O mês de março é marcado pelo dia 8, dia da mulher, mas as jornadas de mulheres que constroem seu próprio caminho devem ser celebradas e contadas sempre. Seguindo a nossa série de matérias especiais sobre aquelas que fizeram e fazem história, o BT te mostra agora nove mulheres empreendedoras do Pará que vão te inspirar.
DONA BRANCA – RESTAURANTE E POUSADA ILHA BRANCA
Elenilza Teles, conhecida como Dona Branca, é uma empreendedora da ilha do Combú. Proprietária do bar e restaurante “Ilha Branca” (@ilha_branca), além da pousada de mesmo nome. Passando por dificuldades financeiras, Dona Branca conta que foi motivada a buscar seus sonhos quando viu os filhos querendo coisas que ela não tinha condições de comprar: “um dia fomos ao supermercado e minha filha queria um Danone, mas eu não podia comprar. Ver ela olhando o expositor querendo aquilo foi difícil. Foi ali que decidi que aquela não era a vida que eu queria para mim e para os meus filhos”, relatou.
Dona Branca passou a ter como objetivo construir seu próprio negócio na ilha onde morava: “Quando cheguei aqui [na ilha do Combú] não tinha nada. Era uma região difícil e ninguém pensava em fazer algo aqui. Por não conseguir ficar quieta, eu disse que ia construir um negócio. Trabalhei vendendo e trocando mercadorias, subindo rios e estradas para isso”.
Foi nesse período que a ideia de abrir um negócio próprio surgiu: “Eu via lanchas e jet skis passando e queria vender algo para essas pessoas. Um dia, um homem de uma lancha encostou perguntando se havia algum lugar onde ele pudesse comer. Como era aniversário do meu marido, disse que cozinhava e o convidei para comer conosco. Ele desceu da lancha com a família, gostou e perguntou se poderia voltar na outra semana. Depois disso os amigos dele começaram a vir também e eu fui montando meu negocio. Comecei a empreender com um espaço pequeno que hoje virou o restaurante e a pousada Ilha Branca”, relembrou Dona Branca.
Terminando nossa conversa, Dona Branca contou que enfrentou a dificuldade de ser uma mulher empreendendo em um espaço onde tal atitude não era comum: “É difícil ser mulher e entrar em uma área que é mais feita por homens. A mulher aqui [ na região ] fica quieta, é submissa ao marido. Eu nunca gostei de depender de ninguém.
Para aquelas que têm o sonho de empreender, dona Branca aconselha: “Você nunca deve perder a esperança e nem desistir por ser mulher. As pessoas, inclusive meu marido, diziam que isso era um sonho e que não era pra mim. Pra você mulher, pra gente, a vida é o que a gente quiser e o que Deus permitir. Eu não desisto nunca. Não desista.”, concluiu.
MAYNARA SANT’ANA – CERÂMICA FAMÍLIA SANT’ANA
Maynara Sant’ana (@santanamaynara) está à frente da muito bem sucedida cerâmica Família Sant’ana (@fsceramica), empreendimento de sua família que começou com a sua Avó nos anos 70 (Você vê mais sobre a cerâmica clicando aqui).
Maynara começou a empreender em 2016, quando tinha 24 anos ao lado do companheiro Sebastian. Juntos eles criaram o Espaço Arte Ato. O local focava em ter colaboradores LGBTQIA+, negros e periféricos e tinha ofertas de diversos serviços como barbearia, tatuagens, trançado, moda entre outros. O local chegou a ter até 20 colaboradores. “Foi um processo muito doloroso pois comecei a empreender por necessidade. Você escolhe pela autonomia, mas nesse processo existe uma plasticidade que é o caso de você precisar dar conta de muitas coisas ao mesmo tempo”, contou Maynara.
Sobre o processo de empreender, Maynara conta que no início era difícil ser a única mulher no meio de vários homens o que muitas vezes dificultava a interação: “Percebi que existia uma dificuldade maior para ser ouvida. Eu precisei lidar com homens mais velhos que nitidamente se perguntavam o que essa menina negra, tatuada e periférica, tá fazendo aqui?. Hoje ressignificou esse processo e quando percebo que existe julgamento por ser mulher ou por ser negra, eu prefiro nem negociar, pois o dinheiro de quem não entende o que eu faço não faz o menor sentido pra mim”, afirmou.
