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Pega a Pipoca | Documentário brasileiro celebra os 50 anos de ‘Chaves’

Que atire a primeira bola quadrada quem nunca se pegou rindo da mesma piada dezenas de vezes. Eu aposto um sanduíche de presunto como você já viu (e riu) pelo menos uma vez acompanhando as aventuras de Chaves, Chiquinha, Quico, Seu Madruga, Dona Florinda e muitos outros.

O seriado criado pelo mexicano Roberto Gómez Bolaños, há mais de 50 anos, continua cativando o público e atraindo novas gerações de admiradores. A infância de muitos brasileirinhos foi marcada por um garoto em situação de rua e os moradores de uma vila simples do México que mais pareciam estar em algum lugar no Brasil, tamanhas as semelhanças entre as realidades dos países.

Jovem ainda! Uma infância simples que ainda reflete a vida de muita gente

Por conta de uma briga judicial entre os herdeiros de Bolaños e a Televisa, os programas Chaves, Chapolin e outras criações de Chespirito (apelido de Roberto Bolaños), pararam de ser exibidos no mundo inteiro. Enquanto esse B.O não é resolvido, o seriado fica fora da TV, mas nunca da mente dos fãs.

I U DOCUMENTÁRIO?

Entre tretas de bastidores, e a espera pela retomada, “Chaves”, ou “El chavo del ocho”, seu título original, completou 50 anos de exibição. Foi pensando em uma grande homenagem ao seriado favorito de suas vidas, que os diretores Mateus Pinheiro e Enivander Vandinho fizeram durante a pandemia o documentário “50 anos de Chaves” com a produção de O Cosmonauta produções e EV produções e distribuição da Jovem Pan e Panflix.

Eu, como uma fã antiga de Chaves, vi o documentário e conversei com um dos diretores, Enivander Vandinho, que me contou desse rolê e de como o documentário já está emocionando muita gente que tem os moradores da vila no coração.

Então não se misture com a gentalha, pega teus churros e vem saber mais desse doc! 

Pôster promocional do documentário 50 anos de chaves.

É MELHOR DO QUE VER O FILME DO PELÉ:

Assim como o programa, o documentário é simples, mas cheio de significado e com um conteúdo cativante. “50 anos de chaves” também é uma carta de amor para fãs e integrantes do programa, mas além disso, o diretor, Enivander Vandinho, frisou que também se trata de um documentários que mostra a dimensão do seriado para o mundo. “O Chaves está na vida de todo o mundo, mesmo que você não conheça muito, ele faz parte da sua vida”. afirmou o diretor.

Lançado em 6 de abril de 2022, o doc já conta com mais de 209 mil visualizações só no Youtube, e passa por todas as fases do programa, desde a origem do Roberto Bolaños na TV até o fim do seriado, com a morte de alguns integrantes do elenco e brigas judiciais.

E TEM ENTREVISTAS, MUITAS ENTREVISTAS:

Tem entrevistas de admiradores de todo o mundo, assim como de fãs famosos brasileiros que cresceram com a “Turma”, como Rafael Portugal, Péricles e a comediante Bruna Louise. Rola um papo com os dubladores PTBR que adaptaram a história da forma mais brasileira possível. Carlos Seidl (Seu Madruga), Marta Volpiani (Dona Florinda e Pópis), Gustavo Berriel (Senhor Barriga, Nhonho e Carteiro Jaiminho), Sandra Mara (1° Dubladora da Chiquinha e Dona Neves) e Cecília Lemes (Paty, Malicha e 2° Dubladora da Chiquinha e Dona Neves) fizeram parte do documentário e da vida de muita gente por meio de vozes inesquecíveis.

Carlos Seidl, Marta Volpiani, Gustavo Berriel, Sandra Mara e Cecília Lemes.

Se o Chavinho preferia ver o filme do Pelé, ou se a Chiquinha foi passar uma temporada em Presidente Prudente é graças a essa galera maravilhosa que se dedicou a fazer a gente sorrir em português.

Também acontecem entrevistas com os integrantes do seriado. Sim, Édgar Vivar (Seu Barriga/ Nhonho), María Antonieta de Las Nieves (Chiquinha) e Carlos Villagrán (Quico) gravaram entrevistas para o Doc, assim como outros atores com menos tempo de tela na série, mas igualmente inesquecíveis, como o ator Ricardo de Pascual (Lembra do Seu fumado… opa.. Furtado? Sim, o ladrão da vila) e o eterno Crush do Chavinho Rosita Bouchot, a Paty. Também estão lá dois filhos de Ramón Valdés, o Seu Madruga, ou  Madruguinha para os íntimos.

Édgar Vivar, Maria Antonieta de Las Nieves, Carlos Villagrán, Ricardo de Pascual e Rosita Bouchot

É HUMOR, MAS A EMOÇÃO VEM!

Roberto Gómez Bolaños sempre demostrou ser fã do Brasil e deixou uma marca na história de TV mundial.

Teve choro e não foi só meu! O documentário, claro, aborda uma série de comédia, mas que ao mesmo tempo fez sim muitas críticas sociais em seus período na TV. Algumas que só percebemos na vida adulta. Chaves também desperta um laço afetivo forte que lembra infância e até família. “O documentário vem em uma linha diferente da imaginada. Durante as entrevistas a gente via que as pessoas choravam. Tinham relatos emocionados desde ‘o chaves me educou’ até uma ligação forte com a Dona Florinda.  Achávamos que era uma personagem que as pessoas não gostassem tanto, e na verdade não, é uma personagem querida, pois tinham pessoas criadas só pela mãe que se identificavam. Passou para uma área mais social e emocional” afirmou Vandinho.

CONEXÃO ENTRE MÉXICO E BRASIL:

O seriado Chaves foi ao ar no SBT pela primeira vez em 24 de agosto de 1984, no extinto programa interativo “TV POW”. O sucesso foi tanto, que logo o programa ganhou um horário para chamar de seu na grade do tio Silvio Santos. O horário nunca foi o mesmo (pois SBT né gente, o dono do Baú SEMPRE troca os horários), mas sempre estava lá pra te tirar um sorriso.

TV Pow foi primeiro programa do SBT a exibir chaves na programação de Silvio Santos

As semelhanças entre Brasil e México são muitas, no Doc, alguns entrevistados falaram sobre essa conexão latina: “O México e o Brasil são parecidos principalmente nas desigualdades. Todos conseguiram ver ali a parte pobre. A dubladora da Chiquinha fala sobre isso, como algumas pessoas até achavam que era um seriado brasileiro devido a semelhança com o Brasil. E por isso que muitos foram conquistados. A conexão é também por conta dos dubladores que foram muitos importantes para os brasileiros entenderem o quanto o México é parecido com nosso país” relembrou.

Daí a importância de manter Chaves na TV, pois entre piadas e críticas sociais, as novas gerações precisam aprender que “a vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena” e que “as pessoas boas devem amar seus inimigos”.

50 ANOS DE CHAVES: A RESPOSTA DO PÚBLICO:

O diretor falou comigo sobre a recepção positiva do documentário. Há menos de dois meses no ar, a resposta positiva do público tem sido muito grande. Rolou muita emoção inclusive por parte dos integrantes e parentes do elenco: “Os filhos do Seu Madruga assistiram ao documentário e é muito emocionante saber que eles viram e gostaram. Atores também viram, recebemos mensagem do Ricardo de Pascual (Seu Furtado), que também foi diretor junto com o Bolaños, assim como a resposta dos dubladores e isso é demais.” Comemorou o diretor.

Segundo ele, os dois desafios do doc foram primeiro, claro, a pandemia, pois as entrevistas seriam presenciais e migraram para o online, e segundo compilar as entrevistas, pois todos os relatos eram emocionados e extensos, tamanha a importância do seriado para todos.

Me permitem fazer uma última observação?

Da um tempo, a Chiquinha é uma das minhas favoritas!

O documentário vem gerando grande repercussão não apenas na internet como também na TV. Algumas das entrevistas com os diretores que aconteceram em programas de TV brasileiros contaram também com a participação de dubladores e integrantes do maior seriado mexicano de humor da história! Uma das mais marcante, segundo o diretor, foi a entrevista que contou com a participação especial do ator Ricardo De Pascual.

Entrevista com o diretor Enivander Vandinho e com participação especial do ator Ricardo De Pascual

Vou encerrar essa matéria com uma das minhas cenas favoritas, afinal, é sempre importante saber como dar banho em um bebê:

ONDE VER, BT?

O documentário “50 anos de Chaves” tem 2 horas e 15 minutos de duração e está disponível gratuitamente no YouTube que você pode ver clicando aqui e no stream Panflix.

Veja o Trailer, se tu não te emocionar, eu te dou monte de churros da Dona Florinda e um suco de tamarindo:

Sem querer querendo eu tem pergunto: Curtiu? Já viu o Doc? Contra pra gente lá nas redes no BT.