//////

“Não adianta desmatamento zero se tiver exploração de petróleo na Amazônia”, diz Sergio Marone na estreia de quadro do BT Amazônia

Na semana passada o BT Amazônia / BT Mais anunciou um novo quadro chamado “Vem pra Belém da COP-30”, com a intenção de fortalecer a posição da capital do Pará enquanto protagonista nas discussões climáticas do mundo sendo a primeira cidade da Amazônia que irá receber o evento em 2025. Na estreia da atração, o primeiro convidado foi o ator e ativista Sergio Marone, que viralizou recentemente após usar o termo “ecossexual” e causar furor nas redes sociais. Em uma conversa de 40 minutos Sérgio se posicionou de maneira taxativa em temas polêmicos como a exploração de petróleo na Amazônia, falou do seu amor por Belém, e fez graça com a grande repercussão da sua “ecossexualidade”.

ECOSSEXUALIDADE

A falta de consciência em relação a isso me corta o tesão.

Sergio Marone

O artista e ativista ambiental explicou o significado do termo “ecossexual”. “Nada mais é do que você ter prazer em coisas simples, mas ao mesmo tempo preciosas da vida como respirar um ar puro, sentir uma brisa na cara, tomar um banho de mar – pelado, talvez. Sabe?”, brincou.

O ator reforçou o quanto a falta de consciência sobre o meio ambiente corta o tesão. “Fato que o planeta tá aquecendo, numa velocidade que nem os cientistas mais pessimistas previram. Nada é mais importante que isso hoje em dia. Então, tem coisas que a falta de consciência em relação a isso me corta o tesão. Então quando eu encontrei esse termo “ecossexual” na internet, eu me identifiquei imediatamente. Porque é isso, são pessoas que estão preocupadas com o essencial, que estão fazendo a mudança e que tem prazer com o essencial que é o contato com a natureza, que é obra divina”, disse.

Sergio Marone fala sobre o termo “Ecossexualidade”.

ATIVISMO E BELO MONTE

Ouvi deles que a obra ia sair, que já tinha muito dinheiro envolvido.

Sergio Marone.

Sergio contou sobre como começou a sentir o chamado para o ativismo ambiental. “Eu não sei especificar exatamente (quando começou), porque essa troca com a natureza sempre foi muito regenerativa pra mim, quase religiosa. Agora o meu envolvimento com a causa ambiental tem tudo a ver com vocês aí, porque foi na época da usina hidrelétrica de Belo Monte, quando o governo Dilma retomou esse projeto. Eu comecei a acompanhar o “Movimento Xingu Vivo”, que fazia um trabalho fantástico reportando tudo o que estava acontecendo por conta da retomada desse projeto”, contou o ator.

Sergio Marone falando sobre o começo no ativismo ambiental.

E seguiu: “Eu ficava chocado com os relatos e ficava pensando como isso não sensibilizava as pessoas no geral. Foi quando eu e uns amigos criamos o “Movimento Gota D’água” e reunimos pessoas como Paulo Gustavo, Dira Paes, Murilo Benício, Juliana Paes… enfim, uma galera super legal e fizemos um vídeo de cinco minutos ironizando a construção da usina. O vídeo foi um sucesso, teve 1 milhão de assinaturas contra a usina. Em menos de um mês e meio eu estava indo entregar as assinaturas para três ministros do governo Dilma, mas ouvi deles que a obra ia sair, que já tinha muito dinheiro envolvido”, narrou.

“Essa foi a primeira vez que eu me envolvi de fato. Minha vida virou de ponta cabeça, tinham umas 10 pessoas trabalhando aqui de casa, vestindo a camisa da causa, da campanha, pessoas do Greenpeace, instituto sócio ambiental…Depois vieram outras campanhas e hoje eu tenho a Tukano, que é uma marca de dermocosméticos que vem, por exemplo, com embalagem sustentável”, contou Sergio.

EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO NA AMAZÔNIA

Precisamos mudar o conceito de salvar o planeta, porque o planeta não precisa ser salvo. A natureza se auto regenera. A gente tem é que se salvar, salvar a humanidade.

Sergio Marone.

A jornalista Mary Tupiassu trouxe para a conversa o polêmico e controverso projeto para exploração de petróleo na Amazônia, proposta que vem sendo motivo de críticas para o governo federal. “Que eu sou contra a exploração de petróleo na Amazônia não preciso nem dizer. Estamos vendo o governo agora super comprometido em chegar ao desmatamento zero, mas não adianta se tiver exploração de petróleo na Amazônia. Claro que qualquer contribuição é boa, mas a gente entendendo hoje quão ela (Amazônia) é fundamental para tudo, pro equilíbrio do ecossistema, pra chuva do agronegócio…todos vão ser atingidos, aumento do preço dos alimentos se tiver menos chuva”, avaliou.

