A Corregedoria da Polícia Civil de Ribeirão Preto (SP) apura a conduta do investigador Leonardo Tofeti, que agrediu e ofendeu o advogado Lucas de Lima Roberto, nesta quarta (5) em Batatais, no interior paulista.
Procurada pela reportagem, a Polícia Civil de Batatais informou que o caso corre em segredo de Justiça e por isso não iria se pronunciar.
O advogado agredido acompanhava o caso de um cliente preso suspeito de furtar peças de motos no pátio da delegacia da cidade, quando o investigador e outro agente policial tentaram entrar na casa do rapaz acusado, no bairro Antônio Romanholi.
O defensor perguntou se o investigador tinha mandado judicial de busca e apreensão. Tofeti não gostou do questionamento e passou a xingar, ofender e agredir Roberto.
O agente deu uma cabeçada e em seguida empurrou o advogado. As imagens mostram o advogado caindo ao chão. O investigador chutou e deu socos na vítima.
Roberto ainda tentou exercer sua função, em defesa do cliente, e foi agredido mais duas vezes. O investigador o empurrou contra uma parede, deu socos nas costelas e no peito de Roberto e ainda tentou danificar o telefone celular dele.
O advogado passou por atendimento médico e também foi submetido a exame de corpo de delito. Ao menos 16 pessoas testemunharam o espancamento e as ofensas.
O policial civil poderá responder a processo por lesão corporal dolosa e abuso de autoridade. E também poderá ser alvo de uma ação judicial de indenização por danos morais e materiais.
O presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) Seção de Batatais, Mário Jesus de Araújo, disse que ficou indignado com o episódio e afirmou à reportagem que as agressões sofridas pelo colega de profissão representam “um atentado ao Estado Democrático de Direito”.
Agressão à democracia
Segundo Araújo, é inconcebível que um advogado seja agredido, ainda mais por um agente público, em pelo exercício da profissão.
“Nada justifica uma atitude como esta. A agressão não foi só contra o defensor, mas contra a democracia também”, argumentou. Araújo comentou, no entanto, que estranhou o comportamento do investigador. “Eu conheço ele. Sempre foi tranquilo. Não tem o perfil de violento. Porém, nada justifica o que ele fez”, completou o presidente da OAB de Batatais.
Roberto também foi ouvido pela reportagem. O advogado afirmou que em nenhum momento ofendeu o investigador e apenas cumpriu seu papel de defensor com profissionalismo. Ele acrescentou que não se intimidará e continuará exercendo sua atividade como sempre fez.