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Mulher de Ronie Lessa desmente versão do assassino de Marielle e Anderson sobre a noite do crime

Em novo depoimento, a mulher de Ronie Lessa, Elaine Lessa, desmentiu a versão dele de que tinha ficado em casa na noite do crime. A nova versão dela fortalece mais ainda o depoimento de Élcio de Queiroz, outro réu, sobre um acordo de delação e contou detalhes sobre o assassinato. Ronie foi quem atirou e matou Marielle Franco e Anderson Gomes, em 2018.

Maxwell Simões foi transferido na tarde de terça-feira, 25, para um presídio de segurança máxima em Brasília e, por determinação da Justiça, vai ficar em uma cela individual. A prisão dele foi alcançada com a ajuda da delação premiada feita por Élcio de Queiroz.

O ex-bombeiro foi preso na segunda-feira, 24, acusado de participar do plano para matar a vereadora Marielle Franco, do PSOL e de ajudar os assassinos a se desfazerem do carro usado no crime. Maxwell é amigo de Ronnie Lessa, o ex-PM reformado que está preso acusado de ter feito os disparos contra Marielle e Anderson Gomes, e foi citado na delação de Élcio de Queiroz.

Élcio falou por duas horas e meia sobre os assassinatos. A Polícia Federal diz que o que Élcio contou foi comprovado por um grande conjunto de provas e elas foram fundamentais para Élcio decidir quebrar o pacto de silêncio com o amigo e comparsa Ronnie Lessa.

“Eu conheço o Ronnie há mais de 30 anos. Ele é padrinho de consideração do meu filho Patrick. Então, nossa relação é nesse sentido, de família. Eu sou amigo da família dele, ele é amigo da minha família”, contou Élcio na delação.

Além da amizade, segundo investigadores, Lessa usava mentiras para que Élcio não confessasse o crime. Uma delas era dizer que não tinha pesquisado sobre Marielle na internet, o que seria uma prova de que ela estava sendo monitorada.

Mas o Ministério Público e a Polícia Federal comprovaram que Lessa pagou para ter acesso a um site privado de dados pessoais e fez pesquisas sobre os CPFs de Marielle e da filha e de um endereço que a vereadora tinha visitado dois dias antes do crime.

A descoberta foi possível porque os investigadores fizeram uma nova análise dos documentos e de um cartão de crédito apreendido na casa de Ronnie Lessa, quando ele foi preso em março de 2019. Encontraram um login que estava ligado ao nome, e-mail e CPF de Ronnie Lessa. Eles descobriram também que dos seis cartões de créditos usados para pagar as pesquisas no site, cinco estavam no nome de Lessa. Um deles era aquele cartão apreendido na casa de Ronnie Lessa.

Lessa também negava que tivesse sido pago pelo assassinato.

Veja o diálogo:

Élcio de Queiroz: “Jurava que não levou um centavo nisso dali. Isso aí ele jurou de pé junto o tempo todo, entendeu?”
Delegado“O senhor, hoje, olhando para trás, o senhor acredita nessa versão de que ele não recebeu nada?”
Élcio: “Não”.
Delegado: “Por quê?”
Élcio: “Porque, depois do fato, vi um acréscimo muito grande, como se diz, no patrimônio. Tinha a Evoque, comprou uma Dodge Ram blindada, uma lancha”.

A versão dos dois sobre o que fizeram horas antes do crime também foi desmentida pela investigação. Inclusive com um novo depoimento da própria mulher de Ronnie Lessa, Elaine Lessa.

Desde a prisão, há quatro anos, Ronnie Lessa e Élcio mantinham a versão de que em 14 de março de 2018, dia do crime, passaram o fim de tarde e o começo da noite bebendo na casa de Lessa e só saíram para ver um jogo em um bar.

Em novo depoimento, há dois meses, Elaine contou que naquele dia permaneceu em casa, no máximo saiu para levar o filho no curso de inglês na parte da tarde, aproximadamente às 15:30h; que na noite daquele dia estava em casa, onde chegou com seu filho por volta das 18:30h; que nesse momento ninguém estava lá, nem Ronnie e tampouco Élcio; que Ronnie só chegou quando estava próximo de amanhecer, pois pouco tempo depois ela acordou para levar seu filho na escola.

Investigadores dizem que foi depois de ser confrontado com as novas provas que Élcio confessou que dirigiu o carro e que Lessa atirou contra as vítimas.

Nesta terça-feira, 25, o Ministério Público do Rio informou que as cláusulas da delação de Élcio de Queiroz estão sob sigilo, mas esclareceu que a pena do delator ainda será estabelecida em um futuro julgamento e que não há acordo para que Élcio não enfrente um júri popular.

ACORDO PARA LESSA FALAR O QUE SABE

Segundo fontes ouvidas pelo G1, a delação de Queiroz, que, assim como Lessa, está preso desde 2019, trouxe novos indícios robustos sobre a morte de Marielle e Anderson, criando condições para que Lessa faça o acordo e dê novas informações sobre o crime. A Polícia Federal pensa em oferecer ao ex-militar um acordo de delação premiada para que ele conte o que sabe e quem ele acoberta sobre a mando das mortes.

*Com informações de G1 e TV Globo.