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MoviMente | Pergunte à Psi: Juliana Galvão fala sobre Ansiedade

Foto: Reprodução.

Sextou! Cheguei. E, antes de mais nada, que bacana perceber que vocês seguem perguntando e abrindo a possibilidade de conversarmos sobre questões tão necessárias. Vamos começar entendendo a ansiedade, que é uma resposta natural do nosso a situações novas, preocupantes ou que demandem maior cuidado e energia. Sim, a ansiedade é um processo incômodo, porém, natural. Mas, qual o ponto de atenção então? Quando esse incômodo impacta tua rotina, teus padrões de sono e alimentação, por exemplo. Além disso, se a sensação incômoda (que pode se apresentar em forma de pensamentos/comportamentos e/ou respostas corporais) persiste, é essencial buscar orientação profissional. A ansiedade pode ser uma reação temporária e natural, porém, em alguns casos pode ser caracterizada como um sintoma ou mesmo uma doença que requer tratamento. Tratamento que sim, pode te ajudar a ter uma vida agradável e de qualidade. É um tema necessário para debater, visto que, segundo a Organização Mundial de Saúde, a prevalência global de ansiedade e depressão aumentou 25% no primeiro ano da pandemia de COVID-19.


Agora, a psi aqui responde vocês.


O que fazer em uma crise de ansiedade?

A crise é um momento intenso de sintomas, uma experiência muito desagradável para quem sente. Dentre alguns sintomas temos: taquicardia (coração acelerado), mãos suam, pernas que tremem, falta de ar, dor de barriga, sensação de desmaio, dentre muitos outros. É muito ruim. Porém, a crise não implica risco real de perigo à sua integridade. Embora difícil, recomendo que procure mentalizar que a crise passa. Outro recurso que pode ajudar é buscar um lugar reservado para fazer exercício de respiração (pode ser com contagem de tempo: puxa o ar pelo nariz, segura por 5 segundos e depois solta pela boca em 5 segundos e repete até se sentir melhor). As vezes colocar uma música que você goste e te leve para uma conexão afetiva, pode ajudar. E lembre: é muito ruim, mas vai passar. Não esquece: buscar orientação com psicólogo/psiquiatra é muito importante para que entendas melhor o teu quadro de ansiedade. No podcast A Perguntinha de Quinta (link lá embaixo) tem um episódio que falo sobre o que fazer em caso de crise de ansiedade na rua.


Que tipo de profissional posso buscar?

Para orientação e acompanhamento em casos de ansiedade (ou qualquer dificuldade emocional) você pode procurar psicólogo e/ou psiquiatra. O psicólogo atua com técnicas e intervenções no aspecto comportamental ou emocional, já o psiquiatra tem formação em medicina e irá atuar observando aspectos mais orgânicos (incluindo medicação). O ideal é que você procure, inicialmente, orientação com os profissionais dessas duas áreas, visando um melhor manejo de qualidade de vida e saúde.


Como a ansiedade surge?

Não há uma resposta para essa questão, visto que cada pessoa pode vivenciar ansiedade de forma única. Portanto, aquilo que é um gatilho e pode representar uma crise de ansiedade para alguém, pode representar absolutamente nada para outra pessoa. Há ainda casos de crise sem qualquer gatilho ou estímulo. De maneira geral, as possíveis causas podem envolver genética, situações estressantes, distúrbios hormonais, dentre outros. Então, volto aqui com a necessidade de orientação com psicólogo/psiquiatra a fim de que entendas como a ansiedade se manifesta na tua rotina.


Às vezes tenho crises de ansiedade e tento não demonstrar, isso me deixa muito cansado no fim dia. Sou julgado por não conseguir fazer muitas coisas, mas quase ninguém sabe que sofro de ansiedade, o que posso fazer?

Bora pensar um pouco sobre essas duas questões aqui. Em se tratando de aspectos emocionais, quando o assunto é um sintoma ou mesmo um transtorno mental, há um estigma. Ainda é um tabu a ser quebrado o debate e a conscientização sobre a importância da temática. Muitas pessoas que apresentam quadros de adoecimento, como a Ansiedade, ainda precisam lidar com mais essa angústia: o preconceito da sociedade sobre os problemas mentais. É importante que você, que tem diagnóstico e lida com a ansiedade, possa tratar do assunto em suas redes e ciclos de contato. Pode ser difícil, especialmente se você está em grupos em que a conversa sobre saúde mental é restrita. Recomendo que você procure (se ainda não faz) acompanhamento com psicoterapeuta a fim de tratar essa dificuldade e busque recursos para lidar melhor com o diagnóstico frente aos seus grupos. O ideal é que possas tratar do tema abertamente e proporcionar diálogo sobre o assunto, não precisando omitir tua dificuldade com a ansiedade. Essa conversa pode até facilitar tuas relações e dar oportunidade para as pessoas terem um outro olhar sobre o tema.

