A prefeitura de Parauapebas proibiu que o evento Dança Carajás – que acontece desde o dia 21 e vai até este domingo, 24 – continuasse a ser realizado no Centro Cultural da cidade. De acordo com a organização do festival, a plateia aguardava o início das apresentações de dança, quando foi surpreendida por equipes da gestão municipal acompanhadas da Guarda Municipal, que estaria armada, anunciando a decisão.
Ainda de acordo com a organização, a medida foi tomada devido a uma cena de nudez exibida na apresentação de uma das companhias, na última sexta-feira, 22. O diretor da companhia confirmou o ocorrido, e explicou que a cena não tinha cunho sexual, e sim representava um parto, mesmo assim, não houve acordo.
A cena
A cena ocorreu durante a abertura oficial do evento, na sexta, 22, a Companhia Ateliê, de São Luís do Maranhão, apresentou uma performance com cenas de nudez, em que as bailarinas trocavam de blusas no palco, e por alguns minutos ficavam com seios de fora.
No palco, o diretor-geral do evento, informou que durante a tratativa de convite da Companhia, perguntou se haveria cenas de nudez ou palavrões, e que a Companhia disse que não. A organização do festival afirmou que também foi pega de surpresa e que notificaria a companhia.
Mesmo com tantas tentativas de conversa, os bailarinos foram informados que teriam que sair do local.
Cancelamento
Muitas crianças que já estavam arrumadas para se apresentarem foram para a porta do Centro Cultural protestar contra a decisão da Prefeitura. Uma companhia com bailarinos autistas que faria a abertura do evento, também precisou sair do local.
A equipe do festival foi retirada do espaço pelos funcionários da Prefeitura. Nos vídeos, é possível ver os troféus e medalhas que seriam entregues aos vencedores do evento, no chão, no lado de fora do local.
Após o episódio, a organização do festival decidiu manter o evento, alugando um espaço particular da cidade.
O que diz a prefeitura
Em nota, a Prefeitura de Parauapebas informou que cancelou o apoio ao Dança Carajás por entender que o primeiro dia de evento, chamado de Baby Class, violou as leis de proteção dos direitos do público infantojuvenil, como preconiza o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
A gestão municipal disse ainda que não foi informada de que haveria uma cena de nudez durante a apresentação. “A gestão municipal apoiava o festival por reconhecer a importância e legitimidade das manifestações culturais, entretanto, a defesa dos direitos das crianças e adolescentes é inegociável”, diz a nota.
O Dança Carajás tem cunho social, e está arrecadando latas de leite em pó para entregar para mães portadoras do vírus HIV, que não podem amamentar os filhos recém-nascidos. O festival também tem cunho inclusivo, com workshops e apresentações para pessoas com deficiência.
