O Ministério Público Federal no Mato Grosso do Sul abriu uma notícia crime para apurar a declaração de um padre que associou o desastre no Rio Grande do Sul à falta de fé, afirmando que o estado gaúcho “abraçou a bruxaria e o satansimo”.
O MPF recebeu a denúncia na última segunda, 20, no canal eletrônico de atendimento ao cidadão. A denúncia apontava o “preconceito religioso por parte do pároco do município de Nova Andradina, no Mato Grosso do Sul”. As palavras foram proferidas pelo padre Paulo Santos, que é gaúcho, e falava ao lado da bandeira do estado.
Os últimos dados de quarta, 22, apontaram 162 mortes e mais de 2.340.460 afetados no Rio Grande do Sul pela tragédia natural, segundo o governo do RS.
A denúncia, distribuída na terça-feira, 21, irá apurar a suspeita de “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”.
PRÓXIMOS PASSOS
Após autuação, começa a contar o prazo de 30 dias, possível de prorrogação por até 90 dias. Neste período, o membro da procuradoria de Dourados deve colher informações preliminares para deliberar sobre a instauração de eventuais procedimentos contra os envolvidos no caso.
A Paróquia informou ao site UOL que ela e o padre não têm nada a declarar sobre o caso e qualquer posicionamento será dado pelos “órgãos responsáveis”. A reportagem também procurou a Diocese de Naviraí, mas não teve retorno. O texto será atualizado tão logo haja manifestação.
DECLARAÇÕES DO PADRE
Padre afirmou que o sofrimento “não vem de Deus” e que o sentimento é inerente à existência humana. Ele continuou declarando que a situação era muito difícil no estado e que amigos e sacerdotes perderam tudo em razão da tragédia. A transmissão ao vivo da missa com a fala começou a repercutir nas redes sociais.
Então, o religioso fez “alerta” aos fiéis. “O Rio Grande do Sul há muito tempo abraçou a bruxaria e o satanismo. Há muito tempo o meu povo tem se afastado de Deus. Deus não precisa mandar sofrimento para nossa vida porque ele não faz isso, mas nós mesmos às vezes buscamos na fragilidade humana coisas ruins para nós”, disse.
Padre também declarou que o Rio Grande do Sul é o “estado mais ateu da federação”. E ainda citou que o secularismo, separação entre as instituições governamentais e instituições religioso, “chegou” no estado.
