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MP investiga veterinária que marcou bezerra com o número 22; ação aconteceu em fazenda no Pará

Na quarta-feira, 19, o vídeo da médica veterinária, Fernanda Paula, marcando uma bezerra com um ferro quente, com o número 22, ao som da música da campanha à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), viralizou nas redes, causou polêmica entre os internautas e provocou explicações de especialistas da área.

Na quinta-feira, 20, o Ministério Público do Tocantins (MPTO) entrou no caso para apurar a conduta da veterinária, e definir se houve crime de maus tratos. De acordo com especialistas ouvidos pelo BT, Fernanda Paula Kajozi agiu de forma inadequada, mas não ilegal. O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Tocantins também está apurando a conduta da médica.

Horas depois do vídeo viralizar, Fernanda Paula desativou sua conta no Instagram e criou uma nova para se explicar sobre o que fez. Ela confirmou o apoio a Bolsonaro, mas disse que a marca com o número 22 foi feita como marcação de propriedade, o que, segundo ela, é feita na fazenda desde 2019, para marcar o ano em que o animal chegou na propriedade. Ela também afirmou que as críticas foram feitas em função do uso do jingle da campanha eleitoral de Bolsonaro, e que as críticas que recebeu foram de viés político.

Embora a veterinária tenha o seu registro profissional emitido no Estado do Tocantins, o vídeo que repercutiu foi gravado na fazenda Carioca, que fica no município de Castanhal, no Pará. O proprietário da fazenda é o pai da médica veterinária.

INVESTIGAÇÕES

A investigação criminal foi aberta pela 12ª Promotoria de Justiça de Araguaína, que atua na área de defesa do meio ambiente. O MPE destacou que o crime de praticar abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais é punível com pena de detenção de três meses a um ano, mais multa. Não há um prazo para que o procedimento seja concluído.

O CRMV-TO (Conselho Regional de Medicina Veterinária do Tocantins) disse que está averiguando a conduta ética da médica no vídeo, e que tomará as medidas cabíveis se for comprovada irregularidade na ação da profissional. 

DEFESA DA MÉDICA

Após a repercussão negativa nas redes sociais a veterinária que também trancou a página no Instagram com medo de retaliações e ameaças. Na sua justificativa, ela confirma que fez a marcação, mas que estava fazendo por controle de rebanho, apesar de não estar no padrão do Ministério da Agricultura.

“Eu não marquei 22 na cara do bezerro por conta do Bolsonaro, não. É porque você marca na cara do bezerro o ano, na paleta você marca o mês e atrás, na anca do bezerro, você marca a marca da propriedade, no caso a do meu pai é F1. Eu apenas filmei fazendo um procedimento que desde o mês um está fazendo e até o mês 12 vai estar fazendo. Ano que vem vai ser 23 e assim sucessivamente. Então não tem nada a ver com Bolsonaro. Mas eu sou Bolsonaro”, explicou.

VEJA O VÍDEO:

Confira a nota na íntegra do CRMV-TO:

“O CRMV Tocantins informa que irá averiguar a conduta ética profissional da médica-veterinária, registrada neste Conselho, que marcou bezerra(o) na face com o número 22.  O vídeo do momento viralizou nas redes na última quarta, dia 19. O Conselho irá  tomar as medidas cabíveis se for comprovada irregularidade na ação da profissional. 

Caso fique provado ilícito, a profissional poderá responder Processo Ético Profissional, que será analisado e julgado em Plenária, podendo ser punida, conforme Resolução Nº 1330, de 16 de junho de 2020 e observando a Lei nº 1236, que trata sobre maus-tratos a animais.

A legislação brasileira define a independência das instâncias, cabendo aos conselhos regionais e ao federal a apuração administrativa (processo ético-disciplinar). Caso haja aspectos criminais ou cíveis envolvidos, eles devem ser submetidos à autoridade policial, ao Ministério Público e/ou ao Poder Judiciário”.