Maynara contou como o empreender tem um sentido mais profundo: “Eu acredito que qualquer negócio tocado por pessoas negras e pessoas LGBTQIA+, consequentemente é de impacto social e eu sempre precisei ter esses valores muito bem aterrados para me dispor a fazer o meu melhor”.
Para as mulheres que querem empreender, ela diz: “Não desistam dos seus sonhos. Levem a vida no compasso que vocês compreendem, e estudem! Estudar é fundamental, além disso, faça o que vem do coração. Tem que mergulhar pra saber o que tu gostas de fazer, pois dinheiro ganhamos de qualquer forma, mas para contribuir e impactar é preciso descobrir quem você é”.
LORA CIRINO – OSADA HANDMADE
Lora Cirino (@loracirino) é a dona da marca Osada Handmade (@osada_handmade). Lora começou a empreender na moda quando fazia faculdade de publicidade, curso pelo qual é formada. Ela conta que mesmo quando trabalhava no mercado publicitário, já tinha um negócio paralelo pois tinha a necessidade de ter algo próprio: “sempre senti a necessidade de criar alguma coisa minha, que viesse das minhas ideias e que fosse solução para as pessoas”, contou.
Lora contou que a inspiração para empreender veio de sua mãe: ” minha mãe nunca teve emprego, ela criou eu e meu irmão sozinha e sempre empreendeu, foi vendedora e estilista e tudo isso vem do sangue”, afirmou.
A estilista conta que no mercado da moda não sentiu tantos obstáculos por ser mulher. Ela conta que como trabalha muito sozinha e por ter um público majoritariamente feminino e LGBTQIA+ os problemas e preconceitos que enfrentou na área publicitária quase não existem. “Acho que por trabalhar com moda e calçado, coisa pouco comum na nossa região, as pessoas levam isso para um encantamento, mesmo sendo uma profissão como qualquer outra. Acho que por isso não sinto tanto o preconceito”, afirmou.
Lora conta sobre como era frustrante não conseguir querer e não conseguir trabalhar na área: “Eu cheguei a pensar que nunca poderia viver de moda pois não tinha grana para isso e me formei muito jovem. Por algum tempo eu tive raiva de ter esse dom, pois queria viver dele e não podia.
Sobre o começo da Osada, ela contou: “Quando aconteceu a virada de criar a Osada, eu fazia sozinha no meu horário de almoço e acordava às cinco da manhã para trabalhar e testar meu negócio. Fazia as coisas a noite e na hora do meu almoço ia comprar material. Foi assim que meu chefe na época descobriu que eu tinha um negócio paralelo. Ele me demitiu e virou meu sócio no mesmo dia. Sou super grata a essa pessoa que hoje não é mais meu sócio, mas é muito meu amigo e me oportunizou a melhorar muito meu produto. Hoje meus calçados tem cara de produto comercial e estão na Francal, a maior feira de calçados do país”, contou.
JUANA CALCAGNO – TY COMEDORIA E BAR
Juana Calcagno (@juana_calcagno), criadora dos restaurantes Ty Comedoria e Bar (@tycomedoriaebar), conta como foi sua jornada como restaurateur, ou seja, a pessoa que abre e gerencia um restaurante. Ela relatou que seu maior desafio foi iniciar a carreira, lá no ano de 2016: “Demorou um tempo para que as pessoas confiassem no meu trabalho. Foram chegando aos poucos, experimentando, vendo que eu era capaz de oferecer um serviço diferenciado. Hoje, já no meu segundo restaurante, as pessoas já vêem o Ty Comedoria e Bar como referência em Santarém e Alter do Chão”, afirmou a empresária.
A empreendedora relata um episódio de assédio que sofreu de um homem que queria se associar a sua marca: “foram dias difíceis nos quais tive crises de ansiedade e minha dedicação ao trabalho diminuiu muito. Porém, tudo passou quando abri meu segundo restaurante, o Ty, em sociedade com uma pessoa incrível que acreditava no meu trabalho.”, relatou.
