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Nice Tupinambá | Povo Kayapó expõe produções artesanais no São José Liberto

Falar sobre arte indígena, é contar a história de um povo; os traços, as linhas geométricas, as cores, a beleza e a delicadeza, tudo remete a ancestralidade que cada povo carrega em seu sangue. São mais de 305 povos indígenas no Brasil e mais de 250 línguas, só no Pará são mais 37 povos, com sua cultura e conhecimento ancestral. 

Artesanatos produzidos pelo povo Kayapó em Belém. Foto: Nice Tupinambá

Como forma de difundir e trazer para os grandes centros a arte dos povos originários, o instituto Kabu realiza a segunda exposição de artesanato do povo kayapó. Um trabalho, feito por mestres artesãos que guardam dezenas de anos de conhecimentos originários.  A Exposição “Arte do Homem Kayapó”, está sendo realizada no espaço São José Liberto e vai até 26 de junho. 

Artesanatos produzidos pelo povo Kayapó em Belém. Foto: Nice Tupinambá

Mydjere Kayapo, vice-presidente do Instituto Kabu, fala que expor a arte de seu povo é trazer um pouco de sua cultura e falar a importância de manter a florestas em pé. “A importância para dentro da cidade aqui, é o pessoal ver que existe cultura rica diferente. Nós não precisamos desmatar, nós não precisamos poluir pra ter o recurso, é a natureza que nos oferece recurso, através do projeto sustentável, nós não precisamos derrubar pé de árvore, nós não precisamos derrubar pé de castanha, não, não precisamos. É eles que oferecem recurso pra nós, então tudo isso que você está vendo são retirados da floresta, nós não precisamos poluir e nem desmatar” afirma Mudjere. 

Artesanatos produzidos pelo povo Kayapó em Belém. Foto: Nice Tupinambá

A exposição expressa um pouco da compreensão do mundo Kayapó do povo Mekrägnoti, materializado através das diversas práticas associadas ao fazer artefatos. O imenso número de possibilidades produtivas e artísticas faz dos Kayapó reconhecidos por sua arte material.

 A sua arte ou artesanatos são produzidos a partir de uma bem elaborada divisão de trabalhos em que os homens confeccionam a grande maioria dos objetos utilitários rituais e decorativos e, por sua vez, as ‘menire; como se autodenominam as mulheres Kayapó, se expressam artisticamente por meio da pintura corporal e do trabalho com as miçangas multicoloridas, que são pacientemente transformadas em ricos adornos e enfeites corporais. 

Fotografias e artesanato do povo Kayapó. Foto: Nice Tupinambá

Os artesãos memu trouxeram uma diversidade de produtos para expor no espaço São José Liberto, além de imagens, fotografias e textos, os próprios objetos que foram confeccionados. São mais de 60 objetos produzidos na floresta com baixo impacto ambiental e com alto valor cultural agregado. “Essa exposição que tá acontecendo aqui, que trouxemos pra cá, nós estamos mostrando para os não indígenas da capital aqui, o que é que os homens fazem. E eu estou muito feliz porque eles estão visitando bastante aqui e vendo nosso trabalho, isso é importante para nós, é a importante não só pra mim, mas pra comunidade. Assim que chegar eu vou repassar o que vi aqui pra comunidade”, disse orgulhoso o vice cacique geral e artesão Pinte Kayapó.

Sobre os Mekrângnoti

Os Mebêngôkre fazem parte do povo Mekrâgnoti, mais conhecidos pelo nome Kayapó. São daqui do estado do Pará, distribuídos em duas Terras Indígenas (Baú e Mekragnotire). Uma área muito importante para a conservação de rios e diversas espécies de plantas e animais. A língua falada pelo povo é a “Jê”, do tronco “Macro-Jê”.

Produção do povo Kayapó no São José Liberto. Foto: Nice Tupinambá

Os Kayapó Mekrägnoti são comunidades Etnoprodutivas, que produzem artesanatos e alimentos com diferencial cultural étnico estabelecido pelo trabalho tradicional, ligado a conhecimentos culturais transmitidos de geração a geração, dos mais velhos para os mais novos, dentro de sua rica cultura.

Aldeia Baú, Kubenkokre, Pukany, Krimej, Pyngraitire, Kawatum, Pykatoti, e Mekragnotire Velho são nomes que se relacionam diretamente com os territórios produtivos Mekrägnoti. As ricas florestas Kayapó, se distribuem por um vasto território de florestas densas, com árvores centenárias, ocupando uma área de aproximadamente 6 milhões de hectares de Floresta Amazônica.

Este importante território fornece aos Kayapó matérias primas, como: cipós, madeiras, folhas, fibras e outros recursos associados à produção tradicional de artefatos. Às vezes, o deslocamento para as áreas de obtenção de material é muito distante e os artesãos podem levar alguns dias para acessar e retornar às comunidades. O etnoterritório Kayapó é envolvido por importantes cursos de rios, como o Xingu, à leste da TI Mekragnotire, na porção central, o rio Iriri, e a oeste, rios Pixaxa, Baú e Curuá, dentro da TI Baú.