Uma investigação da Polícia Civil resultou na prisão da mãe e do irmão da empresária Djidja Cardoso, ex-sinhazinha do boi-bumbá Garantido, encontrada morta em Manaus. As autoridades identificaram que ambos eram líderes de um grupo denominado “Pai, Mãe, Vida”, que forçava o uso de ketamina em rituais realizados na capital do Amazonas. Além dos familiares, funcionários do salão de beleza da família também foram detidos.
A ketamina, um anestésico de uso humano e veterinário, se tornou uma droga ilícita na década de 1980 devido aos seus efeitos alucinógenos e potencial sedativo.
PRISÕES E CRIMES
A Justiça do Amazonas expediu cinco mandados de prisão preventiva, incluindo tráfico de drogas, associação para o tráfico e estupro. Cleusimar e Ademar Cardoso, mãe e irmão de Djidja, foram presos junto com Verônica da Costa, gerente da rede de salões de beleza Belle Femme. Eles estavam sob efeito de drogas e foram localizados na casa onde Djidja foi encontrada morta, no bairro Cidade Nova, Zona Norte de Manaus.
Durante a operação, a polícia apreendeu seringas, anestésicos, medicamentos de uso controlado e frascos de ketamina, além de computadores e uma mala que passarão por perícia.
Os três detidos foram levados para o 1º Distrito Integrado de Polícia (DIP), mas não foram interrogados durante a noite devido ao estado de influência das drogas, conforme explicou Lidiane Roque, advogada de defesa. “Nossa intenção é que eles recebam tratamento”, afirmou.
ENTREGAS E FORAGIDOS
Horas depois, Claudiele Santos da Silva, maquiadora do salão da família, se entregou na sede do 1º DIP acompanhada de um advogado. Ela é investigada com base nos artigos 131 e 284 da Lei 2848, que tratam da transmissão de doenças por material contaminado e prescrição ilegal de substâncias. O advogado de Claudiele alegou que ela é apenas uma prestadora de serviço e buscará provar sua inocência.
Marlisson Vasconcelos Dantas, cabeleireiro da Belle Femme, ainda não havia sido preso ou se entregado.
COMO O GRUPO ATUAVA NOS RITUAIS?
A Rede Amazônica revelou que o grupo “Pai, Mãe, Vida” era uma seita que promovia o uso e comercialização de ketamina em Manaus. A substância era aplicada de forma forçada em integrantes e funcionários da Belle Femme. A polícia também identificou casos de violência sexual e aborto entre as vítimas.
A ketamina era adquirida irregularmente em uma clínica veterinária na Zona Oeste de Manaus e distribuída na rede de salões de beleza da família. A ex-sinhazinha Djidja Cardoso estava sendo investigada e sua morte acelerou a operação policial.
Djidja foi encontrada morta na terça-feira (28) e o corpo passou por exame no Instituto Médico Legal (IML). “A causa da morte ainda não foi determinada e só poderá ser confirmada após a realização do exame necroscópico”, informou a Polícia Civil.
REPERCUSSÃO E HOMENAGENS
Após a morte de Djidja, surgiram nas redes sociais relatos de que a casa da família havia se tornado um ponto de uso de drogas. Uma familiar chegou a afirmar que tentaram internar Djidja, mas foram impedidos pela mãe.
Djidja Cardoso, que tinha 32 anos, foi sinhazinha do boi Garantido entre 2016 e 2020, encantando os torcedores do festival de Parintins. Meses antes de sua morte, ela revelou nas redes sociais que lutava contra a depressão.
Familiares, amigos e membros do Boi Bumbá Garantido prestaram suas últimas homenagens durante o velório, onde Batista Silva representou a cerimônia tradicional em memória à ex-sinhazinha.