Quilombolas da comunidade tradicional Amarqualta, na região de Tomé-Açu, no nordeste paraense, denunciam ao BT+ agressão e e violência por parte da equipe de seguranças da empresa produtora de óleo de palma Brasil BioFuels (BBF) que atua extraindo matéria prima na Amazônia, mas que trava uma longa disputa por posse de terra e invasão de territórios onde habitam comunidades tradicionais de indígenas, quilombolas e ribeirinhos que vivem na floresta.
Em vídeo publicado nas redes sociais, as vítimas mostram os ferimentos no corpo, como marcas de bala que passaram de raspão nas pessoas. No registro as vítimas também mostram as capsulas de bala que ficaram espalhadas pelo chão.
“Olha aí o que fizeram, vieram atirando em todo mundo. Olha a costela ferida do Gegê. Quase acertam a perna do rapaz. Nos todos desarmados e eles armados. Isso é uma covardia”, disse uma das vítimas no vídeo.
Pelo menos três pessoas do quilombo ficaram feridas enquanto trabalhavam em uma plantação dentro da comunidade Amarqualta, na fazenda Vera Cruz, que é de posse . Os ferimentos foram no braço, perna e costelas.
“integrantes da comunidade Quilombola Amarqualta sofreram agressões físicas. A suspeita é de que o ataque sofrido tenha partido de seguranças armados de uma empresa de dendê Brasil biofuels BBF, local. Tal ataque é completamente inadmissível, pois foi feito dentro de uma terra tradicionalmente ocupada por esse povo que tem por respaldo da ocupação (retomada do seu território), uma decisão judicial que suspendeu as atividades da empresa nas áreas ocupadas pelas populações tradicionais”, afirma Paratê Tembé em postagem.
Conforme decisão judicial, os membros do quilombo Amarqualta devem ser respeitados dentro dos domínios da fazenda Vera Cruz, onde eles desenvolvem prtáticas de agricultura familiar, mas que foi invadida por seguranças da empresa BBF, segundo afirma uma liderança local.
“A empresa insiste em querer retomar essas áreas que são estão sob posse das populações e comunidades tradicionais em Tomé-Açu na força, na base da bala. Para intimidar assustar e ferir a nossa gente, atirando. Ali a gente teve um livramento porque era um grupo de 15 pessoas e eles começaram a atirar. Já pensou se essa bala pega numa criança, num pai de família, numa mãe de família? É a comunidade que está ali. Todos estamos unidos defendendo o nosso território. É lamentável, nunca pensei que a situação chegaria nesse nível”, disse a liderança ao BT+.
Um boletim de ocorrência sobre a violência foi registrado na delegacia de polícia civil de Acará, região próxima de Tomé-Açu. O boletim regisrado diz que “o grupo de quilombolas da comunidade foi até a fazenda para realizar a atividade de extração de dendê e que ao chegar na área eles se depararam com um grupo de cinco seguranças, armados com pistolas e espingardas, da empresa BBF. Os mesmos estavam agressivos, mas os membros da comunidade não recuaram pois eles possuem uma medida judicial junto à vara agrária de Tomé-Açu e o Incra, que determina a posse da fazenda à comunidade do Quilombo do Alto Acará, de modo que os seguranças passaram do limite estipulado na medida, e que ninguém da comunidade estava com nenhum tipo de arma, apenas material de trabalho”, diz o boletim registrado pelo líder Davi Marques.
Ainda nesse sentido, a comunidade afirma que o convívio é tenso entre as comunidades de quilombolas e indígenas para com os seguranças e representantes da BBF, ocorrendo frequentes perseguições e hostilidades em direçaõ aos povos tradicionais que residem no alto Acará. “Tentamos paficicar a situação pois tinham muita mulher e criança ali por perto, mas os seguranças continuavam agressivos e com as armas apontadas, até que o chefe dos seguranças apareceu para conversar”, disse Eliete dos Santos, coordenadora de políticas públicas na comunidade Amarqualta.
VEJA:
O BT entrou em contato com a empresa BBF sobre o caso. Em resposta a BBF informou que a questão corre na esfera judicial e que o comando da Polícia Militar é quem compete oferecer maiores esclarecimentos, bem como a Justiça. Ainda em resposta, a empresa disse que não vai se manifestar sobre o caso.
O BT também procurou a Justiça, o Incra e as Polícias Militar e Civil sobre o caso e aguarda resposta.