A Polícia Federal realizou uma operação nesta quarta, 27, para investigar suspeitas contra um esquema de comercialização ilegal de ouro que movimentou cerca de R$ 10 bilhões. 17 mandados de busca e apreensão foram cumpridos pela equipe de mais de 50 policiais envolvidos na operação de nome Ouropel, em três cidades: Itaituba e Novo Progresso, no Pará, e Cuiabá, no Mato Grosso.
Para a investigação, o ouro pode ter sido extraído de forma ilegal da Amazônia, configurando crime ambiental, bem como outros crimes, como usurpação de bens públicos, lavagem de dinheiro, garimpagem ilegal e associação criminosa.
Além dos 17 mandados, a PF também determinou o sequestro/bloqueio de bens de mais de R$ 290 milhões, além da suspensão de atividades ligadas à mineração de oito pessoas físicas e jurídicas que, juntas, possuem 112 processos minerários tramitando em seus nomes, todos agora suspensos. A suspensão também atinge uma pessoa jurídica que adquiriu bilhões de reais em ouro da Amazônia nos últimos anos.
O inquérito policial que deu origem à operação deflagrada hoje teve início em junho de 2023 e já constatou o “esquentamento” de mais de uma tonelada de ouro com Permissões de Lavra Garimpeira (PLG) correspondentes a áreas situadas na bacia do rio Tapajós. As PLGs suspensas se referem a imóveis nas cidades de Itaituba/PA e Jacareacanga/PA.
Várias pessoas jurídicas, incluindo Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários (DTVMs) e cooperativas de garimpeiros estão sob investigação por declararem a aquisição de cerca de 37 toneladas de ouro da Amazônia Legal, à época, no valor aproximado de quase R$ 10 bilhões (R$ 14 bilhões em valores atuais), de janeiro de 2021 a setembro de 2023. Estima-se, pela Calculadora de Impactos do Garimpo do Ministério Público Federal, que os prejuízos socioambientais ultrapassam 27 bilhões de reais.
INVESTIGAÇÃO
De acordo com a polícia, o garimpo ilegal foi apontado, em laudo da Polícia Federal finalizado neste ano, como a principal causa da poluição do rio Tapajós, que teve suas águas cristalinas invadidas por grande quantidade de lama. Em janeiro de 2022 a mudança da cor da água ocorreu até em Alter do Chão, localidade conhecida como Caribe Amazônico.
O nome da operação é porque Ouropel, no sentido figurado, quer dizer “brilho falso”, uma alusão ao ouro extraído ilegalmente na Amazônia, causando degradação ambiental.
*Feito com informações de Ascom Polícia Federal.