Por Ana Feitosa e Bárbara Müller.
Morada nasce com olhos atentos para a nossa região e a nossa paisagem e com o coração transbordando de amor pela nossa Amazônia, contemporânea, pop e ancestral.
A Casa é normalmente uma extensão do próprio corpo, é possível conhecer melhor uma pessoa ao adentrar intimamente o seu universo, que é a sua morada, o lugar em que encontramos o descanso, a paz e também onde se recebem amigos, se compartilham os segredos, onde dormimos e onde sonhamos. Um porto seguro no meio de um mundo agitado.
Por aqui vamos dar dicas e instigar a tornar cada cantinho cada vez mais charmoso e com personalidade.
Qual a cara da sua morada? Ela diz algo sobre você?
Somos Barbara e Ana, e essa é nossa estreia! Pra começar nada melhor do que nos apresentar através das nossas casas e trazer algo dela que consideramos especial.
Em um apartamento situado no bairro da campina, Bárbara criou raízes e apesar de ser uma região há décadas abandonada pelo poder público foi importante na história de Belém, o coração da principal revolução popular, a cabanagem. A parte mais legal de morar aqui é a corrente de vento que vem do Rio, que fica a dois quarteirões de casa.
Nesse caso não tinha como não escolher falar da rede, a estrela da casa. Item indispensável, que trás charme, conforto, cuidado e tradição.
A rede tem origem indígena, os donos do Brasil não poderiam ter deixado maior legado. Tradicionalmente a rede é tecida em cipó e lianas, mas sofreu adaptações, as mulheres dos colonos passaram a utilizá-las em algodão, com varandas e franjas ornamentais. E atualmente encontra-se em enorme variedade de cores, modelos e materiais.
Com a colaboração dos sacerdotes, a rede foi fortemente difundida também no nordeste, entre as gerações que se sucederam através do artesanato, virou algo hereditário e cultural.
A rede é pura poesia e trás alma e aconchego pra casa e pro corpo. Como diria o folclorista Luís da Câmara Cascudo no seu ensaio “Rede-de-Dormir” quando fala desse item que é parte do cotidiano no norte e nordeste: “A rede toma o nosso feito, contamina-se com os nossos hábitos, repete, dócil e macia a forma do nosso corpo. A cama é hirta, parada, definitiva. A rede é acolhedora, compreensiva, coleante, acompanha, tépida e brandamente, todos os caprichos da nossa fadiga e as novidades imprevistas do nosso sossego. Desloca-se, incessantemente renovada, à solicitação física do cansaço”
Uma dica legal é comprar de pequenos produtores no comércio ou de alguma associação indígena. A gente também recomenda de utilizar cordas (como na foto) pra lugares em que a rede normalmente não caberia. Ou a famosa “boca de lobo” amarração pra quando ocorrer o contrário e o espaço for estreito demais.
Para Ana, levar a natureza para dentro de casa sempre foi fator determinante na construção da morada. É possível criar um verdadeiro escape da vida nos grandes centros urbanos, transformando moradas em uma espécie de oásis. Há muitas formas de introduzir a natureza dentro de casa e toques amadeirados, pedras, tecidos naturais.
Dentro desta “naturalidade” há uma tendência que vem se destacando e, veio para ficar, a tendência Wellness, muito alinhada ao bem estar que podemos criar através da inserção da natureza em uma atmosfera perfeita para a admiração e pensamento profundo. Um verdadeiro retorno à nossa essência.
Sendo assim, não tem desculpa! Separa aquele cantinho especial na tua casa e se ainda não tens uma rede na varanda ou quarto, podes providenciar! Aproveita pra levar a natureza para pertinho desse espaço e criar esse refúgio de paz.
Com certeza seu estresse diminuirá e o bem-estar fará parte do seu dia a dia.