Existe remédios caseiros pra ansiedade?

De forma geral, o tratamento da ansiedade envolve acompanhamento com psiquiatra e psicólogo, inclusive para alguns casos, o psiquiatra pode prescrever medicação. Existem recursos alternativos que auxiliam o processo, tais como atividades físicas (as que façam sentido e que você curta), meditação, yoga, exercícios de respiração, por exemplo. Dessa forma, é importante entender que não há remédio caseiro, mas há alguns recursos auxiliares que, em conversa com o profissional de saúde mental que te acompanha, pode fazer parte do tratamento.


Traumas de infância mal resolvidos podem ser a causa da minha ansiedade?

Para entender qual a causa da ansiedade se faz necessário a orientação com os profissionais de saúde mental. No entanto, é possível que situações mal resolvidas, causadoras de frustração e angústia e que tenham ocorrido em qualquer momento da vida (incluindo infância) possam estar relacionadas à quadros de ansiedade. Isso reforça a importância de observarmos nossos comportamentos e reações emocionais e buscarmos orientação profissional.

As vezes choro tanto que mal saio da cama por causa da ansiedade, o que faço?

A ansiedade pode trazer inúmeras consequências para a qualidade de vida, seja como um sintoma (talvez em ocorrência episódica) ou como um transtorno de fato. Ela também pode estar presente em outros quadros de adoecimento, como a Depressão. Nesse caso, é essencial que você busque acompanhamento com psiquiatra/psicólogo para desenvolver o manejo adequado ao seu caso. Além disso, informação sempre é algo que pode ajudar no processo (acesse informativos da Organização Mundial de Saúde e da Fiocruz, por exemplo). Além dos recursos alternativos citados aqui acima.


Fico muito ansioso pra quando vai acontecer algo, e essa ansiedade, às vezes, faz com que na hora eu desista de fazer por medo, o que posso fazer?

A autossabotagem pode se fazer presente num quadro de ansiedade e implica na criação de obstáculos para fazermos algo que precisamos ou que nos leve a alcançar objetivos. Lá no início desta matéria te falo que a ansiedade é uma reação natural (também) em situações novas. Contudo, se ela te paralisa, é preocupante e é um motivo para buscar ajuda profissional. Na psicoterapia (que é um dos recursos para manejo dos quadros ansiosos) são desenvolvidas técnicas que incluem escuta, acolhimento e delineamento de ações que visam diminuir o impacto da ansiedade na rotina e melhorar a tua qualidade de vida.


Minha ansiedade pode virar uma depressão?

Ao vivenciar um quadro de ansiedade podem ser experimentadas sensações de desânimo e baixa energia, típicas de episódio depressivo. Contudo, reitero a necessidade de avaliação com um profissional de saúde mental para a análise do caso específico.


Trabalho num ambiente onde todo mundo é ansioso, como podemos fazer o ambiente de trabalho ser melhor?

Nesse caso é essencial buscar a parceria com o setor de Gestão de Pessoas da sua instituição. Há muitas possibilidades de ações a serem desenvolvidas no ambiente de trabalho, tais como eventos de conscientização em datas específicas, como o Janeiro Branco e Setembro Amarelo (meses que tratam de temáticas de saúde mental). Além disso, podem ser criadas Rodas de conversa periódicas (mensalmente, talvez) que tragam o tema saúde mental para o debate, convidando profissionais da área para fortalecer a proposta e oportunidade de diálogo. Assim, é possível desenvolver uma cultura organizacional que favoreça a comunicação e diminua o estigma da doença mental no trabalho.

MANDE SUA PERGUNTA:

Amei a participação de vocês! O que acharam?
Já sabes a caixinha de perguntas fica disponível no Instagram do BT às quintas. Semana que vem o assunto é Violência. Pergunta lá. Até quinta!

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Juliana Galvão – Psicóloga CRP 10/3645