A Amazônia registrou 33.116 focos de queimadas em agosto, o maior número para o mês desde 2010, quando 45.018 focos foram registrados. Os dados oficiais foram divulgados na manhã de quinta-feira, 1, pelo Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Este também é o quarto ano da gestão Bolsonaro que os focos de queimadas ficam acima da marca de 28 mil. No último dia 22, bioma teve o pior dia de queima em 15 anos.
O índice também está acima da média histórica para o mês, que está em 26 mil (o cálculo do Inpe não considera os valores do ano corrente). No último dia 22 de agosto, o bioma teve o pior dia de queimas dos últimos 15 anos, com 3.358 focos registrados. Completam a lista dos 10 municípios mais queimados, Lábrea, Nicoré, Novo Aripuanã e Apuí, no Amazonas, Colniza, no Mato Grosso e Porto Velho, em Rondônia.
O número é tão alto que, segundo o programa de monitoramento ambiental Copernicus, da União Europeia, afetou “seriamente” a qualidade do ar na América do Sul. Na imagem abaixo feita por um satélite do projeto, é possível ver os altos níveis de monóxido de carbono (CO, gás que é liberado por queimadas) para a região entre 20 e 24 de agosto.
Para Suely Araújo, especialista sênior em políticas públicas do Observatório do Clima, o resultado de todos os índices é desastroso: “Muita degradação ambiental, morte da fauna silvestre, doenças respiratórias na população nas diferentes faixas etárias”.
“Os incêndios florestais na Amazônia estão batendo recordes neste ano em uma combinação de seca, explosão do desmatamento – impulsionada por um governo federal ecocida que vê a política ambiental como mero entrave a ser afastado – e uso inadequado do fogo associado ao próprio desmatamento”, avalia Araújo, que também foi ex-presidente do Ibama.
Em relação aos focos de incêndio acumulados desde o começo do ano até agosto, a Amazônia soma 46.022 registros. No ano passado, o mesmo período teve 39.424 focos de incêndio.
Para o Greenpeace Brasil, os números não são uma surpresa. “O que temíamos e alertamos aconteceu!”, declara o coordenador da campanha de Amazônia da ONG, André Freitas.
“Após quase quatro anos de uma clara e objetiva política antiambiental por parte do governo federal, vemos que na iminência de encerramento desse mandato – que está sendo um dos períodos mais sombrios para o meio ambiente – grileiros e todos aqueles que tem operado na ilegalidade, viram um cenário perfeito para avançarem sobre a floresta”.
CONSEQUÊNCIAS
“Primeiro as arvores são derrubadas com correntão, ou de outra forma, e depois se ateia fogo na área, ou seja, os dados anteriores de desmatamento agora refletem na dimensão das queimadas. O fogo é a finalização do desmatamento”, explica Angela Kuczach, diretora-executiva da Rede Nacional Pró Unidades de Conservação
*Com informações do Portal G1.