De acordo com um levantamento publicado em 2022 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), no primeiro ano de pandemia de COVID-19, a prevalência global de ansiedade e depressão obteve um crescimento de 25% em relação aos últimos anos. A Organização ainda, fez um alerta sobre como os sujeitos que tiveram pouca disponibilidade de serviços relacionados à saúde mental foram afetados durante o período. Desde então, a discussão acerca de incluir serviços e profissionais para acompanhamento psicossocial aumentou em diversos espaços do cotidiano, entre eles está o ambiente de trabalho.
Grande parte da população passa boa parte do seu dia trabalhando, no entanto, os espaços trabalhistas ainda não oferecem estruturas adequadas para manter o equilíbrio mental de seus funcionários, seja pelas longas jornadas de trabalho, ausência de estrutura e mobilidade para chegar e se manter no espaço corporativo, episódios de preconceito e até profundas pressões para atendimento de demandas e de resultados.
Isso pode ser validado com dados de 2017 da Secretaria da Previdência, que confirmam que 9 mil empregados foram afastados e que a depressão seria a motivação principal dos pagamentos de auxílio-doença que não envolvem acidentes, sendo eles 31% desses afastamentos. Entre os distúrbios mentais associados ao local de trabalho estão a ansiedade, depressão, estresse, Síndrome de Burnout (esgotamento mental) e a Síndrome do Impostor (tendência à autossabotagem).
Um empregado com dificuldades em manter seu bem-estar mental pode ter impacto prejudicial para a empresa, visto que também segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), transtornos mentais implicam uma queda de produtividade em valores próximos de 1 trilhão de dólares para a economia global. Outros comportamentos observados são contratempos nas relações em equipe e problemáticas de conduta, como atrasos recorrentes e faltas.
A psicóloga Yasmin Santana, que trabalha no Sicoob Coimppa, comenta que o bem-estar no espaço corporativo recai no desempenho, pois vira um ambiente mais prazeroso, o desejo dos colaboradores de querer estar ali na empresa, contribuindo, querendo tornar melhor e fazendo com que a instituição se diferencie no mercado de trabalho. A profissional também fala sobre a maneira que a empresa pode participar na manutenção do bem-estar do funcionário.
‘‘Por meio de palestras, técnicas e motivacionais com o objetivo de unir e manter essas práticas no decorrer do ano, como rodas de conversas, ações de incentivo à saúde física, querendo ou não, a saúde mental e física andam de mãos dadas, se os funcionários estão com acesso à alimentação no local, bem como colaborações com clínicas de atendimento psicológico para oferecer uma escuta e um serviço de acolhimento’’.
Ela conclui citando os serviços relacionados existentes para apoio psíquico como o CVV (Centro de Valorização à Vida) por meio da discagem 188, o acolhimento de bombeiros para pessoas em crise, clínicas em universidades e diz que os colaboradores devem procurar auxílio profissional para os funcionários terem a quem recorrer, e sempre lembrar de ficar atento aos detalhes para poder ajudar de alguma forma quando precisarem de uma mobilização.