O advogado criminalista Marco Pina afirmou, na tarde de quarta-feira, 20, que o naufrágio da lancha ‘Dona Lourdes II’, no dia 8 de setembro, foi uma “tragédia anunciada”. A declaração foi feita logo após o criminalista ser contratado pela família de uma mulher que perdeu o marido e a filha no acidente. O advogado disse que, segundo uma prima da mulher que o contratou, uma semana antes da lancha afundar nas proximidades da ilha de Cotijuba, a embarcação já havia apresentado problema na hélice no meio de uma viagem, do porto de Camará, na ilha do Marajó, com destino a Belém.
Com o problema, ainda de acordo com o criminalista, Marcos de Souza Oliveira passou o comando da lancha para a esposa dele, enquanto verificava o que tinha acontecido. Pessoas que estavam na viagem relataram que, neste momento, a lancha teria ficado desgovernada. “Uma semana antes deste trágico naufrágio esta mesma lancha, que vitimou até agora, 22 pessoas, fez um trajeto Caramá-Belém, mesmo não sendo autorizada a sair do porto de Camará, saindo de um porto clandestino, chamado popularmente de ‘Camarazinho’, em Cachoeira do Arari. Não sei quem está por trás disso. E, nesse trajeto, uma semana antes do acontecido, viajou nessa lancha, pilotada pelo mesmo comandante que está preso hoje, viajou uma prima da senhora que me contratou hoje e perdeu dois entes queridos”, pontuou Pina.
“A prima relatou que a lancha deu problema na hélice. O dito piloto deixou o comando da lancha com a sua esposa, que não deve ser habilitada, enquanto ele foi resolver o problema da hélice. E, segundo a prima desta senhora, enquanto a condução da lancha era feita pela esposa do Marcos, a lancha ficou desgovernada, porque a esposa do Marcos não tem habilitação e não sabia conduzir. Tudo isso é para vocês verem que foi uma tragédia anunciada o que aconteceu. É muita irresponsabilidade do piloto deixar a sua esposa conduzir uma lancha conduzindo pessoas. Era uma tragédia anunciada”, frisou Pina.
RELEMBRE O CASO
O naufrágio da lancha Dona Lourdes II completou 14 dias nesta quarta-feira (21). A embarcação, conduzida por Marcos de Souza Oliveira, estava irregular e saiu de um porto clandestino da comunidade de Camará, em Cachoeira do Arari, na ilha do Marajó, com destino a Belém, e afundou nas proximidades da ilha de Cotijuba, na baía do Marajó, na capital paraense, no dia 8 de setembro, uma quinta-feira. A empresa responsável pela embarcação é a M de Souza Navegações Ares, que pertence à Meire Ferreira de Souza, mãe de Marcos. Ele está preso desde o dia 13 deste mês. As investigações sobre o caso estão sendo conduzidas pela Polícia Civil do Pará e Marinha do Brasil.
Até o momento, a Secretaria de Segurança Pública do Pará (Segup) já contabilizou 22 mortos e 66 sobreviventes. Uma pessoa ainda está desaparecida e buscas continuam sendo realizadas para encontrá-la. A secretaria acredita que a pequena Sofia Loren, de 4 anos, seja a última vítima do naufrágio.