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‘Nossa meta é garantir e proteger o direito dos povos originários’, diz Puyr Tembé, em entrevista ao BT

O BT conversou com a secretária da Secretaria de Povos Originários do Pará, Puyr Tembé. Ela assumiu a inédita secretaria, criada no mês de janeiro. A representante que é de origem indígena e se posiciona como defensora dos povos e comunidades tradiconais, está á frente da pasta há um mês. Veja abaixo os temas abordados por Tembé na entrevista:

METAS DE TRABALHO

“A nossa meta é tentar garantir, proteger e promover o direito dos povos indígenas. Somos parte de um estado que tem os seus deveres, e temos uma política que é a nível municipal, estadual e federal. O que cabe a mim, a gente vai tentar fazer todo o possível”, contou a secretária sobre as metas na sua gestão.

CENÁRIO NA AMAZÔNIA

“Estamos tentando ajudar o povo brasileiro e o Governo a reconstruir um país que foi laragado há quatro anos, e largado os povos indígenas. Nós (povo indígena) também fomos largados. Estamos no momento de reconstruir. Muita coisa precisa ser feita. Temos que proteger as comunidades de todos os biomas, não só da Amazônia. A Amazônia vive hoje um cenário muito delicado. Quando falamos de Roraima, estamos falando da Amazônia. Então estamos vendo esse cenário com o povo Yanomami, e estamos muito preocupados que esse cenário não aconteça no Pará. Uma vez que falamos de garimpo em Terras Indígenas. O Pará é um dos estados que têm um cenário bem complexo, mas temos diálogos com o governo federal que está muito empenhado em resolver essa questão (garimpo em Terra Indígena). O Governo estadual não é diferente, também está entrando nessa linha, de ajudar a reconstruir o país. E fazer com que os povos indígenas do estado do Pará não cheguem no cenário que chegou os povos indígenas do estado de Roraima”, defendeu Puyr.

REALIDADE DOS HABITANTES DA AMAZÔNIA NO PARÁ

“Temos um cenário muito delicado. No sul do Pará é um cenário muito delicado. Oeste do Pará é um cenário muito delicado, como nos municípios de Itaituba, Jacareacanga, Novo Progresso, Novo Repartimento, Ourilândia, São Félix do Xingu. E também no nordeste do Pará, onde fica a Terra Indígena Alto Rio Guamá, que é uma área preocupante, assim como Altamira, porque são as áreas mais desmatadas que o Pará tem, então são esses os focos que vamos trabalhar, a nível de estado e governo federal, para frear o desmatamento no Pará, sobretudo nas Terras Indígenas”, detalhou Tembé.

Sobre o diálogo para ouvir os relatos das comunidades que estão enfrentando realidades delicadas, Puyr disse ao BT: “Estamos em constante diálogo com os povos originários e precisamos construir uma política para o Pará. Por isso a Secretaria dos Povos Originários está se colocando à disposição para ouvir e trazer essas demandas para o governo municipal, estadual e municipal. Eles nos pedem a proteção da vida, da vida deles. Assim como, a demarcação das Terras Indígenas, que cabe ao governo federal demarcar, mas o estado também tem o seu dever, nesse processo. Vamos levar políticas públicas, educação, saúde, fortalecer a sustentabilidade que já existe dentro dos territórios, e proteger a floresta e deixar essa floresta viva e em pé, para que ela viva”, disse.

PLANEJAMENTO DE AÇÕES COM O GOVERNO FEDERAL

“Já estou com constantes diálogos com a Sônia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas do Brasil, e o próximo foco de atuação do Ministério é intervir no estado do Pará, já que o Pará está se colocando para receber a COP30, que trata dos avanços climáticos para proteger e preservar a Amazônia. Queremos receber e fazer um evento (COP30) muito agradável e ativa, por ser na Amazônia, e que traga resultados positivo. E a Sônia está muito ligada nessa questão e está em diálogo com o próprio governo do estado e a Secretaria dos Povos Originários”, revelou Puyr.

CONFLITOS EM ACARÁ E TOME-AÇÚ

Puyr também comentou sobre um longo conflito que acontece em 17 comunidades de indígenas, quilombolas e ribeirnhos, residentes dos municípios de Acará e Tomé-Açú, que tentam defender seu território diante dos avanços da multinacional produtora de óleo de palma Brasil BioFuels (BBF). “Há uma necessidade de um diálogo desse segmentos e populações de povos indígenas e povos tradicionais com uma empresa que precisa dialogar. E nisso, o estado do Pará, através da secretaria, vamos tentar intervir da melhor forma. É nesse diálogo que vamos tentar construir uma nova história. Pretendo visitar a região”, finalizou.