Sergio Marone fala sobre a possibilidade de exploração de petróleo na Amazônia. Foto: Reprodução.

Mary também levantou a discussão sobre o uso de recursos não-renováveis, como o plástico, que é derivado de petróleo, e Sergio falou sobre a toxicidade desse tipo de material para os seres humanos e animais. “Com relação a plástico: é derivado de petróleo, é cancerígeno. Quando você joga fora uma embalagem de plástico sem ser da forma correta, ela corre o risco de ir parar nos rios, nos mares. Com a ação do solo e da água ele se decompõe ao longo do tempo em micropartículas de plástico, que são ingeridas por peixes, crustáceos, e animais fluviais que a gente consome até diariamente. Então esse plástico acaba voltando pra gente.”, disse.

O ativista também defendeu uma mudança na lógica da preservação do meio ambiente, lembrando que somos nós que precisamos da natureza e não o contrário. “Precisamos mudar o conceito de salvar o planeta, porque o planeta não precisa ser salvo. A natureza se auto regenera. A gente tem é que se salvar, salvar a humanidade. Porque a gente vai ser expurgado dessa função de zelador desse planeta que é um paraíso. E a gente ainda não identificou isso como paraíso? Pelo amor de Deus, né, gente. Isso aqui é um milagre divino. É preciso conscientizar as pessoas que meio ambiente limpo, preservado, é uma questão de saúde humana, de qualidade de vida. Os serviços que o meio ambiente presta pra gente não tem preço, precisamos aprender a valorizar isso”, afirmou.

TUKANO

Temos que educar o público, para ele exigir mudança das empresas e dos governos.

Sergio Marone.

Sergio falou ainda sobre a “Tukano”, marca do qual ele é que atua na área de dermocosméticos veganos e sustentáveis. “A Anvisa fala que você pode consumir uma quantidade x de alumínio. Muitos desodorantes tem alumínio, o da Tukano não tem, mas você fica contando quanto que você tá consumindo de alumínio no seu desodorante? No seu shampoo? Ninguém faz essa conta. Outro produto que temos na Tukano é fralda reutilizável. Uma criança joga, em média, 5 mil fraldas fora durante toda a infância. Enquanto você, comprando 24 fraldas da Tukano, cria a criança durante toda a infância e não produz lixo”, avaliou.

O ator também lembrou que as marcas tem um compromisso com essa transformação e que precisam ser cobradas. “Temos que educar o público, para ele exigir mudança das empresas e dos governos. Dessa forma conseguimos gerar a transformação em três esferas: a esfera individual, na esfera das empresas – porque temos que cobrar das grandes marcas que elas façam essa transformação, porque elas podem e tem dinheiro pra isso, e temos que cobrar também dos governantes que eles de fato ajam”, afirmou.

INSUMOS DA AMAZÔNIA E BIOECONOMIA

É importante lembrar que tem gente na Amazônia.

Sergio Marone.

Quando perguntado por Mary sobre a possibilidade de utilizar insumos da região amazônica em produtos da Tukano, Sergio revelou em primeira mão que o contato para que isso aconteça já existe e é uma realidade próxima. “Não só tenho como fizemos um contato com o pessoal do Selo Origens. A gente vai lançar agora dois shampoos e dois condicionadores novos e a gente quer colocar óleos da Amazônia. Fizemos o contato e estamos em negociação direto com a comunidade para incorporar esse elemento nessas novas fórmulas. A floresta pode render muito dinheiro em pé. Temos aí tantos ingredientes, tantos ativos importantes. Não só para cosmética, mas pra gastronomia…enfim. Isso pode ser vendido pro mundo inteiro fazendo com que a floresta renda dinheiro em pé e fortaleça as comunidades locais. É importante lembrar que tem gente na Amazônia”, disse.

ESCOLHAS CONSCIENTES

O futuro é agora e depende das nossas escolhas hoje.

Sergio Marone.

Por fim, Marone falou sobre a consciência necessária para a realização de verdadeiras mudanças no que diz respeito ao meio ambiente. “Temos que ter consciência de que qualquer pequena mudança faz uma grande diferença. O futuro é agora e depende das nossas escolhas hoje. O tempo inteiro estamos fazendo escolhas, principalmente na hora de comprar. Quando você escolhe a empresa que você está comprando porque ela tem uma responsabilidade social ou ambiental, você tá garantindo um futuro melhor pra você. Essa consciência, pra mim, é fundamental que as pessoas tenham. O poder de consumo é transformador”, defendeu.

VEJA A ENTREVISTA NA ÍNTEGRA:

PRÓXIMO ENTREVISTADO

O próximo entrevistado do quadro “Vem pra Belém da COP-30” é um dos ministros do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Quer saber quem é? Fica ligado nas redes do BT!