A Leona apoia a extrema-direita? A resposta pode parecer óbvia. E talvez seja mesmo. Leona foi uma “criança veada”, algo que não é fácil. Fez de suas dores o roteiro para o sucesso e hackeou a internet no Brasil. Leona representa muito bem um recorte da população brasileira que precisa muito de políticas públicas.
Ela é uma artista, mulher trans, periférica, preta e utiliza a fama que a internet lhe rendeu para ampliar a visibilidade de problemáticas necessárias. E tudo isso deveria nos fazer entender que a vida dela esteve longe de ser perfeita. Leona lutou muito para chegar onde chegou, mas também não está isenta de escolhas erradas.
Venho aqui falar para além do apoio declarado de Leona à União Brasil, partido que é uma fusão entre o PSL (partido que ajudou a eleger Bolsonaro) e o DEM.
Minha análise é sobre o porquê um partido como esse, de extrema-direita, pegaria o apoio de Leona para sua campanha, sendo que ele governa para atender muito mais aos interesses da elite do que do Jurunas, bairro onde Leona mora.
De acordo com o G1, com informações do TSE, a União Brasil é a detentora do maior recurso para a corrida eleitoral 2022, os cálculos podem chegar a 1 BILHÃO de reais. O partido se coloca como uma alternativa contra o autoritarismo de Bolsonaro e o populismo de Lula. O partido também abriga Sérgio Moro e todo seu histórico fraudulento na justiça brasileira.
E afinal, por que Leona? Leona é um dos maiores fenômenos da internet na atualidade. Ela conversa com todas, todes e todos. Sua linguagem é fácil, acessível e engraçada. Leona entretém. E é isso que a internet pede. É isso que gera engajamento nas redes.
A escolha de Leona não é pela pauta LGBTQIA+, afinal existe um Movimento da sociedade civil organizado que representa e luta por esta população há anos. A escolha de Leona é estratégica.
E o problema nisso é que, ao usar a população LGBTQIA+ como capa dessa estratégia, o resultado é o esvaziamento e a diminuição do diálogo acerca da LGBTIfobia e das vidas que ela ataca diariamente.
O Brasil segue sendo o país que mais mata LGBTI+ no mundo. Registramos uma morte, com características absurdas de violência, a cada 29 horas. Nossa sociedade ainda é violenta, misógina, preconceituosa, machista. Precisamos URGENTEMENTE TRANSformar o cenário da política brasileira.
E os políticos conservadores sabem que a mudança vem das mulheres, das pessoas pretas e LGBTI+. Logo, vão buscar diversas alternativas de se apropriar de nossas vivências e APAGAR nossos direitos. Eles querem nos deslegitimar, mas nós não vamos deixar.
O retorno que Leona teve foi negativo. Seu público não aceitaria que ela, que afirma lutar por nós, esteja ao lado daqueles que também ajudaram a construir o caos ao qual estamos submetidos. E isso mostra que a juventude está ligada na política.
Não é correto repudiar tal fato, pois num país democrático temos direito de escolher em quem vamos votar. Mas é fundamental fazer uma análise acerca dele. As eleições vão decidir nosso futuro. Queremos mais fome e miséria ou comida na mesa? Queremos preconceito ou respeito? Queremos extremismo ou democracia?
A união que o Brasil precisa se faz com diálogo e não com pautas compradas para gerar engajamento nas redes. E não esqueçam, o vo1o é secr3to.