas sensíveis à causa, sociedade civil organizada e gestores em saúde pública.

“Quantos casos por ano de abuso sexual e novos casos de HIV, sífilis e de gravidez não desejada na adolescência nós poderíamos evitar se a conversa sobre o tema fosse mais aberta? O tabu de falar sobre a sexualidade de acordo com cada faixa etária, o preconceito de adultos em relação aos direitos de adolescentes e jovens e o pouco acesso e confiança que jovens têm em relação aos serviços de saúde sustentam o alto número de casos de adolescentes e jovens vivendo com HIV”, lamenta o coordenador de IST/Aids e Hepatites Virais pela Sesma, Edgar Barra.

Para ele, “quanto menos se fala sobre prevenção e direitos sexuais e reprodutivos, mais desinformado é o jovem em relação às doenças, gravidez não planejada, ao acesso a serviços de saúde e tecnologias de prevenção”.

CASOS POR BAIRROS

Os dados revelam que o bairro que concentra o maior número de notificações de HIV em Belém, são: Guamá (502), Pedreira (479), Jurunas (399), Tapanã (382), Sacramenta (381), Marco (365) e Marambaia (353).

Bairro do Guamá é que concentra mais casos notificados de HIV em Belém. Imagem: Marcos França.

Em relação ao percentual, 70% dos casos notificados são de pessoas que se autodeclaram pardas. Em relação ao sexo de nascimento, 73% são homens, contra 26% de mulheres. Jovens de 18 a 29 anos correspondem a 3.973 casos notificados, sendo que a população de 30 a 39 totaliza 2.680 casos.

Em relação à sífilis, o painel mostra que o bairro do Tapanã reúne o maior número de casos, totalizando 356 casos. Os bairros da Marambaia (312) e Sacramenta (238) também estão entre os primeiros colocados em notificações.

A sífilis tem tratamento e cura. Em caso positivo para sífilis, na própria unidade onde ocorreu a testagem deve ser feito o encaminhamento para o exame VDRL quantitativo, que definirá como se dará o tratamento, que na maioria dos casos é com medicamento injetável em três doses, disponível também nas unidades de saúde.

UNIDADES DE APOIO

O HIV é uma infecção que tem testagem rápida disponível nas unidades básicas de saúde e no Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA Belém), localizado na travessa Rui Barbosa, Nº 1.059, bairro de Nazaré.

O teste é gratuito, sigiloso, não dói e fica pronto em 20 minutos, bastando apenas que a pessoa leve o seu documento de identidade para acessar o serviço.

HIV leva à AIDS, mas pode ser controlado e ocasiona mais qualidade de vida. Imagem: Reprodução.

Caso o resultado do teste seja “não reagente” (negativo) para o HIV, a pessoa passa por um momento de aconselhamento para identificação de possíveis vulnerabilidades para a ocorrência de HIV, como pessoas que não utilizam preservativos nas relações, mesmo as casadas em relações estáveis, profissionais do sexo ou as que têm várias parcerias sexuais eventuais.

Mas, se o resultado do teste for “reagente” (positivo), o tratamento para o HIV é garantido pelo SUS e a pessoa passa a ter acompanhamento no Centro de Atenção à Saúde nas Doenças Infecciosas Adquiridas (Casa Dia).

“É fundamental começar o tratamento e permanecer se cuidando. Somente desta forma a pessoa fica livre de outras infecções que poderão levá-la a óbito. Toda pessoa que vive com HIV e se cuida segue a vida em frente, rumo a seus sonhos e objetivos. HIV não é mais sinônimo de morte e pode ser controlado, mas estar em tratamento é uma condição essencial para a qualidade de vida.

“Não existe ainda cura para o HIV, mas o tratamento é tão eficiente que não há diferença na rotina de vida de quem vive com HIV e de quem não vive”, afirma Edgar.

TESTES

Estão disponíveis testes rápidos para as ISTs nas unidades básicas e no CTA, as quais também estão abastecidas de preservativos internos e externos (masculinos e femininos), mas que a atitude de se cuidar é sempre de cada pessoa: a prevenção é individual. Cada pessoa é responsável pelas suas formas de prevenção que vão desde o uso de preservativos, até a seleção de parceiros nas relações sexuais.

Painel que registra casos e outros dados pode ser acessado e consultado pela população. Imagem: Reprodução.

Há também as formas medicamentosas de prevenção do HIV, como a PEP (Profilaxia Pós-Exposição) e a PREP (Profilaxia Pré-Exposição), medicamento que se usado corretamente é capaz de prevenir a infecção pelo HIV. Essas tecnologias estão à disposição da população nos diversos serviços da Secretaria municipal de saúde.