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Mulheres que denunciaram Marcius Melhem por assédio falam sobre o caso: “Se aproveitava para ‘brincar’ ereto”

A atriz e humorista Dani Calabresa e outras três mulheres falaram publicamente sobre as denuncias de assédio sexual contra Marcius Melhem. Elas e mais sete testemunhas, concederam uma entrevista de mais de uma hora para o portal brasiliense Metrópoles na coluna do jornalista Guilherme Amado.

Dani Calabresa: Imagem: portal Metrópoles

O humorista e ex-diretor do núcleo de humor da TV Globo, Marcius Melhem foi denunciado em dezembro de 2019 por Dani Calabresa. Ele é investigado em um inquérito policial aberto no ano de 2020 pela Delegacia da Mulher do Rio de Janeiro, mas está processando Calabresa por danos morais. Segundo relatos das vítimas, ele usava seu poder como único diretor do núcleo de humor para assediá-las praticando abusos como encostar o seu pênis ereto em atrizes e também forçar a língua em beijos que deveriam ser técnicos. Ainda segundo a denúncia, ele as mantinha sob seu domínio usando o seu poder ora impedindo que elas participassem de novelas na Globo, ora fazendo com que não só as atrizes como outros profissionais tivessem um eterno sentimento de gratidão e dívida com ele.

“Estava insustentável trabalhar em um ambiente em que eu comecei a perceber que eu era barrada dos convites; que eu não era liberada para as coisas; que eu estava trabalhando com tremedeira; que ele se aproveita das brincadeiras para brincar ereto; que ele pega de verdade; ele tenta enfiar a língua de verdade. Não é selinho, não é piada, não é brincadeira”, contou Dani para a coluna de Guilherme Amado.

Além de Dani, Renata Ricci, Georgiana Góes, Veronica Debom, Maria Clara Gueiros, as roteiristas Luciana Fregolente e Carolina Warchavsky, os diretores Cininha de Paula e Mauro Farias, e os atores Marcelo Adnet e Eduardo Sterblicht também falaram sobre o caso. 

“Quando saiu na imprensa a notícia sobre o assédio sofrido pela Dani, eu entendi todos os comportamentos típicos de assédio que estavam acontecendo, tudo o que eu tinha ouvido falar quando comecei na TV Globo. Eu entendi que era verdade, que eu tentei bloquear um tempo como se não fosse”, contou a roteirista Carolina Warchavsky.

Já as outras testemunhas afirmaram que o ambiente de trabalho era tóxico e que o assédio se confundia com piadas e brincadeiras. 

“O que me chamava mais atenção era uma certa falta de vida pessoal. Ele queria transformar aquela coisa do trabalho, a espontaneidade das relações profissionais, para a vida dele”, contou o ator Marcelo Adnet, que trabalhou com Melhem e é ex-marido de Dani Calabresa.

“Como ele não consegue negar, porque é verdade, ele tenta confundir a opinião pública e tenta manipular a narrativa de que ‘são todas loucas’. Só que olha quantas loucas –e esse grupo não está completo”, afirmou Dani

“Para mim, o ambiente do Núcleo de Humor da Globo era muito divertido, mas tinham momentos de constrangimento, que eu demorei para entender que não eram normais e tinham o nome de assédio”, explicou a atriz Georgiana Góes.

O DE DISSE MARCIUS MELHEM:

Marcius Melhem também foi ouvido pelo jornalista Guilherme Amado e admitiu ter “cometido erros e passado do ponto” com a atriz Dani Calabresa, mas disse que não cometeu assédio. “Tem gente que publica essa carta do compliance dizendo que a TV Globo comprovou um assédio que não existe. A carta da emissora não fala em assédio. Eu cometi erros — eu assumo que cometi — eu nunca disse que eu não cometi erros. Eu falei exaustivamente, várias vezes, que eu acho que cometi erros”, disse o acusado.

Veja a entrevista completa: