Durante uma conversa rápida, mas muito descontraída com a imprensa, o ator, que é referência no cinema nacional, falou sobre os desafios enfrentados na preparação do elenco e sobre fazer parte de um filme que abrange o golpe militar e um personagem guerrilheiro, escritor e político que divide opiniões na história brasileira.
Luiz Carlos contou que, ao ser convidado para fazer parte do elenco do filme, recebeu um pedido do diretor Wagner Moura:
“Recebi uma mensagem do Wagner (Moura) pedindo pra fazer um vídeo com uma avaliação sobre a situação política do país. Isso foi pedido a todos os atores do filme. Não é um filme imparcial. Não podiam ter no filme pessoas que não soubessem exatamente o que pensavam ou sem visão política. Gravei dois vídeos sobre a minha visão e sobre a minha alegria em contar a história de Marighella”.
O filme contou com Fátima Toledo como preparadora de elenco. O preparador é o profissional responsável por acompanhar os atores durante todo o processo de estudo, pesquisa e compreensão dos seus personagens. Atuando na área há 40 anos, Fátima esteve à frente de filmes como “Tropa de Elite”, “Cidade de Deus” e “Cidade Baixa”.
“A Fátima Toledo foi quem fez a preparação de elenco. Devemos muito a Fátima. Todos os atores estavam à flor da pele. Ela foi responsável por criar vínculos. Nossas relações (entre o elenco do filme) se mantém até hoje, uma amizade pra toda a vida.”
Sobre a dificuldade que foi enfrentada para a exibição do filme, que deveria ter estreado em 2019, mas só chegou às telas em 2021, Luiz Carlos acredita que a tentativa de impedimento apenas ajudou com que o filme chegasse aos cinemas em um momento importante na política do Brasil.
“Foi uma tentativa de impedimento para que o filme estreasse no Brasil, mas só fizeram colocar o filme na hora certa. eles empurraram o filme para o momento exato. era agora que marighella tinha que estar nos cinemas. Tinha que ser aqui, agora.”
O ator falou da importância da exibição do filme e da reação da plateia em todos os cantos do país.
“Todo evento que lançamento do filme evidencia um ato político. É raro não ter uma sessão em que não gritem ‘fora Bolsonaro’ ou não cantem o hino nacional. Virou um bastião de resistência e luta.”
O ator do personagem “Branco”, ressaltou que se sente feliz de fazer parte de um projeto que conta a história do Brasil.
Sobre a cena pós-créditos, em que o elenco canta o hino, o ator conta que o trecho não estava no roteiro, o momento fazia parte de um “aquecimento” para os atores entrarem em cena.
“Um exercício de aquecimento ‘pátrio’ de amor a essa terra”.
O BT pediu ao ator que dissesse qual personagem mais o marcou no cinema, analisando a própria filmografia do primeiro filme em que atuou até o que está em Cartaz no momento (Branco de Marighella).
Luiz disse que todos seus personagem o marcaram e que seria difícil escolher apenas um, mas que por Branco ser seu papel mais recente, neste momento, é seu favorito.
Sobre exibir o filme em uma universidade pública como a UFPA, ele diz:
“fico emocionado que essa história chegue aos estudantes. É uma aula de história no sentido de poder se revoltar e poder dizer com convicção e sabedoria ‘ditadura nunca mais!’”, finalizou o ator.
A exibição, que foi promovida pela vereadora Lívia Duarte (PSOL), pelo Movimento dos Sem Terra (MST) e Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB).
Sobre a importância da exibição do filme gratuitamente na Universidade, a vereadora Lívia Duarte que falou rapidamente com o BT disse:
“A importância de ter o filme “Marighella” na UFPA é total. Estamos em um espaço de resistência, de ciência. Nada mais simbólico em um governo genocida, que exibir esse filme, sobre a vida de um revolucionário em um espaço de ciência e de certa forma de revolução”. pontuou a vereadora Lívia Duarte