Juana conta sobre sua trajetória até chegar ao seu empreendimento: “A vontade de mudar de vida foi a mola propulsora da mudança. Senti que era a hora de me estabelecer em um lugar onde eu me sentisse em casa, segura, e ao mesmo tempo onde houvesse oportunidade de crescimento do turismo. Alter do Chão veio naturalmente.”, afirmou.
A empreendedora conta com orgulho sobre o sucesso de seu trabalho. Os restaurantes foram pauta de veículos como Casa Vogue, VIP, Folha de São Paulo e canais de TV portuguesa e francesa: “Ver meus restaurantes serem pauta de matérias em veículos nacionais e internacionais para mim significa o reconhecimento e a prova contundente de que estou no caminho certo”, afirmou.
Conte uma história que marcou você durante a sua jornada como mulher empreendedora
Juana contou ao BT como foi sua chegada a Santarém em 2015: “Ainda não tinha certeza em que área iria empreender. Infelizmente não havia na época apoio aos “candidatos a empreendedores”. Na época eu busquei ajuda para entender o mercado de Alter, mas a entidade que deveria ser catalizadora não dispunha de profissionais que me ajudassem a fazer uma pesquisa de mercado. Então, eu passei um ano apenas vivendo Alter, entendendo nos detalhes as necessidades. Juntei a minha paixão por cozinha com a necessidade local. Foi o primeiro restaurante de Alter com cardápio assinado, decoração diferenciada, equipe profissionalmente capacitada etc. Hoje Alter mudou e a maioria dos restaurantes estão antenados e oferecendo serviço de qualidade”, contou.
Para aquelas que sonham em empreender, ela diz: “Para empreender é preciso ter muita determinação (paixão), entendimento do negócio (busque ajuda profissional) e capital de giro (fundamental). Tenha certeza que os momentos difíceis virão, mas esteja preparada para eles e os encare de frente. Por último, trabalhe com pessoas que têm brilho nos olhos, são eles que vão te ajudar a crescer”, concluiu.
CAMILLA GRELLO – CAMILLA GRELLO JOIAS ARTESANAIS
Camilla Grello (@camillagrello) é a criadora da marca homônima de joias artesanais (@camillagrelloacessorios) e da marca infantil Camilla Grello Kids (@camillagrello.kids.). A empresária conta como o empreendedorismo surgiu em sua vida: “Há 20 anos minha mãe foi convidada para administrar um quiosque na recém inaugurada estação das docas. Sem tempo para mais uma demanda, ela passou a bola para mim. O começo foi bastante desafiador e até assustador, mas tem momentos na vida que aparecem oportunidades na qual você precisa se agarrar e se lançar”, relembra a empresária.
Camilla conta das dificuldades que passou pro ser mulher no mundo corporativo: “Lamentavelmente no mundo do empreendedorismo as mulheres ainda sofrem preconceito de estar a frente de uma empresa liderarmos uma equipe, quando o negócio vai bem sempre julgam ter um homem por trás comandando as tomadas de decisão”, contou.
No inicio, Camilla vendia camisas com fotografias e acessórios de artesãos locais. Ela conta que se encontrou neste momento e se dedicou a carreira: “Ainda iniciando minha 1 faculdade de publicidade fui fazer um curso no RJ para me aperfeiçoar e voltando abri meu atelier com apenas uma artesã. A jornada foi longa e cheia de altos e baixos, erros e acertos, mas tenho que destacar o quanto é importante se lançar nas oportunidades que a vida nos entrega. Acreditar que nos pequenos começos podem nos conduzir para onde queremos chegar”, afirmou.
Sobre a inspiração para criar seu próprio negócio ela conta do impacto que seus pais, por intermédio das artes, tiveram em sua formação: “A arte, a moda, a fotografia foram muito presentes na minha vida desde da infância, isso foi alimentado pelos meus pais. Minha mãe é estilista e meu pai é fotógrafo. São artistas que sonharam e exercem suas profissões com uma dedicação e amor sem limites.
