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Mpox: Suécia confirma caso grave e ministra da saúde diz que não há motivos para alarme

Nesta quinta, 15, a Suécia confirmou o primeiro caso grave da nova variante 1B da Mpox, uma infecção viral, que teve um aumento de casos recentemente, atrelado a um surto da Mpox no continente Africano. A Organização Mundial da Saúde declarou a doença uma emergência de saúde pública global. Pelo menos 450 pessoas morreram durante um surto inicial na República Democrática do Congo e desde então a doença se espalhou para áreas da África Central e Oriental.

Contudo, em entrevista, a ministra da saúde do Brasil, Nisia Trindade, disse que não há nenhum caso confirmado da nova variante no Brasil e destacou que não há motivos para alarme. Ela pontuou a necessidade de prevenção dos brasileiros para mitigar o avanço da infecção no país.

A Mpox, incialmente foi chamada de “varíola dos macacos”, é uma uma doença viral, transmitida entre humanos por meio do contato com lesões de pele. Sobre essa nova variante, o BT conversou com a médica infectologista, Helena Brígido, doutora em medicina tropical e professora na Universidade Federal do Pará. Ela explicou o que vem acontecendo na África e destacou que devemos ficar atentos a essa nova variante.

“A situação da República do Congo é uma nova variante da doença, já conhecida desde 1970, primeiramente em uma criança do local, casos restritos. O vírus já era conhecido desde a década de 50 em experimentos em macacos, daí a inadequada denominação de varíola dos macacos. Os casos aconteceram isoladamente na África. Em 2022, começaram a aparecer casas fora da África, no continente europeu e chegou ao Brasil. A organização Mundial de Saúde (OMS) considerou como um surto. Pela dificuldade de entendimento de transmissão de macacos, a OMS mudou o nome da doença para Mpox, pois está vinculada ao vírus pox. Tivemos casos em todo o Brasil, em grupos mais vulneráveis. O número de casos também foi limitado e a OMS desconsiderou o surto depois de um tempo. O que está ocorrendo agora na República do Congo, é uma nova variante chamada CLADE 1, afetando várias pessoas, e ocorrendo um número maior de mortes do que o surto de 2022. A possibilidade de expansão mundial é possível devido ao desmatamento, turismo, trabalhos internacionais de profissionais, facilitando a disseminação. Precisamos ficar atentos a pessoa que tenham um quadro clínico compatível e que tenham vínculo epidemiológico com os locais com os casos já existentes dessa nova variante”, enfatiza a especialista.

A infectologista chama atenção para cuidados especiais em áreas de muita movimentação, como aeroportos: “É necessário alerta nos aeroportos, rodoviária, transporte marítimo, para que haja suspeita de casos e isolamento das pessoas. Para que não haja a transmissão no local de embarque e nas famílias, sobretudo locais públicos e privados”, destaca.

COMO DEVO ME PREVENIR DA MPOX?

De acordo com Brígido, pessoas devem estar atentas a sintomas, caso estejam em locais com altas chances de infecção: “É importante que viajantes para locais em que tem a variante, ao perceber quadro de febre, dor de cabeça, também lesões de pele, principalmente na região genital, que possam procurar atendimento médico o mais rápido possível. Para cuidado próprio e para não transmissão a outras pessoas”, ressalta.

Mpox

A doutora também destaca o que deve ser feito e como procurar atendimento, minimizando a possibilidade de transmissão: “O quadro clínico é de uma doença aguda com um período de incubação (tempo entre o contato com alguém doente e a manifestação dos sintomas) de 5 a 21 dias. Apresenta quadro febril acentuado e lesões de pele úlceradas e avermelhadas em várias partes do corpo, principalmente na área genital. Deve-se procurar atendimento médico e já usar máscaras, porque a transmissão ocorre no contato com a pele e também por via respiratória. Pessoas mais vulneráveis: idosos e pessoas com alguma doença que enfraqueça a imunidade e anticorpos, além de profissionais de saúde, pela exposição”, conclui Helena.

O Ministério da Saúde instalou hoje, 15, um Centro de Operações em Emergência em Saúde para coordenar ações de resposta à doença, enquanto a situação está sob controle e sem casos registrados no país, segundo afirma a pasta.

