////

PF apura se Abin monitorou celulares durante governo Bolsonaro; servidores são presos

Ao todo, policiais cumprem 25 mandados de busca e apreensão em quatro estados e no DF. Em março, O Globo revelou uso de sistema israelense para monitorar até 10 mil celulares sem aval da Justiça.

A Polícia Federal cumpre mandados nesta sexta-feira,20, para apurar supostas irregularidades na conduta de servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Segundo a investigação, eles usaram sistemas de GPS para rastrear celulares sem autorização judicial, e monitoraram políticos, jornalistas, entre outros.

O material divulgado pela PF não informa a data dos supostos crimes. As condutas teriam ocorrido durante a gestão Jair Bolsonaro, quando a agência era presidida pelo atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ).

A Polícia Federal cumpriu 25 mandados de busca e apreensão e dois de prisão preventiva nos estados de São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Goiás e no Distrito Federal.

A ação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, como parte do inquérito das Fake News. Os detalhes são mantidos em sigilo.

DETALHES:

  • Além das buscas, Moraes determinou o afastamento do cargo de diretores atuais da Abin – que foram mantidos nos postos mesmo após a troca de governo;
  • Com um desses diretores, Paulo Maurício, a PF apreendeu grande quantidade de dólares;
  • Foram presos dois servidores que, por terem conhecimento do suposto esquema, coagiram colegas para evitar uma possível demissão: Rodrigo Colli e Eduardo Arthur Yzycky;
  • Bolsonaro e Ramagem não são alvos dos mandados;
  • A fabricante do software tem um escritório em Florianópolis (SC), que também foi alvo de buscas.

Segundo os investigadores, há indícios de que o uso do sistema se intensificou nos últimos anos do governo Bolsonaro para monitorar ilegalmente servidores públicos, políticos, policiais, advogados, jornalistas e até mesmo juízes e integrantes do STF.

Cerca de 20 pessoas foram intimadas a prestar esclarecimentos. Os depoimentos simultâneos serão tomados ainda na manhã desta sexta, na sede da PF.

ABIN

A Abin é o órgão responsável por produzir conteúdos que são repassados à Presidência da República para auxiliar em tomada de decisões. Na prática, a agência produz relatórios com conhecimentos estratégicos sobre ameaças e potencialidades para o país, tanto internas quanto externas.

O uso do sistema FirstMile, desenvolvido pela empresa israelense Cognyte, foi revelado em março pelo site O Globo.

Segundo a reportagem, a ferramenta permitia monitorar até 10 mil celulares a cada 12 meses – sem qualquer protocolo oficial ou autorização judicial. Segundo as investigações, a rede de telefonia brasileira teria sido invadida diversas vezes, com a utilização do serviço adquirido com recursos públicos. Para tal, era usado o sistema de geolocalização da Abin.

CRIMES

Os investigados podem responder pelos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial, ou com objetivos não autorizados em lei.

*Feito com informações de G1.