Para quem quer empreender, Camilla aconselha a seguir em frente: “O principal é seguir seus sonhos com muita dedicação, foco e constância. Não deixar que terceiros ou dificuldades te desviem do seu caminho escolhido. Pense que empecilhos existem para todos e quando passarmos deles nós seremos transformados para o próximo que irá surgir.”, afirmou.
ARIANE LIMAS – COACH DE SAÚDE E BEM ESTAR
A coach de saúde e bem estar, Ariane Limas (@arianelimas), contou como decidiu empreender após trabalhar por muitos anos com algo que não tinha tanta identificação e decidir que queria fazer algo que fizesse a diferença na vida das pessoas: “Eu sempre pensei em trabalhar com algo que fizesse realmente sentido pra mim, e que eu pudesse fazer a diferença na vida das pessoas positivamente. Hoje ajudo mulheres no processo de emagrecimento inteligente, com base em técnicas de Health Coach, análise comportamental e reprogramação mental , e me sinto realizada com o que faço.”, contou orgulhosa.
Ariane falou das dificuldades que enfrentou e das criticas das quais foi alvo por seu trabalho: “Trabalho minha rede social fazendo postagens que mostram meu estilo de vida e também minhas evoluções físicas e por isso, durante muitos anos, fui muito criticada por me cuidar, por buscar ter um estilo de vida com mais qualidade, por buscar ter um corpo que eu me sentisse bem e por expor isso em rede social para incentivar outras mulheres a buscarem isso também”, afirmou.
Ariane falou para o BT sobre sua jornada como empreendedora: “Sempre fui uma mulher determinada, sempre lutei pelos meus objetivos. Entendi que para ter sucesso na vida precisaria fazer algo que fizesse meu coração feliz. Trabalhar somente pelo dinheiro não fazia sentido para mim, mesmo precisando. Hoje atendo mulheres no meu escritório, muitas que, inclusive, que um dia já me criticaram, mas que hoje se inspiram na minha trajetória e estilo de vida. Isso pra mim é impagável!”, pontuou.
A coach relata que começou sua jornada focando em sua melhora pessoal: “Comecei querendo mudar meu corpo e acabei encontrando meu propósito de vida. Com minha conquista física, as mulheres começaram a me preocupar e perguntar: o que eu tinha feito? como que conquistei o resultado? Como conseguia fazer dieta? Como conseguia ter constância? Como que fiz pra ser disciplinada? Foi aí que tive o insight de empreender, busquei estudar, me profissionalizar para hoje cuidar e ajudar essas mulheres a conquistarem seus objetivos, terem mais saúde e qualidade de vida.”, concluiu.
MAYRA CASTRO – INVEST AMAZÔNIA
Mayra Castro (@mayracastropro), fundadora da Invest Amazônia (@invest.amazonia), e colunista do BT, contou sobre sua jornada no empreendedorismo: “Eu era uma criança sonhadora que se tornou uma mulher realizadora. Eu queria ser diplomata desde pequena e acabei trabalhando com diplomacia científica para um governo estrangeiro. Eu decidi criar a minha própria profissão e me tornei especialista em conexões e parcerias. Hoje em dia, eu construo entregas que me movem por propósito. O combustível que me faz mover é entusiasmo, a relação que mantenho e de ganha-ganha, o que conecta os pontos é estratégia e o que me motiva é geração de valor. Esses são os valores da vida que me são norteadores.”, afirmou.
Sobre ser mulher no mundo do empreendedorismo, Mayra falou sobre o auto-julgamento problemas que pode perseguir quem tem o objetivo de empreender: “O medo não me paralisa, mas a dúvida e auto sabotagem podem se tornar grandes barreiras no processo de espera de uma realização. Quanto a julgamentos externos, eles sempre vão existir, não conheço uma mulher bem sucedida (nos seus termos) que não seja alvo de algum tipo de julgamento. Mas, nada é mais determinante que o julgamento interno.”, refletiu.
Mayra pontuou a importância de construir sua própria história, mas pontua que sua formação é moldada e inspirada em diversas mulheres: “Muitas foram as pessoas que me ajudaram e me inspiraram ao longo da vida e que fazem parte da minha construção. Isso certamente influencia até hoje a forma como eu faço o que faço que é conectar pessoas, criar parcerias para construir projetos que gerem valor e impacto.”, afirmou.
