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Mães falam sobre decisão de não mandar os filhos para escola nesta quinta, 20

O BT conversou com mães que resolveram não mandar os filhos e filhas para a escola nesta quinta-feira, 20 de abril. A preocupação gira em torno de supostas ameaças em algumas instituições de ensino da capital paraense.

Para Cibele Ferreira, enviar a filha de sete anos para a escola neste dia 20 não é uma opção. Ela conta que no grupo de mensagens dos pais de aluno do 2º da escola em que a filha estuda, é possível que ninguém vá para a aula. “Temos um grupo de WhatsApp dos pais, e devido a tudo que vem acontecendo mesmo com todo protocolo, mesmo assim estamos com medo de levar nossos filhos. Acho que a turma dela ninguém vai amanhã”, disse.

Mesmo assim, ela reforça que a instituição reforçou a segurança do prédio. “O colégio adotou medidas de segurança, aumentaram o número de porteiros e contrataram vigilantes que fazem a ronda na escola. Passamos a deixar nossos filhos na portaria, não tendo acesso as dependências do colégio”, contou.

Entretanto, ela fala que o medo de enviar a filha continua. “Mesmo com todas essas medidas, não me sinto 100% segura, o medo paira pois deixamos nossos filhos sem saber o que poderá acontecer”, finalizou.

Para Maiana Fiuza o cenário é muito parecido. O filho de 11 anos, que estuda no sexto ano, também não irá para aula nesta quinta-feira e a mãe comentou a decisão. “Prefiro evitar. Acredito que mesmo que sejam notícias fakes, ou com intuito de criar um pânico, mas eu prefiro evitar, prefiro um dia de aula perdido, ao ter que expor meu filho a uma situação perigosa”, analisou.

Sobre os mecanismos de segurança da escola que o filho está matriculado, Maiana conta que tudo foi reforçado, incluindo o acompanhamento psicológico. “A escola que meu filho estuda é uma escola muito segura. Com as notícias que se espalharam, eles adotaram algumas medidas de proteção, proibiram a entrada de terceiros, suspenderam situações nas quais os pais precisassem adentrar na escola, aumentaram o quadro de funcionários na portaria, a ronda policial ficou mais frequente e as crianças passaram a ter acompanhamento psicológico com mais frequência”, contou.

Ao ser questionada se o filho estava com medo de ir para a escola, ela conta que não, mas que o pequeno já tinha pensado sobre o assunto. “Ele não manifestou medo, e disse que se caso presenciasse algo anormal, iria correr e se esconder em um local secreto que tem na escola”, revelou.

Por fim, Maiana faz um alerta sobre os cuidados que devem ser tomados com as crianças e falou sobre o sentimento de mandar o filho à escola. “A gente nunca pensa que vai acontecer com a gente, mas os casos estão cada vez mais frequentes, alerto meu filho sempre, procuro observar o que ele leva pra escola, o que ele assiste no celular e na TV, se ir à escola fosse uma opção, ele não iria nesse período, mas infelizmente temos apenas que pedir proteção e confiar”, finalizou.

Para Erika Siqueira, a decisão não precisou ser tomada. Isto porque a direção da escola em que a filha dela estuda decidiu suspender as aulas nesta quinta-feira. “A escola da minha filha tomou a iniciativa de pedir uma vistoria da Polícia Militar quanto à segurança na escola que foi imediatamente aprovada pela PM. Mas mesmo assim, suspendeu as aulas no dia 20, enviando um comunicado oficial as mães e pais, respeitando a inquietude dos mesmos e para se resguardar de qualquer incidente que pudesse vir a ocorrer nessa data”, contou.

Ainda sobre a instituição, Erika afirma que a mesma agiu rápido para tranquilizar os pais e responsáveis. “A escola agiu muito rápido, acolheu os pais, teve uma decisão assertiva e responsável, nos dando suporte, acalmando os nossos corações. Seria um dia de prova na escola, mas a mesma foi adiada para que a minha filha pudesse ficar em casa, segura e longe de qualquer ameaça ou risco de vida”, disse.

Ao ser perguntada se a filha demonstrou algum medo de ir à escola, Erika conta que a filha gostou da decisão da instituição. “Ela adorou a decisão da escola de manter as portas fechadas e deixar os jovens e as crianças em casa. Ela se sente segura na escola, mas prefere ficar amanhã em casa para evitar qualquer ocorrência”, contou.

Sobre as medidas de segurança do Governo do Estado, Erika afirma ser um primeiro passo. “As medidas impostas pelo Estado são apenas o começo de um plano que precisa se aprofundar, debater e ampliar as políticas públicas. Vamos precisar diagnosticar as questões econômicas, sociais e emocionais desses jovens. Trazer os familiares para uma ação conjunta, colocar psicólogas nas escolas, aumentar a vigilância, levar informação, capacitar os professores e dar suporte mobilizando toda a sociedade”, analisou.

Por fim, Erika Siqueira fala sobre o sentimento de ter a filha dentro de casa nesta quinta-feira.

“Depois dessa onda de violência nas escolas pelo Brasil afora, todas as manhãs quando deixo a minha filha na escola invoco a benção de Na Sra de Nazaré e peço proteção. Penso que qualquer mãe fica apreensiva com filhas em idade escolar mediante tanta violência acontecendo. Precisamos resgatar valores, dialogar muito com nossas crianças e adolescentes sobre respeito, empatia e amor entre as amigas, com as professoras e principalmente o respeito consigo mesma para aprender a ter respeito com o próximo. Estou realmente mais tranquila com ela dentro de casa nesta quinta-feira, dia 20”, finalizou.