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Tuíre Kayapó, liderança de defesa dos direitos indígenas, morre aos 54 anos

Foto: Benjamin Mast

A ativista e liderança indígena Tuíre Kayapó Mẽbêngôkre, reconhecida por sua luta incansável pelos direitos dos povos indígenas, morreu neste sábado, 10, aos 54 anos, no Pará. A informação foi confirmada pelo Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Kayapó do Pará.

Tuíre enfrentava um câncer no útero desde 2023 e, nos últimos meses, recebia cuidados paliativos em um hospital na cidade de Redenção, no sul do estado. Segundo seus familiares, ela será sepultada na aldeia Gorociré, localizada na Terra Indígena Kayapó, onde vivia.

Tuíre Kayapó, liderança de defesa dos direitos indígenas, morre aos 54 anos - Foto: Mídia NINJA/Mobilização Nacional Indígena
Tuíre Kayapó, liderança de defesa dos direitos indígenas, morre aos 54 anos – Foto: Mídia NINJA/Mobilização Nacional Indígena

Tuíre Kayapó e a Luta que Parou Belo Monte

Foto: Protásio Nene / Agência Estado - 1989
Foto: Protásio Nene / Agência Estado – 1989

Tuíre Kayapó se tornou mundialmente conhecida em 1989, durante o Encontro das Nações Indígenas do Xingu, quando protagonizou um ato de coragem ao pressionar um facão contra o rosto do então presidente da Eletronorte, José Antônio Muniz. Na ocasião, Tuíre protestava contra a construção da Hidrelétrica de Belo Monte, um projeto que ameaçava o meio ambiente e a vida dos povos indígenas na região. O gesto simbólico de Tuíre resultou na suspensão do projeto por uma década, e ela passou a ser reverenciada como “a mulher que parou a obra”.

O impacto de Tuíre na luta pelos direitos indígenas foi imensurável. Sua coragem e determinação foram reconhecidas não apenas por seu povo, mas também por diversas instituições e lideranças ao redor do mundo. Em nota, o Dsei-Kayapó destacou a importância de Tuíre na defesa da cultura e dos territórios indígenas: “Tuíre Kaiapó foi uma grande guerreira na defesa dos direitos dos povos indígenas, uma voz incansável na luta pela preservação da cultura e do território Kayapó. Sua dedicação e coragem inspiraram gerações e deixaram um legado inestimável.”

O ato de Tuíre Kayapó ao enfrentar o presidente da Eletronorte marcou um momento crucial na história da luta pelos direitos indígenas no Brasil. Na época, com apenas 19 anos, Tuíre protestou em sua língua nativa, alertando sobre os impactos devastadores que a construção de Belo Monte traria para o meio ambiente e para as comunidades indígenas. O protesto ajudou a interromper o projeto da usina por vinte anos, destacando a força e a resistência dos povos originários em defender suas terras e culturas.


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