Ela conta sobre suas parceiras de jornada que a ajudaram a trilhar o caminho: “Acredito que o momento em que entendi que era boa em algo, mas que precisava de gestão para dar conta, foi um divisor de águas. Empreender é como emagrecer, ser empresária é manter o peso. Desde então, fui atrás de quem pudesse compor comigo e hoje tenho excelentes profissionais que me auxiliam como a Deise Lira no financeiro, a Solange Soares no contábil, o escritório da Juliene Ferraz no jurídico, a Luty Vasconcelos no planejamento. Todas atuam como minhas parcerias de negócios e não como funcionárias. Isso é trabalho em rede! A atuação delas me trouxe segurança e liberdade par focar onde tenho excelência”, concluiu.
Sobre a Invest Amazônia, Mayra explica: “A marca hoje é registrada no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual. Quanto ao negócio em si, eu decidi criar uma estrutura que me permitisse realizar a Amazônia dos meus sonhos que, na minha visão, é uma região de vanguarda, inovadora e que exporta soluções e tendências para o mundo. Essa motivação é o que norteia as minhas entregas, tem que gerar valor a partir da perspectiva regional sobre o que é a Amazônia.”, afirmou.
Para as meninas e mulheres que buscam empreender, Mayra aconselha: “No meu TEDx “transformando dificuldade em oportunidade” eu menciono algo que aprendi na dor, mas que anos depois, eu compreendi como inspiração. É uma frase do Napoleon Hill que diz que “toda dificuldade ou adversidade esconde uma semente de oportunidade de tamanho equivalente”. Essa é a mensagem que eu deixaria para todas aquelas que precisam de um apoio nos momentos desafiadores”, concluiu.
BEBEL LIMA – SWEET BY BEBEL LIMA E CASA DO SAULO QUINTA DE PEDRAS
A empreendedora Bebel Lima (@bebelvlima) criadora do bistrô Sweet by Bebel Lima (@sweetbybebellima) e (@casadosauloquintadepedras), começou o seu negócio na cozinha da própria casa e contou ao BT como foi sua jornada: “Sempre quis empreender, mas achava que para tal precisávamos ter muito dinheiro e por conta disso acabei trilhando outro caminho profissional. Comecei com apoio do meu pai, fazendo as compras no supermercado de casa e cozinhando de lá também”, relembra.
Bebel começou seu trabalho como empreendedora com uma confeitaria que em seguida se tornou o bistrô Sweet by Bebel Lima, que está no mercado há pouco mais de seis anos.: “A Sweet funciona de terça a domingo com um cardápio autoral e contemporâneo e com uma proposta que carrega história pessoal e menu que inclui releituras de receitas de família. Ela fica em um casarão no Umarizal, metade rosa e azul e, hoje, possui uma área ao ar livre toda verde. Tem uma pegada palaciana porém minimalista”, contou Bebel sobre seu empreendimento. Com a Sweet no mercado, outras oportunidades surgiram e assim nasceu o Casa do Saulo Quinta de Pedras: “A realização desse negócio me fez conhecer outros atores da nossa gastronomia local e em Junho de 2021, juntamente com o Chef Tapajônico Saulo Jennings inauguramos o Casa do Saulo Quinta de Pedras, dentro do hotel Atrium Quinta de Pedras.”, relatou a empresária.
Bebel hoje gera empregos para 67 famílias: “Tenho muito orgulho do rumo que minha jornada empresarial tem tomado. Hoje gero pelo menos 67 empregos diretos, fomento os pequenos produtores, tudo com muita responsabilidade, respeito e sustentabilidade”, relatou a empreendedora de sucesso.
Bebel conta que sua criação equânime a ajudou e seu empoderamento, mas destaca que mesmo assim não deixou de enfrentar seus próprios desafios: “Eu tive uma criação sem crenças limitantes e diariamente meu pai reforçava que éramos iguais, que poderia chegar onde quisesse, que só dependeria de mim. Acredito que isso, aliado a outras questões pessoais, me tornaram uma mulher com alta estima elevada e emponderada. Porém, não totalmente blindada quanto aos desafios diários por ser mulher, como por exemplo ter adiado a maternidade pois essa realização pessoal poderia atrapalhar o desenvolvimento do meu negócio. Teria que desacelerar e o momento não pedia isso”, afirmou.
