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Mary Tupiassu | 5 violências psicológicas que homens cometem com as mães de seus filhos

Hoje é dia das mães, né? Ok, estamos aqui lindamente recebendo rosas e ouvindo as mais diversas declarações de “parabéns guerreira”. Desculpem, mas não! Não queremos ser guerreiras, queremos ser pessoas normais, mulheres, vivas e sãs, o que dentro dessa sociedade misógina, tem sido uma tarefa muito difícil.

O dia das mães deveria ser um espaço público de reflexões sociais. A divisão sexual do trabalho colocou as mães sob o peso de todas as responsabilidades domésticas, o que inclui, além de mil e um afazeres do cuidar do lar, o hercúleo trabalho de criação e educação dos filhos.

Mães vivem o peso da responsabilidade doméstica

Com a revolução industrial e a primeira onda feminista, as mulheres começaram a inclusão do gênero no mercado de trabalho. Todavia, com a participação na jornada do proletariado, não veio junto, como justeza nos avanços, uma redivisão das tarefas domésticas, sobrando pra mulher o peso dilacerante das jornadas triplas, quádruplas, infinitesimais.

Enquanto para homens a jornada de trabalho tem um horários definidos, para mulher o trabalho nunca tem fim

A reflexão no dia de hoje deveria ser: como esta sociedade tem tratado as mães? 

Existem violências normatizadas que os pais dos filhos cometem com as mães, e ninguém, absolutamente ninguém, diz nada sobre isso. No entanto, essas violências deixam marcas e sequelas sociais, já que além de interferir na saúde mental das mulheres, atravessa a formação psicossocial de crianças e adolescentes.

Ocorre que quando a mulher deixa de fornecer algum benefício àquele homem (deixa de ser um objeto) ou seja, vira uma ex e mãe, ela passa a não significar mais absolutamente nada, além de uma mulher chata que vive cobrando o cara de alguma coisa. “Telefone tocando. Lá vem essa megera novamente me enchendo o saco”, reclamam. 

Quem nunca se sentiu obrigada a pedir o favor pra irmã, tia, vizinha, em vez de acionar o pai da criança, por não aguentar mais ser maltratada, como se estivesse importunando a vida do rapaz, com questionamentos do tipo, “não tenho com quem deixar o nosso filho hoje pra ir pro trabalho”? 

Então, vamos pontuar aqui cinco violências diárias que homens cometem com  mães dos filhos e que precisam ser apontadas: 

  1. Ser grosseiro quando a mãe o procura  

Garanto a vocês, uma mãe não gostaria de ter que ligar pra cobrar alguma coisa do ex-marido, pai do filho, o que seja. Se ela cobra é porque certamente não está dando conta de resolver sozinha, já que, deve ter esgotado todas as suas possibilidades de resolução do problema. Como último recurso, teve que lançar mão de ligar pro pai, que por acaso, também teve participação na procriação da criança. E esse pai, trata grosseiramente a mãe porque entende que a cobrança é pessoal. Ele não consegue entender que a questão não é com o homem, é com o pai.   

  1. Achar que a mãe quer dinheiro pra gastar consigo mesma 

Um filho custa muito caro. Ocorre que muitos pais acreditam que dando uma coisa ou outra, tá tudo resolvido. Esquecem que o estudo não vai brotar do céu, nem os livros da escola, nem a roupa, nem a comida, nem o médico, nem o transporte, nem o lazer. Isso sem contar com os gastos invisíveis do lar, como água, luz, internet, etc. Quando a mãe cobra o pai, a tendência é o cara sempre achar que a mãe está pedindo dinheiro pra ela. Ele, com sua imaginação fertil, já vislumbra a mulher no salão de beleza fazendo as unhas, e depois em festas cercadas de “machos” e Chandon.

  1. Não oferecer ajuda quando a mãe precisa 

Pais precisam entender que da saúde mental da mãe, também depende a saúde mental do filho. A relação não deveria ser de disputa, deveria ser de parceria. Um homem que não se preocupa com o bem-estar da mãe, está interferindo diretamente no tipo de ser humano que seu filho será no mundo. Uma mãe sobrecarregada, seguramente, descontará sua sobrecarga, de alguma forma, sendo menos paciente dentro de casa. E ela ainda será responsabilizada por isso. Um pai deveria, por obrigação, se comprometer também com a saúde mental das mães, contribuindo com um ambiente seguro e sadio para o desenvolvimento dos filhos.  

  1. Tirar a autoridade da mãe 

Numa sociedade machista, que ensinou que as boas mães são aquelas exasperadamente devocionais e abnegadas, geralmente a figura materna não consegue impor o respeito que o filho deveria ter por ela. Muitos pais se aproveitam da relação mais distante fisicamente que eles tem com os filhos, portanto, menos desgastada, para tirar a autoridade da mãe, deixando que os filhos façam aquilo que querem, reafirmando na dinâmica que o pai é o cara legal, e contribuindo para que o filho, com o consentimento do pai, desrespeite a mãe em suas decisões. 

  1. Falar mal da mãe pro filho 

A tendência do filho é idealizar o pai ausente como um herói. Frequentemente, a criança vai evitar conflitos com o pai, com receio deste pai que já aparece pouco, se distanciar ainda mais caso seja cobrado. Então, todo o pouco que o pai fizer, será superestimado. Enquanto isso, a mãe fica com a parte chata, de cobrar, chamar atenção dentro da rotina relacional diária. Muitos pais, em vez de garantir que os filhos vejam a mãe como figura sobrecarregada que é, aproveitam e reiteram pros filhos que a mãe é mesmo uma chata, que vive implicando com tudo, sem nenhum motivo.