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Morre o ex-presidente e ditador peruano Alberto Fujimori, aos 86 anos, em Lima

Foto: Alberto Fujimori/ Martin Bernetti

Nesta quarta-feira, 11, o ex-presidente e ditador Peruano, Alberto Fujimori, que governou o país durante uma década, morreu aos 86 anos. A morte foi confirmada pela sua filha, Keiko Fujimori.

O ex-ditador ficou detido por 16 anos por violações aos direitos humanos cometidas em seu governo, estava internado em Lima em estado grave.

O médico pessoal do ex-presidente, Alejandro Aguinaga, disse aos repórteres horas antes que Fujimori estava “lutando pela vida” e pediu que respeitassem a privacidade da família. Conforme informações, a situação de saúde do político era delicada há uma semana.

O político faleceu na casa da filha, Keiko, no bairro de San Borja, em Lima, onde ele recebia tratamento médico constante. O velório de Fujimori será a partir desta quinta-feira, 12.

Em comunicado oficial, o Governo do Peru lamentou a morte do político e desejou condolências à família.” A Presidência da República lamenta o sensível falecimento do ex-presidente do Peru, Alberto Fujimori. Nossas sinceras condolências à família, a quem acompanhamos em sua profunda dor. Que Deus o tenha em Sua glória e que descanse em paz”, disse o comunicado.

Estado de Saúde

No dia 04 de setembro, Fujimori foi visto pela última vez publicamente, saindo de uma cadeira de rodas de um hospital privado. Em maio deste ano, o ex-presidente revelou que havia sido detectado um tumor maligno em sua língua, já em 2018, ele também havia falado que tinha tumor no pulmão. O político deixa quatro filhos e cinco netos.

Foto: FCanaloficial via YouTube

Crimes

Em 1992, após dois anos de sua posse, Fujimori aplicou um autogolpe, fechando o Congresso peruano. Nos anos seguintes, foram expostos denúncias de violações dos direitos humanos, abuso de poder, corrupção e até que ele teria mentido sobre sua nacionalidade (a oposição afirmou que ele havia nascido no Japão, mas adulterou a certidão de nascimento para concorrer à presidência no Peru).

Alberto Fujimori após ser eleito presidente do Peru, em 1990 — Foto: Matias Racart/AP

No dia 5 de abril, colocou o Exército na rua, fechou o Congresso e a Suprema Corte, passando a governar por decretos. Nesse período, 200 mil mulheres foram esterilizadas à força, numa política de controle de natalidade aplicada pelo governo.

Em decorrência das denúncias, Fujimori fugiu do país para o Japão, onde seus pais nasceram e de lá, enviou um fax com um pedido de renúncia. O autoexílio durou sete anos, sendo preso durante uma visita ao Chile e extraditado para o Peru. O ex-presidente foi condenado em 2009, pelos massacres de Barrios Altos, quando 15 pessoas foram assassinadas, e La Cantuta, caso em que oito estudantes e um professor da Universidade Nacional Enrique Guzmán e Valle foram mortos e enterrados em vala comum.

Em ambos casos, a ditadura de Fujimoto buscava assassinar pessoas vinculadas à guerrilha Sendero Luminoso e ao Movimento Revolucionário Tupac Amaru.

Fujimori também foi condenado por um escândalo de corrupção envolvendo espionagem, suborno e compras ilegais. Além de endividar o país em mais de US$ 620 milhões de empréstimos com o FMI e US$ 1,16 bilhão com Espanha e Japão.

Julgamento – O político foi preso após o julgamento, porém em dezembro de 2023, teve a condenação revogada. Em 2017, havia sido solto por uma concessão de perdão do governo, mas a Corte Interamericana de Justiça revogou o perdão e com isso, ele voltou a ser preso.

Em 2023, o Tribunal Constitucional decidiu a favor a um habeas corpus e ele deixou o presídio, em Lima. Nesta época, Fujimori cumpria uma pena de 25 de anos de regime fechado.

Neste ano, o ex-presidente comunicou que planejava voltar a concorrer as eleições. No entanto, Keiko Fujimori, concorreu três vezes pela presidência, mas perdeu em todas, a última em 2021. Além de que, Keiko também já foi presa, de forma preventiva, como parte de uma investigação por suspeita de corrupção envolvendo a brasileira Odebrecht. Ela nega as acusações, mas foi proibida de deixar o país.

*Matéria realizada com informações do Portal G1