No último dia 18 de junho, o diesel passou por mais um aumento no país.
Com o reajuste, o preço médio de venda do diesel da Petrobras para as distribuidoras passou de R$ 4,91 para R$ 5,61 por litro, representando uma alta de 14,26%. Vale lembrar que esse valor sofre um novo aumento ao passar para os consumidores, por conta dos impostos empregados.
O BT conversou com o especialista em Mobilidade Urbana e Trânsito, Rafael Cristo, que falou sobre como o aumento do diesel pode afetar o cenário do transporte público da região metropolitana de Belém. “O aumento do diesel impacta diretamente na planilha do transporte público. A qualidade e a eficiência do serviço ofertado à comunidade podem ser prejudicadas”, disse.
O especialista reforçou, ainda, a importância de dar prioridade para o planejamento do sistema de transporte público. “É importante repensar esse modelo de transporte público da capital paraense. É perceptível que a cada ano o número de passageiros está reduzindo, isso já foi informado pelo próprio sindicato do transporte de Belém. As pessoas migraram para o aplicativo, transportes individuais, passaram a utilizar mais as bicicletas, mas é o transporte público que dá a dinâmica da cidade. Então é importante verificar junto com algum gestor, nesse caso a Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob), a possibilidade de você ter investimento subsidiado pela prefeitura”, falou Rafael Cristo.
Para o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Belém (Setransbel), Paulo Gomes, o setor do transporte não é o único afetado. “Os sucessivos aumentos dos combustíveis geram prejuízos para todos os setores e também para a população. No caso específico do transporte coletivo a situação é ainda mais crítica. Diariamente os ônibus são abastecidos para circular o dia inteiro, não fazemos abastecimentos fracionados. Por mês são mais de 3.000.000 de litros. Sem combustível o veículo não tem como rodar”, alertou.
O presidente do sindicato afirma, ainda, que as empresas se encontram em “incapacidade financeira” de realizar todas as melhorias desejadas. “O valor da tarifa é tabelado e não acompanha os aumentos de insumos a tempo de repor os prejuízos causados, como se observa em outras atividades. Passamos quase 3 anos sem revisão da tarifa enquanto todos os custos subiram: pessoal, combustíveis, pneus, veículos, energia, peças e tudo mais. E quando o prejuízo acontece não há indenização, ele vai se acumulando. O resultado é a incapacidade financeira para realizar melhorias no sistema, incluindo a renovação dos ônibus. É lamentável, mas a conta não fecha”, lamentou.
Quando perguntado sobre o que pode ser feito para lidar com mais um aumento, Paulo Gomes afirmou que é necessário cobrir os custos do sistema, mas que o passageiro não pode pagar por essa conta. “Na última planilha técnica da Semob, aprovada pelo Conselho de Transportes, o diesel custava R$5,33 e a tarifa foi calculada em R$5,01. Hoje pagamos R$7,33 no litro do combustível e a tarifa continua em R$4,00. O prejuízo mensal supera R$18 milhões de reais. É necessário que os custos do sistema sejam cobertos, mas entendemos que o passageiro não deva pagar o valor sozinho, o que seria inviável para a maioria deles. Notamos que quando a tarifa é revisada perdemos mais passageiros pagantes, o que prejudica ainda mais o sistema”, avaliou.
Por fim, o presidente afirmou que é necessário avaliar outras formas de remunerar o sistema. “A participação do poder público, através de subsídio ou desonerações, é a medida necessária neste momento, para não impactar o bolso do usuário. Também é necessário avaliar novos modelos de remuneração do serviço, já implementados nas principais capitais. A remuneração por passageiro transportado, ou por quilômetro rodado, são exemplos que têm dado certo, atendendo as necessidades dos usuários e permitindo a melhoria do serviço prestado”, finalizou.