A empresária conta que construiu sua carreira e negócio com busca por conhecimento e luta, mas que passar pela pandemia de Covid-19, onde tantos empreendimentos não resistiram, a marcou muito sua história: “Estava recém separada, tinha assumido todas as responsabilidades de casa, e de repente por um fato externo, completamente alheio a minha vontade e ações, tive meu negócio completamente atingido por ela. Foi um período de muita resiliência, provações e aprendizados. Brinco ao falar que sou uma mulher e empresária muito mais completa e preparada após ter sobrevivido a isso.”, disse Bebel ao BT.
Para as mulheres que buscam pelo sonho do empreendimento próprio, Bebel disse: “Acreditem em si, não se limitarem e não permitam que ninguém faça isso, parece clichê só que é a mais pura verdade, lugar de mulher é onde ela quiser! Podemos mudar nossa realidade e não precisamos nos conformar com a forma que vivemos ou apenas replicar o que o nosso entorno reproduz, podemos ser mais, chegar mais longe, ser protagonistas da nossa história.”, concluiu.
ELY RIBEIRO – DONADELAS
Empreendedora desde muito jovem, Ely Ribeiro (@elyribeirozen), co-fundadora do DonaDelas (@donadelasoficial) abriu a primeira empresa aos 27 anos. Inspirada pelo pai que também é empreendedor, Ely começou trabalhando com ele mas sonhava em ganhar o mundo: “aproveitei todas as oportunidades para estudar.”, relatou a empresária.
Sempre trabalhando com treinamentos, Ely ministrava cursos na área de marketing, empreendedorismo e vendas. Quando já morava em Belém, em 2005, ela abriu uma loja que prosperou e em 2016 abriu uma distribuidora em Portugal, onde vendia as confecções para lojistas no país.
Ely vendeu a empresa em 2019, mas também tem uma outra empresa paralela de Consultoria e Treinamentos onde ministra cursos na área de empreendedorismo. Ela iniciou uma startup, durante a pandemia, a “Donadelas”, que é uma rede de negócios feminina, online: “A Startup é diferente, pois a gente empreende sem saber o que vai acontecer depois. Foi um grande desafio. Em janeiro deste ano abri o primeiro Coworking Feminino de Belém, a Donadelas House.”, contou.
Hoje o Donadelas tem uma rede social com mais de 23 mil mulheres cadastradas, uma plataforma com recursos para formação de grupos, blog com mais de 650 artigos publicados.
Após a pandemia, a empresária viu a necessidade de abrir um espaço diferenciado para que mulheres pudessem se reunir e onde se vai além do Coworking: “É um lugar para troca de ideias, suporte mútuo, treinamentos, encontros, fomento de negócios. Estamos há dois meses funcionando, e temos uma boa procura dos nossos serviços.”, relatou sobre a Donadelas House.
Ely contou como foi criar um plano de negócios em Portugal: “Em 2015 viajei para Lisboa, levei as peças de roupas na mochila para sondar o mercado. Perguntava aos lojistas se comprariam aquele tipo de mercadoria, ouvi, tomei nota de tudo, voltei para o Brasil, fiz um plano de negócios e em fevereiro de 2016 fui lá para abrir meu negócio. Abrir uma empresa lá e gerenciar daqui do Brasil foi um grande desafio que me fez crescer imensamente, foi uma escola sem precedentes.”, relembrou.
Para mulheres em busca do seu sonho de empreender Ely diz: “Você vai se surpreender com ajudas de pessoas que nem imagina que possam lhe ajudar e na mesma proporção, vai se surpreender com a falta de apoio de quem estava certa de que iria lhe ajudar. Independente disso, acredite em você, prepare-se o máximo que puder, converse com pessoas que tenham experiência prática para lhe direcionar melhor e siga seu propósito, porque se os seus planos estiverem nos planos que Deus tem para você, já deu certo!”, concluiu.