Em 25 de agosto de 2021, uma colisão entre veículos resultou em um grave acidente na avenida Nazaré, próximo ao cruzamento com a avenida Generalíssimo Deodoro, no bairro de Nazaré, ocasionando a morte de Maria Luiza Corrêa Torres, de apenas dois anos de vida, e Renata Corrêa Torres, de 30 anos, mãe e filha.
Na última quarta, 26, a Justiça de Belém iniciou os trabalhos de julgamento e audiências de instrução a respeito do caso, ouvindo três testemunhas e duas pessoas envolvidas diretamente no fato: Leandro Torres, companheiro de Renata e pai de Maria Luiza, e Allan Rocha, que dirigia o outro veículo envolvido no acidente. Desde o acontecimento, já se passaram um ano e 11 meses, e o BT conversou com a irmã de Leandro e o advogado que defende a família.
Caroline Ferreira vem se mobilizando junto com o irmão e familiares para perdir justiça pela perda da cunhada e sobrinha. “Passar por isso tudo e reviver traz muita dor. No dia 12 de julho agora, a Maria Luiza completaria 4 anos. Essa primeira audiência é o início do processo na Justiça para decidir sobre o julgamento dele (Allan), se ele vai a Júri popular. A defesa dele alegou que eles estavam disputando um racha. O que aconteceu foi uma perseguição, ele assumiu o risco de matar. Ele bebeu antes de dirigir. Então, a gente vai confiar nos planos de Deus e seguir correndo atrás de justiça”, contou.
No Fórum Criminal de Belém, Caroline, amigos e familiares de Leandro viram Allan e sua defesa no local para a audiência. Segundo a irmã de Leandro, Allan teve um comportamento frio.
“Ele está respondendo em liberdade e vivendo como se nada tivesse acontecido. Estava tomando café na frente do Fórum, sem se preocupar. No caminho até a sala, ele foi no mesmo elevador que o meu irmão, ele fez questão de ir. É muito ruim e dói muito ver a pessoa que destruiu a tua família do teu lado. É muito difícil ver ele livre assim, impune”, completou.
O ACIDENTE
O acidente ocorreu depois de um encontro de carros no Portal da Amazônia, onde Leandro, Allan e outras pessoas teriam se desentendido. Momentos depois, voltando para casa, Leandro percebeu que estava sendo seguido e acelerou, iniciando uma perseguição. Os veículos colidiram em uma árvore na avenida Nazaré.
Leandro, Allan e uma terceira pessoa que estava no carro de Allan, foram hospitalizados e ficaram internados, além das duas vítimas fatais. Leandro teve fraturas no braço direito e na perna esquerda. De acordo com Caroline, quase dois anos depois de todo o tratamento e sessões de fisioterapia reparatória, a família se prepara para que Leandro passe por uma nova cirurgia no tornozelo, local onde ele ainda sente incômodo.
A AUDIÊNCIA
A audiência de instrução e julgamento se consiste em colher todas as provas e relatos de testemunhas e vítimas, além de coletar provas de acusação e defesa, tudo sendo comandado na presença de um juiz. No próximo dia 4 de agosto, as audiências seguem ouvindo mais envolvidos e coletando provas pertinentes de ambas as partes, além de definir se Allan vai a Júri popular.
O caso foi registrado pela polícia como duplo homicídio doloso, quando há a intenção de matar.
O BT conversou com o advogado de acusação da família de Leandro Torres sobre o início do processo criminal. Para Elielson Oliveira, os familiares querem justiça por tudo o que aconteceu.
“A família quer justiça, foi um crime doloso contra a vida, temos provas nos autos do processo. Vídeos e áudios que comprovam o crime contra vida, então é bem provável que ele (Allan) vá a júri popular para que seja julgado pelas pessoas comuns da sociedade. A pena máxima para homicídio qualificado, que é o caso dele (Allan), é de 40 anos. Temos provas de que ele havia bebido antes de acontecer o crime. Houve a intencionalidade dele com o intuito de perseguir o carro do Leandro. Nessa perseguição, o Leandro não sabia que era o Allan no carro prata (Leandro e família estavam no carro preto), só depois ele foi saber, vendo as notícias. Ele achava que era um assalto (a perseguição) ou outra coisa do tipo e resolveu acelerar para se desvencilhar porque ele estava com a família dele, mulher e filha, então, jamais ele ia colocar elas em risco. O Allan queria provocar e por isso perseguiu”, afirmou o advogado.
Em relação ao que a Polícia Civil investigou na ocasião do fato, Elielson avalia que o juíz, além de julgar, vai decidir sobre a motivação do crime.
“A Polícia Civil levantou que o Leandro e o Allan tiveram um desentendimento por causa de som alto no evento de carros no Portal da Amazônia, mas não houve nenhum contato entre eles, não está demonstrado isso no processo. Então o juíz vai definir essa motivação também, no sentido da provocação e perseguição do acusado ao Leandro e família”, contou.
A defesa de Allan Rocha tenta trabalhar apontando que não houve perseguição e que teria sido um racha. Entramos em contato com a defesa do acusado. Em respostas, a defesa disse que “a defesa se pronunciará depois da próxima audiência que se realizará no dia 04/08”.
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