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Licença paternidade pode mudar o cérebro do homem

Se a licença maternidade sempre foi essencial para mães e bebês, agora estudos revelam os efeitos que a licença paternidade causam no cérebro de pais.

A licença remunerada de mães, após o parto, é uma questão de saúde física e afetiva para mães e bebês. Esta é uma verdade incontestável e essencial para ambos. No Brasil o salário maternidade, como é chamada a licença maternidade, estabelece 120 dias de licença do trabalho para que mães possam estar ao lado de seus bebês nos primeiros dias de vida deles. Agora, o que a ciência vem estudando são as consequências da licença paternidade no cérebro dos pais.

Pesquisas realizadas com 6.000 casais nos EUA comprovam que, casais em que os pais tiraram apenas uma ou duas semanas de licença-paternidade tinham 26% mais probabilidade de permanecer casados, em comparação com casais em que os pais não tiraram licença. Um outro estudo descobriu que quando os pais pediram licença-paternidade, seus filhos relataram relacionamentos mais próximos com seus pais nove anos depois. A razão é que o relacionamento mais próximo entre pais e bebês, nos primeiros dias de vida, transforma o cérebro e o corpo dos homens. 

Um recente estudo espanhol descobriu que parte do cérebro dos pais sofre uma remodelação de parte do cérebro ligada à cognição social.   

Em um outro estudo, agora no Japão, homens mostraram respostas cerebrais mais fortes a vídeos de bebês depois que se tornaram pais, enquanto homens que trabalharam mais horas, ficando menos com os bebês, mostraram menos mudanças em suas respostas cerebrais.

Em um estudo israelense, que observou pais, “cuidadores primários”, em relacionamento do mesmo sexo, descobriu que pais em casais gays mostraram respostas cerebrais para seus bebês que mais pareciam mães do que pais “cuidadores secundários”. O tempo dedicado ao cuidado infantil moldou seus cérebros.

Todos os estudos acabam sugerindo que os pais não nascem prontos, mas são construídos a partir do nascimento do bebê e que o tempo que os pais passam em casa, após o nascimento, pode ajudar a moldar homens mais sintonizados com a paternidade.

A licença paternidade não é apenas transformadora para os pais, mas também acabam trazendo efeitos positivos também para as mães. Um estudo publicado no Journal of Child and Family Studies, mediu o sono, o estresse e a depressão em casais durante a primeira gravidez, acompanhando o primeiro ano de vida do bebê. O resultado foi surpreendente para as mães. A grande maioria apresentou melhoras na saúde mental quando seus parceiros tiraram licença-paternidade, melhorando inclusive a saúde do sono. Embora a fadiga durante o dia tenha aumentado após o nascimento, os pais que estavam no grupo que tiraram licença-paternidade não mostraram aumento na exaustão.  Mulheres, cujos parceiros tiraram licença remunerada, não apresentaram o mesmo aumento no estresse e nos sintomas de depressão que as mães no grupo de licença sem vencimento. Em outras palavras, a licença remunerada dos homens atenuou os riscos para a saúde mental de suas parceiras após o nascimento.

As pesquisas levam a um reflexão irrefutável: a política de licença familiar remunerada é uma questão que importa a todos – mulheres, homens, jovens e idosos. Uma família mais equilibrada e com inteligência afetiva e emocional desenvolvida, acaba se refletindo em uma sociedade mais saudável.