Novas imagens revelam os detalhes do caso ocorrido na madrugada da última quarta-feira, 25 de maio, na Travessa Quintino Bocaiúva, quando um motorista acelera o carro com uma travesti pendurada pelo braço.
Na gravação, registrada por câmeras de segurança, é possível ver a travesti, próximo ao carro, movimentando as mãos junto das partes íntimas. Em 28’ da gravação o motorista coloca a mão pra fora do carro e aparece pegando no órgão genital da trabalhadora sexual.
A movimentação continua, só que agora o motorista está com as mãos novamente dentro do carro. Ele tira o que parece ser dinheiro e dá para a pessoa trans.
A travesti continua o movimento. Em um momento do vídeo, uma bicicleta passa pelo lado esquerdo da via, mas ignora a movimentação.
Agora ela se aproxima ainda mais do automóvel, e o homem se debruça pra fora do veículo, colocando a mão no órgão genital da travesti. Parece rolar alguma conversa entre os dois. O homem coloca a mão direita no rosto e é nesse momento que a travesti tenta pegar algo dentro do carro.
Ele tenta conter o braço dela e é quando podemos ver um impulso e ela pula para dentro do veículo. Então o homem acelera, batendo no veículo da frente. Mas a travesti continua pendurada até o final do vídeo.
Veja o vídeo:
Segundo testemunhas ouvidas pelo BT, que conversaram com a travesti depois do ocorrido, ela declarou que tudo aconteceu por conta do valor do pagamento. Ela teria afirmado que a pessoa que aparece no vídeo já era cliente recorrente e que em outras situações já havia oferecido um valor inferior ao combinado após o programa. Na noite das imagens, o cliente teria novamente entregue um valor menor. Então a trabalhadora, descontente com o não cumprimento do acertado, teria tentado pegar algo dentro do carro.
Neste momento, o condutor acelera o carro.
COMO ESTÁ A TRABALHADORA SEXUAL?
Depois do ocorrido, algumas testemunhas que não quiseram ter a identidade revelada, afirmam que ela não apareceu mais no local de trabalho, e que estaria com machucados leves. Já sobre o condutor, ainda não se tem informações sobre a sua identidade ou sobre seu estado de saúde, portanto não sabemos a sua versão dos fatos.
O QUE DIZ O MOVIMENTO LGBTQIA+?
Conversamos com Barbara Pastana, Presidenta do Movimento LGBTQIA+ do Pará, sobre o caso.
Bárbara afirmou que casos como o da travesti, em que, segundo ela, o cliente se recusa a pagar o valor combinado são recorrentes, e há inclusive casos de trabalhadoras jogadas para fora de carros com extrema violência.
A ativista frisa que o comportamento com atitudes violentas não é aprovado pelo movimento que sempre recomenda que em casos como esse a trabalhadora se retire do local.
“Na noite de Belém, depois da pandemia, a vida na noite ficou muito mais difícil. As pessoas têm mais dificuldade de se expor de madrugada na rua, pois a Covid não acabou e essas meninas estão vulneráveis. São muitas problemáticas sociais na vida da travesti”, afirma Bárbara.
A presidenta do movimento frisa que tem um diálogo aberto com as travestis e também com os clientes. “Os clientes penalizados podem procurar a associação de travestis e transexuais do movimento LGBTQIA+ que nós vamos tomar providências. E se houver alguma menina trabalhando de forma irregular, prejudicando outras pessoas, nós também tomaremos providências, pois não é certo ainda mais neste momento de dificuldade” disse.
Bárbara reforçou que o movimento desaprova violência: “Nós enquanto movimento não toleramos esse tipo de violência. Seja com o cidadão que é cliente ou com a trabalhadora”. pontuou a ativista.
O QUE DIZ A POLÍCIA CIVIL SOBRE O CASO?
A polícia civil disse em nota que as imagens estão sendo avaliadas. Alguns moradores da região ficaram assustados com os acontecimentos e até agora disseram que nenhuma investigação oficial foi feita junto dos moradores. Já o proprietário do veículo estacionado, que foi batido durante o evento, espera identificar o condutor do veículo para que pague por seu prejuízo.