O rapper amazônida Daniel ADR (@_daniel_adr) vai lançar, nesta sexta-feira, 29, seu novo álbum chamado “Black Christ”, onde traz a emblemática figura e dá contornos de uma realidade crua, marcada pelo racismo e pela revolta, mas também repleta de pulsão de vida: paixão, fé, arte, vontade de subverter as estruturas de opressão e brilhar.
A produção vai misturando ritmos com trap, drill e rhythm and blues, disponível nas plataformas digitais. O lançamento marca os dez anos de carreira do artista e traz parcerias com nomes importantes da música urbana periférica do Norte, além de faixa com Lia de Itamaracá, mulher negra fundamental na cultura popular e a maior cirandeira do Brasil.
O trabalho tem o patrocínio da Natura Musical e produção executiva da Psica Produções. O álbum traz o novo momento da carreira do rapper com singles como: “Nua (No Ar)” e “Sonhos”, que já ganharam clipes.
Provocativo, Daniel ADR coloca em cena um Cristo longe da mitologia que o faz loiro e de olhos azuis. De pele escura, mestiça, Jesus se parece com cada um dos jovens periféricos que tombam todos os dias vítimas da violência, da discriminação, da falta de oportunidade.
QUEM É DANIEL
Filho de um casal muito jovem e que se separou quando Daniel ainda era bebê, o rapper foi criado pela avó materna, dona Raimunda. Entre os bairros do Guamá e da Cremação, periferia de Belém, ele cresceu ouvindo rap e samba.
O extermínio do corpo negro é o fio condutor de “Black Christ” traz Jesus dentro de uma perspectiva nortista e afro-indígena, segundo Daniel: “Somos muito além do estereótipo do homem preto. A gente não sente só ódio, raiva. Não vive e fala nas canções apenas de tráfico, crime. Fala sobre amor, paixão, sexo, dor, consciência de classe, sobre se sentir fraco, se sentir forte”, diz.
Inspirado no som dos Racionais MC’s, o mais influente grupo de rap do país, e sobretudo na estética de Emicida, Daniel traz para o trabalho Erick Di nos beats, e parcerias com Anna Suav, jvm LEO, Leonardo Pratagy e Lia de Itamaracá.
“Black Christ” foi selecionado pelo edital Natura Musical, por meio da lei estadual de incentivo à cultura do Pará (Semear), ao lado de nomes como Azuliteral, Raidol e Festival Lambateria, por exemplo.
