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PF desarticula facção que planejava matar Sergio Moro e outras autoridades; entenda qual era o plano

Na manhã desta quarta-feira, 22, equipes da Polícia Federal desarticularam uma facção criminosa ao prender nove pessoas que estariam planejando assassinar autoridades, como o ex-juiz e atual senador pelo União Brasil, no Paraná, Sérgio Moro. De acordo com o avanço das investigações, a organização já vinha acompanhando a rotina de Moro desde janeiro deste ano.

A operação de nome Sequaz cumpriu mandados de busca e apreensão nas cidades de São Paulo, Paraná, Rondônia, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal. Outros 11 mandados de prisão foram efetuados. A operação destacou que a maior parte dos alvos se concentram na cidade paulista de Campinas.

Conforme a PF, a facção atua dentro e fora dos presídios brasileiros e internacionalmente. Quando era ministro de Segurança Pública, no governo Bolsonaro, Moro determinou a transferência do chefe da facção, o Marcola, e outros integrantes para presídios de segurança máxima. À época, o senador defendia o isolamento de organizações criminosas como forma de enfraquecê-las.

PRISÕES

Dos nove presos, seis foram detidos na região de Campinas após a execução de mandados de prisão, além de um homem preso em flagrante com documento falso. Outras duas pessoas foram presas em Guarujá e São Paulo.

Os seis presos da região, quatro homens e duas mulheres, foram levados para a Delegacia da Polícia Federal em Campinas. Por volta de 11h, os detidos deixaram o local e foram encaminhados para São Paulo.

Grande quantia em dinheiro foi encontrada em uma das apreensões efetuadas. Imagem: Reprodução.

PLANO DE MORTE

Além de homicídio, os suspeitos pretendiam sequestrar autoridades públicas, segundo a PF. Os policiais identificaram ainda que os ataques poderiam ocorrer de forma simultânea. Outro alvo do grupo era Lincoln Gakyia, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), de Presidente Prudente (SP).

Quatro carros de luxo, duas motos e malotes com documentos foram apreendidos nesta quarta-feira e também encaminhados à sede da PF em Campinas. Um cofre com dinheiro também foi encontrado.

De acordo com os investigadores, os planos seriam uma retaliação de integrantes da facção criminosa por causa de uma portaria do governo que restrigia visitas em presídios federais, além do pacote anticrime. Atentados eram planejados desde o ano passado, segundo a investigação.

Veículos de luxo seriam utilizados nos planos de assassinatos. Imagem: Reprodução.

Os alvos alugaram chácaras, casas e até um escritório ao lado de endereços de Sergio Moro. A família do senador também teria sido monitorada por meses pela facção criminosa, apontam os investigadores.

Nas redes sociais, o ministro da Justiça, Flávio Dino, comentou a operação e confirmou que as vítimas seriam um senador e um promotor de Justiça.

Por meio de uma rede social, Moro afirmou que vai fazer um pronunciamento sobre ser alvo de ameaças de um grupo criminoso.

“Sobre os planos de retaliação contra minha pessoa, minha família e outros agentes públicos, farei um pronunciamento à tarde na tribuna do senado. Por ora, agradeço a PF, PM/PR, Polícias legislativas do Senado e da Câmara, PM/SP, MPE/SP, e aos seus dirigentes pelo apoio e trabalho realizado”, cita a postagem.

MONITORAMENTO

A família do ex-juiz e atual senador Sergio Moro (União Brasil-PR) já estava sendo monitorada desde janeiro por integrantes do PCC suspeitos de planejar matar e sequestrar autoridades, segundo o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), de Presidente Prudente, interior de São Paulo. O senador afirmou que era um dos alvos do grupo criminoso.

Outro objetivo da organização era matar e sequestrar autoridades era o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, que investigava a facção que atua dentro e fora dos presídios do país e também internacionalmente, desde meados dos anos 2000. Ele vive há mais de dez anos sob escolta policial 24 horas por dia por causa das ameaças de morte recorrentes que recebe.

Gakiya teria alertado, por telefone, o procurador de Justiça de São Paulo, Mário Sarrubo, que estava em viagem ao Tocantins. Sarrubo, então, alertou Moro e a cúpula da Polícia Federal.

Sarrubo e Gakiya foram até Brasília em janeiro e se reuniram com Moro e a mulher dele, Rosângela Moro, eleita deputada federal. Todas as informações reunidas foram repassadas para a direção geral da PF, que designou um delegado para abrir uma investigação. Sergio Moro e a esposa passaram a ter reforço na segurança pessoal.

Chefes das polícias legislativas também foram comunicados sobre a investigação.

De acordo com as investigações, os suspeitos planejavam, inclusive, homicídios e extorsão mediante sequestro em pelo menos cinco unidades da federação. Os ataques poderiam ocorrer de forma simultânea.

A retaliação a Moro era motivada por mudanças no regime de visitas em presídios. Criminosos também trabalhavam com a ideia de sequestrar o senador como forma de negociar a liberação de Marcola. Ao menos dez criminosos se revezavam no monitoramento da família do senador em Curitiba, segundo agentes.

Os alvos alugaram chácaras, casas e até um escritório ao lado de endereços do senador. A família do senador também teria sido monitorada por meses pela facção criminosa, apontam os investigadores.

Segundo a superintendência da PF, outras autoridades também estavam sendo monitoradas pela facção.

*Com informações de G1.