Matheus Damascena/MS.

O Centro de Operações vai operar na sede da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA), em Brasília. A instalação do colegiado contou com a presença da ministra da Saúde, Nísia Trindade. Durante a instalação do COE-Mpox, a ministra enfatizou que, embora não haja motivos para “alarme”, é necessário manter um estado de “alerta” em relação ao vírus. 

“Este é, sim, um motivo de alerta, monitoramento e preocupação. Para isso, contamos com nossos sistemas de vigilância e os Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacens), que são essenciais nessa resposta. Contudo, é importante reforçar que não há motivo para alarme, como já mencionado em comunicados anteriores. Devemos permanecer vigilantes e seguir as recomendações disponíveis para lidar com essa emergência de importância internacional, considerando a presença do vírus no Brasil”, afirmou. 

Na instalação do Centro, a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, destacou que “há uma vigilância sensível para Mpox e, de forma preventiva, as recomendações e o plano de contingência para a doença no Brasil estão sendo atualizadas.” Ela esclareceu ainda sobre as cepas do vírus durante a instalação do COE-Mpox.

“Atualmente, temos duas cepas circulando na região da África. Após a declaração de emergência, descobriu-se que os primatas não eram os únicos hospedeiros da doença. A cepa 1 da variante B, que surgiu no Congo, tem gerado maior preocupação e é a razão para esta nova declaração da OMS, por ter se mostrado mais transmissível. Mutações fizeram com que essa variante B causasse casos mais graves, inclusive em crianças, o que representa uma apresentação diferente do que observávamos anteriormente”, disse.

Desde a Emergência de Saúde Pública de Âmbito Internacional (ESPII) anterior para Mpox, as ações de vigilância para a doença se mantiveram como prioridade no ministério, que já vinha acompanhando com atenção a situação dessa doença no mundo e monitorando as informações compartilhadas pela própria OMS e por outras instituições. 

Em 2024, foram notificados 709 casos confirmados ou prováveis, número significativamente menor em comparação aos mais de 10 mil casos notificados em 2022, durante o pico da doença no Brasil. Desde 2022, foram registrados 16 óbitos, sendo a morte mais recente em abril de 2023. 

Em 2023, a vacinação contra a Mpox foi iniciada em um momento de Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional, com o uso da vacina sendo liberada pela Anvisa de forma provisória, priorizando a proteção das pessoas com maior risco de evolução para as formas graves da doença. Desde o início da vacinação, mais de 29 mil doses foram aplicadas.

VACINA CONTRA A MPOX

Em entrevista concedida a jornalistas, a ministra da Saúde esclareceu que não haverá vacinação em larga escala contra a Mpox. “No Brasil, nós vacinamos com uma licença ainda especial da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em casos muito excepcionais, para grupos muito vulneráveis, pessoas que tinham tido contato com outras pessoas doentes. Então, a vacinação nunca será uma estratégia em massa para a Mpox”, ressaltou Trindade. Ela acrescentou que os especialistas seguem estudando a eficácia da vacina no enfrentamento da nova cepa, e a dificuldade de aquisição de imunizantes ante a escassez de fabricação em massa de doses.

Matheus Damascena/MS.

A Mpox é uma doença causada pelo mpox vírus (MPXV), do gênero Orthopoxvirus e família Poxviridae. Trata-se de uma doença zoonótica viral, em que sua transmissão para humanos pode ocorrer por meio do contato com:

  • Pessoa infectada pelo mpox vírus;
  • Materiais contaminados com o vírus;
  • Animais silvestres (roedores) infectados.

Os sinais e sintomas, em geral, incluem:

  • Erupções cutâneas ou lesões de pele;
  • Adenomegalia – Linfonodos inchados (ínguas);
  • Febre;
  • Dores no corpo;
  • Dor de cabeça;
  • Calafrio;
  • Fraqueza.

Todas as pessoas com sintomas compatíveis com o da Mpox devem procurar  imediatamente uma unidade básica de saúde (UBS) e adotar as medidas de prevenção.

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